A Axiom-1 e a industrialização do espaço

No dia 25 de abril, quatro astronautas retornaram a Terra a bordo de uma cápsula espacial Dragon, encerrando a missão Axiom-1. Não se tratava de mais um voo de turistas espaciais ricos. A missão fora financiada por uma empresa comercial, a Axiom Space do Texas, que pretende instalar módulos comerciais na Estação Espacial Internacional. É o primeiro passo para realizar o velho sonho de levar as indústria da Terra para o espaço sideral. No espaço existem energia e matéria prima abundantes e os gases poluidores podem ser lançados inofensivamente no vácuo.

A equipe da Axiom era formada pelo ex-astronauta da Nasa Michael Lopez-Alegria, o americano Larry Connor, o canadense Mark Pathy e o israelense Eytan Stybbe. Em entrevista coletiva depois do pouso da cápsula, no golfo do México, o diretor de operações da empresa, Derek Hassmann explicou que os objetivos tinham sido alcançados. “Todo mundo sabia que era possível. Você pode colocar quatro indivíduos dentro de uma cápsula e manda-los para a Estação Espacial Internacional. Mas as grandes questões eram: Seria possível treiná-los num curto período do tempo? E prepara-los de modo a minimizar o impacto sobre a tripulação da Estação Espacial? Acredito que esta missão provou que é possível.

O sonho de realizar processos industriais no espaço é antigo. Na época da corrida espacial era muito caro enviar cargas e pessoas para o espaço sideral. Só as grandes potências como Estados Unidos e União Soviética podiam arcar com os custos milionários. Todavia, na década de 1980, com a entrada em operação do ônibus espacial americano, a ideia da industrialização do espaço começou a ser levada a sério. A agência espacial americana Nasa dizia que o ônibus espacial poderia voar duas vezes por mês, e carregar módulos de empresas comerciais para o espaço sideral.

Industrial: Empresa vai instalar módulo da estação espacial (Foto Axiom-1)

Planos para a construção de fábricas orbitais e módulos industriais foram elaborados por empresas como a McDonnel-Douglas Corporation. Infelizmente o sonho acabou muito depressa. A operação do ônibus espacial revelou-se cara e complicada na prática. E as naves só conseguiam fazer um voo a cada três meses. Cada lançamento custava mais de cem milhões de dólares e as indústrias espaciais foram engavetadas. Na década passada o sonho de fabricar coisas no espaço sideral foi retomado com a entrada em operação dos foguetes Falcon 9 e das cápsulas espaciais Dragon, da empresa Space X, do conhecido bilionário Elon Musk.

Diferente do ônibus espacial da Nasa, o Falcon 9 e a Dragon se revelaram confiáveis e relativamente baratos. O que levou empresários ricos a alugarem as naves para enviar turistas ao espaço nos últimos anos. E depois dos turistas será a vez dos operários espaciais. Gente altamente treinada para criar processos industriais que só serão viáveis no ambiente de gravidade zero de umna estação espacial.

Na ausência de gravidade será possível criar ligas metálicas impossíveis de fabricar aqui na Terra. E produzir materiais mais resistentes e puros. A diretoria da Axiom Space, que inclui a ex-astronauta Peggy Whitson, esta entusiasmada com o resultado dos primeiros testes na ISS. Whitson vai comandar a próxima missão comercial, a Axiom-2. Que vai preparar a estação espacial para receber o primeiro módulo da empresa, no ano que vem.

A Lua é rica em matérias primas, como alumínio e titânio, daí os planos dos chineses e dos americanos de instalarem uma base lunar, ainda nesta década.

Fonte: Diário do Vale