‘Imaginei que aquele pudesse ser meu último voo’, diz piloto da polícia sequestrado em helicóptero | Rio de Janeiro


Adonis Lopes contou ao Bom Dia Rio desta segunda-feira (20) que pensou que fosse morrer, seja baleado ou em um acidente. “Imaginei que aquele pudesse ser meu último voo”, declarou. “Mas não ia conviver com o estigma de resgatar bandido.” Veja parte da entrevista abaixo.

‘Não ia conviver com estigma de resgatar bandido’, diz piloto de helicóptero que fez manobra sobre batalhão da PM

Segundo a polícia, dois bandidos renderam Adonis com pistolas logo após a decolagem, na Costa Verde, e ordenaram que o piloto seguisse para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O objetivo era resgatar um comparsa encarcerado. “Eles retiraram dois fuzis de uma maleta”, lembrou.

Adonis afirmou que na meia hora de viagem até Bangu pôde pensar em um plano. “Para o presídio, eu não iria de jeito nenhum”, disse. O piloto ainda tentou demovê-los da invasão em Gericinó: “‘Isso não vai acabar bem, vão atirar no helicóptero’”, disse à dupla. Em vão. “Fica tranquilo, não vai acontecer”, respondeu um deles.

O piloto, então, decidiu pousar no campo de futebol do 14º BPM (Bangu). Mas os criminosos perceberam.

“Eles pegaram os comandos, o sujeito de trás me deu uma gravata”, lembrou Adonis.

Momento da luta a bordo de helicóptero sequestrado — Foto: Reprodução/TV Globo

Nesse momento, o helicóptero voava desgovernado sobre o batalhão. “As manobras não foram propositais. Eu pensei que a aeronave fosse colidir com qualquer comando. O helicóptero é muito sensível. Eu a todo momento evitava bater”, descreveu.

Na luta, Adonis ainda tentou alertar os sequestradores do risco: “A gente vai cair, larga, solta, a gente vai morrer!”, recordou. “Não sei explicar, eles ficaram muito atônitos”, emendou.

A dupla desistiu do resgate e mandou Adonis voar até Niterói. Perto do Caramujo, a aeronave se aproximou do solo, para que os bandidos descessem. “Eu decolei de porta aberta para fugir de possíveis disparos”, destacou.

Adonis levantou voo e foi para o Grupamento Aeromóvel (GAM) de Niterói, onde pousou.

O caso foi registrado na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), para identificar os passageiros e esclarecer os fatos.

Adonis Lopes, piloto da Polícia Civil — Foto: Reprodução/TV Globo



Fonte: G1