Trabalho de arqueologia descobre peças históricas no jardim do Palácio de Cristal em Petrópolis, RJ; material está exposto ao público | Região Serrana


Mais de dois mil objetos já foram desenterrados do jardim do Palácio de Cristal, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, num trabalho de arqueologia autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Parte do acervo está exposta na entrada do Palácio, na Rua Alfredo Pachá, no centro, junto com um cartaz que explica como vem sendo executado o trabalho de resgate cultural e histórico.

O trabalho de arqueologia no Palácio de Cristal é Autorizado pelo Iphan — Foto: Divulgação|Prefeitura

O G1 teve acesso aos registros dos relatórios que são enviados ao laboratório que analisa as peças, e que são de responsabilidade da empresa que executa o trabalho de arqueologia no local. Os registros são fotografados com escala milimétrica.

Fragmento de louça inglesa estava enterrado no jardim do Palácio de Cristal em Petrópolis, RJ — Foto: Divulgação|Grifo Arqueologia

Fragmentos de louças finas, ferraduras antigas e garrafas de bebidas importadas da Europa no século XIX já foram encontrados no trabalho de escavação. Mais de 260 metros das trincheiras do jardim já foram escavadas.

“As atividades de campo não dão um diagnóstico preciso, porém, com a experiência que temos podemos afirmar que os artefatos são do século 19 e 20”, comentou o arqueólogo responsável pelas escavações, Kedma Gomes.

Peças como faianças clássicas e finas, porcelanas decoradas, azulejos e ainda o fragmento de um cachimbo feito de cerâmica, que indica que quem o utilizou pertencia a uma classe mais favorecida, também foram encontradas. Por já terem sido analisadas em laboratório, estas fazem parte da exposição.

Fragmento de cachimbo em cerâmica refinada está entre os achados nas escavações do jardim — Foto: Divulgação|Grifo Arqueologia

“A arqueologia não refuta a possibilidade de encontrar peças mais antigas pelo fato da cidade de Petrópolis fazer parte de momentos de época, ou seja, bem anteriores a construção do Palácio de Cristal”, disse Kedma.

Moeda de 20 centavos, da década de 70, tem o rosto da Princesa Isabel — Foto: Divulgação|Grifo Arqueologia

Mais de dois terços das trincheiras já foram analisadas, e chamam a atenção uma moeda de vinte centavos da década de 70, com o rosto da Princesa Isabel, e outra, de cinquenta centavos e da mesma década, mas de origem portuguesa.

Moeda portuguesa, de 50 centavos, foi encontrada em escavação no Palácio de Cristal — Foto: Divulgação|Grifo Arqueologia

“Houve um aterramento em período posterior à construção do palácio. Talvez mais do que um. Por isso, só a análise técnica em laboratório vai nos permitir descobrir o real valor histórico de cada peça”, explicou Kedma.

Peças são analisadas em laboratório

O trabalho está em fase intermediária, e é executado pela construtora Engeprat, por meio da Grifo Arqueologia, empresa que realiza a análise das peças em laboratório.

“Nós temos duas histórias aqui. A do material arqueológico do século 19 e talvez artefatos do século 18, além da história dos aterros que foram feitos em diversas fases da história do local. Quando terminarmos o peneiramento continuaremos com o monitoramento das atividades, além das sondagens mais profundas, em busca de materiais mais antigos. Esse trabalho é lento e o material ainda ficará à disposição de pesquisadores”, disse Giovani Scaramella, arqueólogo que é diretor da empresa que executa o serviço especializado.

O trabalho, iniciado no fim de maio, tem a duração de cinco meses. A previsão é que as escavações terminem em outubro.

Construída em 1884, a estrutura pré-montada do Palácio de Cristal foi encomendada da Sociedade Anônima Saint-Souver Lês Arras, na França, pelo Conde d’Eu, e entregue de presente à esposa dele, Princesa Isabel, para que ela pudesse cultivar flores e hortícolas.

Segundo a Prefeitura, as obras de restauração do Palácio terão continuidade assim que o trabalho de arqueologia terminar.

O arqueólogo de Lisboa, Kedma Gomes, é o responsável pelo trabalho no Palácio — Foto: Divulgação|Prefeitura

“É importante o trabalho arqueológico para reescrever a história através dos artefatos achados. Porém, que estes artefatos estejam contextualizados, ou seja, eles não falam por si só. A arqueologia é quem dá o respaldo para a comunidade. Através da educação patrimonial, que objetiva-se fazer a difusão e atingir o máximo de pessoas sobre a questão de identidade para com o patrimônio, como conservá-lo e preservá-lo para as gerações futuras”, finalizou Kedma.



Fonte: G1