Belo é levado para presídio após prisão por aglomeração e show em escola na Maré | Rio de Janeiro


O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi levado para o sistema prisional do Rio no início da noite desta quarta-feira (17). Ele foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro e foi levado para a Polinter, na Zona Norte.

“Até agora eu não entendi o que eu fiz para estar passando por essa situação. Quero saber qual o crime que eu cometi. Subi no palco e cantei’, afirmou, ao sair da Cidade da Polícia, onde prestou depoimento. “Minha empresa recebeu o dinheiro. CNPJ com CNPJ”, acrescentou, perguntado de quem recebeu o pagamento pelo show.

“Se eu não posso cantar para o público, a minha vida acabou”, afirmou o cantor ao deixar o local.

O artista, dois produtores e um traficante (veja a lista abaixo) são investigados pela realização de um show no sábado (13), no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Segundo a polícia, eles violaram um decreto municipal que proibiu aglomerações no carnaval e contribuíram com a disseminação do coronavírus, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.

Belo chega à Cidade da Polícia após prisão por show na Maré durante o carnaval
Belo chega à Cidade da Polícia após prisão por show na Maré durante o carnaval

1 min Belo chega à Cidade da Polícia após prisão por show na Maré durante o carnaval

Belo chega à Cidade da Polícia após prisão por show na Maré durante o carnaval

Cantor disse não entender motivo da prisão.

Como o evento foi em uma escola estadual do Parque União e não teve autorização das autoridades de Saúde, a polícia também investiga a invasão ao colégio. Segundo investigadores, as salas de aula do Ciep 326 – Professor César Pernetta foram utilizadas como camarotes.

Segundo a policia, Belo os demais investigados vão responder por quatro crimes:

  • Infração de medida sanitaria,
  • crime de epidemia,
  • invasão de prédio público
  • associação criminosa.

Belo é preso por show durante a pandemia no Rio de Janeiro
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1 min Belo é preso por show durante a pandemia no Rio de Janeiro

Belo é preso por show durante a pandemia no Rio de Janeiro

O cantor Belo foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (17). O artista é investigado por fazer um show em uma escola municipal no Complexo da Maré, na zona norte da cidade, no sábado (13), apesar das proibições devido à pandemia da Covid-19.

A operação se chama “É o que eu mereço”, em referência a uma das músicas do cantor, que chegou à DCOD por volta das 15h30 desta quarta.

Na chegada, ele afirmou que precisa “saber o que está acontecendo enquanto achar que cantar e fazer musica é crime”. O G1 procurou a assessoria de Belo, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

Mulher de Belo, a modelo Gracyanne Barbosa, que visitou Belo na Cidade da Polícia nesta quarta, postou um texto no Instagram. Ela argumentou que o marido “chega pela porta de trás nos locais de shows, vai direto ao camarim e entra no palco. Só em cima dele tem o contato e a noção do público”.

Gracyanne, mulher de Belo, visita marido na delegacia após prisão
Gracyanne, mulher de Belo, visita marido na delegacia após prisão

1 min Gracyanne, mulher de Belo, visita marido na delegacia após prisão

Gracyanne, mulher de Belo, visita marido na delegacia após prisão

Em sua conta no Instagram, modelo diz que o cantor sempre fez sua parte e tentou impedir aglomerações.

Gracyanne também afirmou que o cantor cumpre normas e testa a equipe contra a Covid-19. “Ele se preocupa com aglomerações e sempre reivindica quando se burla alguma regra deixando ele ou seus fãs em risco”, escreveu.

Quatro mandados de prisão

VÍDEO: Polícia Civil faz buscas na casa de Belo, na Barra da Tijuca
VÍDEO: Polícia Civil faz buscas na casa de Belo, na Barra da Tijuca

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Cantor foi detido por investigação de show em escola na Maré.

Após ter aberto inquérito para apurar as circunstâncias do show de Belo na Maré, a DCOD cumpriu nesta quarta-feira (17) quatro mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão.

Uma das buscas foi na sede da produtora Série Gold, organizadora do evento, onde foram apreendidos equipamentos, a aparelhagem de som, documentos e veículos. Na casa de Belo, foram apreendidos dinheiro e duas pistolas. Na delegacia, foi constatado que as armas estavam registradas no nome do cantor e a polícia considerou a posse legal

Em toda operação, foram apreendidos ao todo R$ 40 mil, 3.500 euros – o equivalente a 22 mil e 800 reais.

Polícia apreende armas dinheiro e computador na casa de Belo — Foto: Reprodução

Também foram recolhidos computadores e outros pertences na casa de Belo, na Barra da Tijuca.

