Mãe de copiloto de avião desaparecido em Ubatuba faz apelo nas redes: ‘Preciso de uma rede de arraste para provar que meu filho está vivo’ | Rio de Janeiro


A mãe do copiloto do avião desaparecido em Ubatuba, Ana Regina Agostinho fez uma sequência de stories nesta sexta-feira (3), em que expôs seu desespero com o passar do tempo e a falta de ajuda da Marinha nas buscas.

Ela falou que a instituição prometeu uma embarcação com um sonar, mas que a mesma ainda não chegou e as que estão disponíveis estão sucateadas.

“Não vou mais espera pela Marinha. Eles estão sendo desonestos comigo. Comigo e com um tanto de gente envolvida nisso. Estou muito desesperada. Hoje é o nono dia de buscas. Se não fosse o apoio psicológico dos bombeiros, eu já teria surtado”, diz ela em um trecho para na sequência pedir a rede de arraste ou rede de atuneiro.

“Preciso de uma rede de arraste. Quem tiver uma, duas. Vamos passar essa rede no fundo do mar e, onde ela prender, os mergulhadores vão descer para ver se é o avião. Se for, eles colocam boias para ele flutuar. Só assim vão ver que meu filho não está lá dentro, que ele está vivo. Aí vamos intensificar as buscas nas ilhas”, disse.

Na quinta-feira (2), a embarcação de casco semi-rígido “Tarpon” recolheu um objeto com pertences supostamente relacionados a um dos tripulantes desaparecidos.

Embarcações que ajudam na localização dos tripulantes do bimotor — Foto: Reprodução

O objeto está sob a guarda da instituição e será periciado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão responsável pela investigação, conforme determinam os procedimentos inerentes à investigação de acidentes aeronáuticos. Segundo a nota da Marinha, ao término do procedimento administrativo, o objeto ficará à disposição dos familiares.

No dia 27 de novembro, o navio-patrulha Guajará já havia localizado a mochila de um dos tripulantes, e que foi identificada como sendo do copiloto Porfírio Júnior.

“A Marinha entrou em contato comigo no começo da tarde e falou que a nécessaire não era do Júnior. Seguimos com as buscas”, disse Ana Regina Agostinho, mãe do copiloto ao g1.

Além do “Tarpon”, a Marinha trabalha com o navio-patrulha Guajará, e a embarcação de casco semi-rígido “Tamanduá”.

Porfírio Junior, copiloto desaparecido: necessaire não seria dele — Foto: Reprodução/Redes sociais

Ainda na nota a Marinha também afirma que a Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião, e a aeronave H-36 Caracal do 3°/8° da FAB, além da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiro do Rio de Janeiro, realizaram uma varredura em uma área de mais de 4.100 km² do litoral, percorrendo uma faixa litorânea entre Ubatuba (SP) e Paraty (RJ), com um afastamento de até 45 km da costa.

Mãe faz apelo por buscas

Equipe encontra corpo e destroços no mar próximo a local de acidente com avião

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Na quarta-feira (1º), após apelos de Ana Regina Agostinho — mãe do copiloto José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos, para que a Marinha ajudasse mais nas buscas, ela fez um post em uma rede social dizendo que foi procurada pela assessoria de imprensa da Marinha.

“Hoje recebi uma ligação da assessoria de imprensa da Marinha. Primeiramente informar sobre a mochila do meu filho, antes de postar a nota oficial. (Sabemos muito bem que a mídia anunciou sobre a mochila há mais de 24h). Depois, ficou de passar diariamente – pela manhã e final da noite, como a Marinha está atuando no resgate”, disse.

A namorada de Porfírio Júnior, Thalya Viana, também postou sobre o tempo de desaparecimento do copiloto e sobre a expectativa da ajuda da Marinha nas buscas.

“Uma semana de muita procura, muita oração, implorando por ajuda, mas não vamos desistir. Ainda estamos aguardando a atualização que a Marinha ficou de dar à minha sogra, para planejarmos mais um dia de busca. Só precisamos de ajuda, mas te achar!”, escreveu ela na legenda da foto em que os dois aparecem juntos.

Thalya com o namorado Junior: família na torcida por pistas da Marinha — Foto: Reprodução/Redes sociais

Também na quarta-feira (1º), Ana Regina contou ao g1 como vem contando com a ajuda de amigos parentes para tentar localizar o filho, que estava em um bimotor que saiu às 20h30 do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, e deveria pousar no Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

Além de Porfírio Júnior, o voo levava o piloto, Gustavo Calçado Carneiro, de 27 anos — cujo corpo foi localizado na quinta-feira (25) —, e o empresário Sérgio Alves Dias Filho, de 45.

Mochila encontrada pode ser de tripulante da aeronave que caiu entre Paraty e Ubatuba

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Ana Regina está na Costa Verde fluminense com amigos e parentes, que ajudam nas buscas. São pelo menos 10 pessoas na empreitada.

