A guerreira da Amazônia e o terror


Em semana de entressafra, desenho animado ainda é a melhor opção

O cinemão está em tempo de entressafra, depois do lançamento do último James Bond. Enquanto “Duna” não estreia no final do mês, a programação fica por conta de comédias e filmes de terror baratos. As novidades desta semana se resumem a “Venon: Tempo de carnificina” o segundo filme da Marvel sobre aquele monstro extraterrestre que costumava apoquentar o Homem Aranha. Agora parece que Venon e o Aranha só vão se encontrar no próximo filme. Tem mais um terror adolescente da interminável série Halloween, “Halloween kills,” e a comédia nacional “Amarração de amor.”
Entre os filmes que continuam em cartaz o destaque é o longa de animação “Ainbo: A guerreira da Amazônia. Uma co-produção do Peru com a Holanda, o filme conta a história de uma menina índia que embarca em uma jornada através da floresta tropical, para salva-la do desmatamento. Seus companheiros são uma série de animais falantes engraçados que incluem uma enorme anta e um tatu. O tema não é novidade, e lembra Rio 2, onde as araras também enfrentavam a agressão contra a floresta tropical.
A heroína jovem fez com que muita gente comparasse Ainbo com a Moana da Disney. Mas há uma diferença. Enquanto que os desenhos da Disney-Pixar são feitos para agradar crianças e adultos, esta produção peruana-holandesa é mais voltada para as crianças. Os adultos vão achar tudo muito infantil e bobinho. Mas a mensagem do filme é importante por despertar o amor pela natureza e pelos animais num mundo de diversões eletrônicas onde as crianças enfrentam uma dificuldade cada vez maior de se desligarem das telinhas dos celulares.
O visual é bonito, com cenas de cachoeiras ao luar e florestas exuberantes. Uma paisagem que se torna cada vez mais rara no mundo real, onde as queimadas e a grilagem consomem porções gigantescas das florestas a cada ano que passa.
Quem assistir a este “Ainbo- A guerreira da Amazônia” vai se lembrar do FernGully – A última floresta tropical” que passou nos cinemas em 1992, numa época em que o problema do desmatamento e do aquecimento global começava a ser abordado na mídia. Pessoalmente acho o FernGully superior, mas a Ainbo não fica muito atrás. Só tem um probleminha: Alguns dos monstros que ameaçam a protagonista podem ser muito assustadores para as crianças menores.
Monstros é o que não falta em “Venon: Tempo de carnificina. O filme continua com a história do repórter Eddie, que foi infectado pelo parasita alienígena Venon e se transforma num monstro horripilante. Agora Eddie vai a uma penitenciária, entrevista um serial killer condenado a morte. Um personagem claramente calcado no Hannibal do filme “O silêncio dos inocentes”. Acaba sendo mordido pelo assassino. Que também fica infectado pelo parasita alienígena e vira um monstro do mal. Uma dica: Se o leitor tiver paciência de esperar até o final dos créditos do filme vai ver uma chamada para o próximo filme do Homem Aranha contra o Venon.
Halloween kills continua com aquela história do assassino de mocinhas que começou nos anos de 1980, com o primeiro Halloween do John Carpenter. O tempo passou e as mocinhas que sobreviveram ao assassino agora são senhoras de meia idade. “Amarração do amor” é a comédia brasileira da semana. Sobre um casal que enfrenta um problema religioso em família. O pai do rapaz segue as tradições judaicas enquanto a mãe da moça é da umbanda. E o resultado desse choque de crenças não é nada que fique na lembrança.

 

Jorge Luiz Calife

Ainbo: As meninas, o tatu e a anta





Fonte: Diário do Vale