Governo vai privatizar o monstro


O plano agora é vender 100% da estatal

O governo deu mais um passo para a privatização dos Correios com a entrega do projeto ao ministro Fábio Faria das comunicações no dia 8 passado. Ele disse que já esta avaliando o texto com os líderes do Congresso. Inicialmente o governo queria fatiar o elefante branco e realizar um processo gradual. Parece que não deu certo e a ideia agora é se livrar dessa monstruosidade, quebrando inclusive o monopólio para entrega de cartas, telegramas e malotes. Cartas que atualmente levam meses para serem entregues. Sinceramente não acredito que os Correios, privatizados, vão melhorar, mas pelo menos teremos a opção de contratar empresas mais eficientes.

Os leitores desta coluna sabem como já experimentei pessoalmente, várias vezes, a ineficiência e a incompetência dessa estatal. Em janeiro de 2016 tive uma demonstração prática da qual nunca esqueci. Naquela data comprei três livros em livrarias norte-americanas, afiliadas a Amazon.com. Duas dessas livrarias enviaram as encomendas através de uma empresa particular, a JadLog, se não me falha e memória. E em cinco dias os dois livros estavam sendo entregues no portão da minha casa, em Pinheiral. Fiquei boquiaberto. Uma das livrarias fica na Virgínia, no norte dos Estados Unidos. E o pacote foi entregue em menos de uma semana no meu endereço aqui no sul do estado do Rio de Janeiro.

Já o terceiro livro, da terceira livraria, foi enviado pelos correios. E levou 90 dias! 3 meses exatamente para ser entregue. Quando chegou eu nem lembrava que tinha feito aquela compra. Mas esse não foi nem de longe o recorde da tartaruga estatal. Esse foi marcado em 2012, quando comprei um disco de DVD em outra loja norte-americana e os Correios só entregaram a encomenda em 2014, com dois anos de atraso. E o problema não é só com pacotes e cartas vindas do exterior. Também levaram três meses para entregar um cartão de crédito que o banco me mandou.

Atualmente estou aguardando uma correspondência da minha editora, que fica lá no Rio de Janeiro. Foi enviada no dia 29 de junho, há cerca de 15 dias, e não chegou. Duas semanas para entregar uma carta da capital para o interior do estado é meio surreal, mas o Brasil é mesmo um país surrealista. E o problema é que os anos passam e não tem melhora nenhuma. No dia 10 de abril passado fiz a experiência de comprar um disco de vinil em outra loja da Amazon.com. Segundo a empresa foi enviado para mim no dia seguinte. Já faz 90 dias e nem sinal dele. Provavelmente vou receber em 2022 ou 2023, quando a empresa já estiver privatizada.

A coisa é tão séria que inúmeras lojas virtuais não aceitam encomendas para o Brasil já há muitos anos. Você tenta comprar algum produto e recebe logo o alerta: “Não enviamos para o Brasil”. Porque todas essas empresas se cansaram de perder dinheiro e prestígio com clientes brasileiros que compram coisas que levam meses ou anos para serem entregues. Para resolver o problema os Correios andaram anunciando o plano de criar um depósito nos Estados Unidos para onde os clientes poderiam enviar suas encomendas. E eles de lá enviariam para o Brasil. Depois das experiências que já tive preferi não experimentar.

No Brasil a privatização de estatais não costuma dar muito certo. Vide o exemplo da  Telerj, a antiga companhia telefônica do Rio de Janeiro. Que virou campeã de reclamações no Procon depois que foi privatizada. Mas pelo menos, com a quebra do monopólio teremos a opção de contratar os serviços de outras companhias, mas ágeis e modernas.

Correios: Torcendo para ficar livre dele





Fonte: Diário do Vale