Depósito da Secretaria de Saúde do RJ estoca 70 mil testes rápidos para Covid-19 durante a pandemia | Rio de Janeiro


O RJ2 mostrou nesta terça-feira (6) que 70 mil kits para testagem rápida de Covid-19 estão estocados em um depósito da Secretaria Estadual de Saúde em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Parte deles foram entregues em maio e tem validade até março do ano que vem.

Dezenas de milhares de testes rápidos para Covid-19 ainda estão estocados

Dezenas de milhares de testes rápidos para Covid-19 ainda estão estocados

Em julho, os técnicos do Ministério Público do Estado fizeram um parecer que aprovou a utilização dos testes que estão no estoque.

De acordo com o documento, os testes rápidos atendem às especificações do termo de referência, têm registro na Anvisa e são indicados para a Covid-19, com relação aos anticorpos IGG E IGM.

O secretário de Saúde disse que disse que não há informações sobre a confiabilidade dos testes e só vai liberar o uso depois de pareceres da Anvisa e da Fiocruz.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o diagnóstico feito através de testes como os que estão guardados na Coordenação Geral de Armazenagem da secretaria, é fundamental para melhorar as medidas preventivas contra a doença.

A Total Med Comércio e Importação de Produtos Médicos Hospitalares, empresa que forneceu os testes, fechou o contrato com o governo do estado em 31 de março.

Na época, quem assinou a negociação foi o então subsecretário de Saúde, Gabriell Neves, que foi preso por suspeita de fraude na comprar de respiradores. Ele foi solto após uma decisão do Supremo Tribunal da Justiça.

Inicialmente, foram comprados 50 mil testes, que foram entregues no dia 29 de maio. Cada um deles custou R$ 180.

De acordo com uma auditoria da Controladoria Geral do Estado realizada em abril, a compra dos kits ocorreu com uma série de irregularidades como falta de pesquisa de preço, falta de parecer jurídico e o pagamento antecipado.

Ainda segundo a Controladoria, já com 50 mil testes estocados, os representantes da Secretaria de Estado de Saúde e da Total Med teriam acordado a entrega de mais 20 mil kits, custando R$ 128 cada, o que representa um valor 28% menor do que o da primeira compra.

Apesar da marca dos testes ter sido definida em contrato, a Total Med entregou uma outra, já que a marca que foi determinada não tinha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por conta disso, a eficácia dos kits foi questionada.

O novo secretário de Saúde do Estado, Carlos Alberto Chaves, disse que só tomou conhecimento do parecer técnico do Ministério Público através da reportagem. Ele considerou que o documento tem falhas porque não estaria baseado na instrução de uso do produto, que é uma espécie de bula.

De acordo com o secretário, não há informações técnicas sobre a confiabilidade dos testes e, por isso, ele decidiu que só vai liberar o uso depois de pareceres da Anvisa e do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, ligado à Fiocruz. Carlos Alberto afirmou que estuda devolver o produto e pedir o ressarcimento aos cofres do estado.

A Total Med disse que todos os testes entregues têm registro da Anvisa e de autoridade de saúde internacionais. A empresa afirmou que o valor dos kits é compatível com os preços praticados no mercado mundial, entre março e abril, e disse que sempre pautou a conduta na lei e na boa-fé, cumprindo as obrigações.

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Fonte: G1