Os quatro mandados de prisão preventiva foram contra:

  • Marcelo Pires Vieira, o Belo, cantor – preso em Angra dos Reis, na Costa Verde;
  • Célio Caetano, sócio da produtora – preso em Macaé;
  • Henriques Marques, o Rick, também sócio da produtora – preso no Rio;
  • e Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, chefe do tráfico no Parque União – não havia sido detido até a última atualização desta reportagem.

Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 1 mil por informações que levem à prisão de Alvarenga — Foto: Divulgação/Disque Denúncia

Belo chega à Cidade da Polícia após ser preso — Foto: Reprodução/TV GLobo

As imagens do show de Belo circularam pelas redes sociais. Fãs postaram vídeos em cima do palco na hora da apresentação na escola na Maré, onde era possível ver uma grande aglomeração.

Imagens do Globocop também mostraram a quadra lotada diante de um palco com luzes e amplificadores de som (veja abaixo).

Belo é preso por show em escola na Maré durante a pandemia
Belo é preso por show em escola na Maré durante a pandemia

2 min Belo é preso por show em escola na Maré durante a pandemia

Belo é preso por show em escola na Maré durante a pandemia

Imagens do Globocop às 6h de sábado (13) mostraram a quadra lotada diante de um palco com luzes e amplificadores de som. De acordo com a polícia, todas as pessoas envolvidas no evento serão ouvidas, inclusive o cantor, que será intimado para esclarecer quem pagou o cachê do show.

Aparelhagem de som do show de Belo foi apreendida pela Polícia Civil — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Show de Belo na Maré — Foto: Reprodução/TV Globo

O que disse Belo sobre a investigação

Na época da abertura da investigação, o cantor disse à TV Globo:

“Fizemos o show seguindo todos os protocolos. Não temos controle do geral. Isso nem os governantes têm. As praias estão lotadas, transportes públicos, e só quem sofre as consequências são os artistas. Que foi o primeiro segmento a parar, e até agora não temos apoio de ninguém sobre a nossa retomada. Sustentamos mais de 50 famílias”.

Ao abrir a investigação, a polícia informou todas as pessoas envolvidas no evento seriam ouvidas, inclusive o cantor – ele deveria ser intimado para esclarecer quem pagou o cachê do show.

Belo já foi preso em outras duas ocasiões. O músico foi condenado no dia 30 de dezembro de 2002 a seis anos de prisão, acusado de associação para o tráfico depois de, segundo a polícia, negociar drogas e armas pelo telefone com um traficante. Na ocasião, ficou preso por cerca de um mês e conseguiu, após entrar com um recurso, o direito de responder em liberdade.

O Ministério Público recorreu da decisão e a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio aumentou a pena do cantor para oito anos. Belo foi preso novamente em novembro de 2004. Ele estava escondido dentro de casa, na Zona Oeste do Rio. Desta vez, passou três anos e oito meses na cadeia.

Sequestro de bens de organizadores de outras festas

Também nesta quarta, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), continuou operação de monitoramento das redes sociais, com o objetivo de coibir eventos e aglomerações no carnaval e deu cumprimento a primeira decisão deferida de sequestro e indisponibilidade de bens referente aos valores recebidos com a venda de ingressos para a Festa Fresh Day Party.

A decisão foi cumprida nesta manhã na sede da empresa Ingresso Certo que terá os valores auferidos com comercialização dos ingressos da festa Fresh Day Party indisponibilizados, podendo ser decretado seu perdimento definitivo.

A decisão obtida pela DRCI foi a primeira de uma série de pedidos formulados pela unidade, que, segundo a delegacia, visam bloquear todos os valores obtidos com a venda de ingressos para festas e eventos “clandestinos”, atacando diretamente o braço financeiro dos organizadores de tais eventos.

Vários outros eventos já estão sendo monitorados e seus organizadores, após identificados, estão sendo criminalmente responsabilizados, também de acordo com a polícia.

Aglomerações no carnaval

Desde sábado foram registradas festas em aglomerações em todos os dias do carnaval no Rio. Na madrugada desta quarta, foram registrados flagrantes de muitas pessoas juntas e sem máscara na Barra da Tijuca, na Cidade de Deus e em Curicica, na Zona Oeste, na Lapa, na região Central, e no Leblon e em Copacabana, na Zona Sul.

Até esta terça-feira, 63 embarcações foram impedidas de zarpar, pois abrigariam festas na zona costeira, e dois guardas municipais ficaram feridos após serem atingidos com garrafas de vidro no Leblon, na Zona Sul.

Na terça, um bar no Vidigal foi interditado. Durante a madrugada até o início da manhã, a região abrigou festas em estabelecimentos, como registrou o Globocop.

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Fonte: G1