No limiar do espaço – Diário do Vale


Bilionário se tornou astronauta, mas apenas pelos padrões americanos

Euforia: Richar Branson e sua tripulação comemoram o sucesso do voo.

Como o mundo inteiro testemunhou o bilionário inglês Sir Richard Branson realizou seu novo sonho de viajar em uma espaçonave até os limites extremos da atmosfera terrestre. A nave suborbital VSS Unity, decolou no último domingo de um espaçoporto no deserto do Novo México e levou Branson, dois pilotos e três funcionário da empresa Virgin Galáctic até uma altura de 86 quilômetros, de onde eles puderam observar a curvatura da Terra e desfrutaram de quatro minutos de ausência de peso. Pelos padrões da agência espacial norte-americana, a Nasa, todos eles se tornaram astronautas. Já que a Nasa considera que o espaço sideral começa a 80 quilômetros de altura.

Mas há quem discorde. A agência espacial europeia, Esa, por exemplo, usa a chamada Linha de Karman, que fica a 100 quilômetros de altura como marco para qualificar uma pessoa a usar o título de astronauta. Um fato que o rival de Richard Branson, o também bilionário Jeff Bezos não se esqueceu de lembrar em uma peça publicitária divulgada na internet. Bezos fará um voo semelhante na próxima terça feira, usando o foguete New Shepard da sua empresa, a Blue Origin. A cápsula do New Shepard vai levar Bezos e três convidados até uma altitude de 105 quilômetros, acima da Linha de Karman. O que portanto o qualificará como astronauta em qualquer lugar do mundo.

De qualquer forma as duas empresas, a Virgin Galactic de Branson e a Blue Origin de Bezos já começaram a vender assentos em suas naves para viagens futuras. Que os dois empresários pretendem tornar rotineiras. No caso da Virgin Galactic, esse passeio de 90 minutos até o limiar do espaço vai custar 250 mil dólares por pessoa. E várias celebridades já estão na lista de espera para embarcar na espaçonave branca. Entre elas o cantor Justin Bieber, e os atores Ashton Kutcher, Leonardo  DiCaprio e Angelina Jolie. Além de ser uma brincadeira cara ela envolve riscos já que a VSS Unity não tem um sistema de escape em caso de acidente (Como Jeff Bezos também lembrou  na sua peça publicitária). É bom lembrar que um dos protótipos da VSS Unity, a VSS Enterprise, sofre uma explosão e se desintegrou em voo num acidente que matou um dos pilotos em outubro de 2014. De lá para cá a sua sucessora já realizou cinco voos perfeitos e parece que o problema que causou o acidente foi contornado.

De qualquer forma esses voos suborbitais de 90 minutos podem ser superados por verdadeiros voos espaciais ainda nesta década. O bilionário Elon Musk promete enviar passageiros para uma viagem ao redor da Lua dentro de três anos, ou seja em 2024. A nave será a Starship, que está sendo testada atualmente em voos não tripulados. O primeiro candidato é o empresário japonês Yasuko Maezawa que anda procurando uma mulher que esteja disposta a ir com ele nessa aventura. A agência espacial americana Nasa também vai disponibilizar assentos a bordo da nave Dragon para pessoas que tenham interesse em viajar até a Estação Espacial Internacional, ISS, mas o preço vai ser bem mais salgado. Cinquenta milhões de dólares por pessoa.

Os voos espaciais podem ser de três tipos. Suborbitais, como o que foi feito por Richard Branson no último dia 11, orbitais, onde a nave entre em órbita ao redor da Terra e interplanetários. Ao contrário dos voos suborbitais, que duram uma hora e meia, os voos orbitais podem durar horas ou semanas. E se a nave fizer uma parada em uma estação espacial, como a ISS, que fica a 400 quilômetros de altura, o turista espacial pode ficar meses lá em cima. Já o voo interplanetário é quando a nave escapa totalmente da gravidade da Terra e viaja para outro corpo celeste (Um outro planeta ou uma lua). Elon Musk afirma que sua espaçonave, aquela que vai levar o bilionário japonês para orbitar a Lua, tem autonomia para chegar até em Marte. E nesse caso a aventura pode levar seis meses.

Por Jorge Luiz Calife





Fonte: Diário do Vale