“Estamos eu, o pai do Júnior, a Thalya, a namorada dele; os pais dela, dois primos, um casal de amigos e um piloto, o Sidney, que foi conosco ao mar. Ele que nos ajudou a achar a poltrona da aeronave, que é a do Júnior. A mochila do Júnior também foi encontrada, mas levada para a delegacia de São Sebastião, mas está complicado de ir lá buscar”, diz.

Ana com o filho Junior: amigos e parentes tentam localizar o copiloto — Foto: Reprodução/Redes sociais

Piloto ajudou a pousar no mar

Além das 10 pessoas que participam dessa busca auxiliar, o grupo conta ainda com duas aeronaves cedidas por amigos e um barco.

“Deus está enviando anjos ao nosso auxílio, nessa luta em que estou atrás do meu filho”, disse a mãe do copiloto ao g1 nesta quinta-feira (1), em um breve intervalo das buscas.

Um desses anjos foi um piloto de uma empresa aérea, que recebeu uma comunicação de emergência pelo rádio e teria dado orientações para um pouso de emergência no mar. O profissional entrou em contato com a família e contou como tudo aconteceu.

“Essa pessoa falou com a minha nora. Checamos tudo o que ela falou e tudo batia, o horário, as coordenadas, a localização. Ela disse que orientou a fazer um pouso de emergência no mar”, disse Regina, que agora volta suas forças para conseguir um sonar da Marinha para ajudar a localizar o avião.

Família quer um sonar para ajudar nas buscas

“Precisamos da Marinha, do apoio deles. Eu não estou atacando a Marinha, eu quero apoio, quero que eles me ajudem no meio desse desespero de mãe, na minha dor. Não quero brigar com eles. Só quero ajuda”, disse a mãe.

O principal objetivo da família é que a Marinha disponibilize um sonar para tentar descobrir uma possível localização da aeronave no fundo do mar.

“Também queria que a Marinha falasse com a gente, que nos dessem notícias, mas falasse com a família, não por redes sociais”, afirmou Regina.

Área percorrida pelos bombeiros na segunda-feira — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

“O Com1ºDN esclarece que é solidário ao momento crítico vivenciado pelos familiares de cada tripulante, e incentiva e considera importante a participação da sociedade, que pode ser feita pelos telefones 185, para o caso de alguma informação”, conclui a nota.

Questionada sobra a possibilidade de ceder o sonar ou o mesmo já estar em uso em algumas das embarcações, a Marinha informou que toda e qualquer informação sobre equipamentos ou alterações nas buscas serão informadas em seu site, e que segue apoiando a Força Aérea Brasileira, que coordena as buscas por se tratar de um acidente aéreo.

Movimentação para as buscas pelos desaparecidos — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

O avião bimotor desapareceu por volta das 21h de quarta-feira. O voo saiu às 20h30 do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, e pousaria no Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. A torre do Rio de Janeiro perdeu o contato com a aeronave às 21h40.

Em nota, o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico de Curitiba informou que foi notificado sobre o desaparecimento da aeronave de prefixo PP-WRS e que às 4h15 de quinta-feira um helicóptero iniciou as buscas na área delimitada. O corpo do piloto Gustavo Calçado Carneiro, de 27 anos, foi localizado na quinta-feira (25) .

Corpo encontrado no litoral de Paraty é do piloto Gustavo Carneiro

Corpo encontrado no litoral de Paraty é do piloto Gustavo Carneiro

  • o passageiro, Sérgio Alves Dias Filho, de 45 anos, empresário dono de uma empresa de blindagem com sede em Jacarepaguá, no Rio;
  • o copiloto, José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos, proprietário da aeronave, modelo PA-34-220T, morador do Recreio, no Rio.

José Porfírio de Brito Júnior (esquerda) e Sérgio Dias, desaparecidos desde a queda de aeronave — Foto: Divulgação/Redes sociais

Paixão pela avião desde criança

José Porfírio de Brito Júnior está no último período do curso de Logística na Universidade Estácio de Sá. Segundo consta na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ele é o proprietário da aeronave, modelo PA-34-220T.

A paixão pela aviação surgiu por influência do pai, José Porfirio de Brito, piloto de voos particulares.

José Porfírio de Brito Júnior — Foto: Arquivo pessoal da família

Vídeo mostra momento do embarque

Um vídeo obtido pela EPTV, afiliada da TV Globo, mostra o passageiro e o copiloto passando pelo saguão do Aeroporto Campo dos Amarais, em Campinas, em direção ao avião, na noite do acidente.

Vídeo mostra passageiro e co-piloto antes do embarque para voo que caiu em Ubatuba

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Bimotor estava em situação normal, diz Anac

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil, o avião estava em situação normal, com autorização para realizar voos noturnos, porém, não poderia fazer táxi aéreo.

Segundo a família do copiloto e dono da aeronave, o voo não estava no contexto de atividade de táxi aéreo.

O bimotor foi fabricado em 1981. Seu Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) venceria em 6 de agosto de 2022.

Certificado da Anac — Foto: Reprodução

Mãe de copiloto de bimotor desaparecido em Ubatuba fala sobre objetos encontrados

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Fonte: G1