Escritora Carolina Maria de Jesus é retratada em tapete de Corpus Christi por movimento de Nova Friburgo a convite da igreja católica | Região Serrana

Umas das maiores escritoras do Brasil, Carolina Maria de Jesus, foi homenageada em um tapete no Corpus Christi em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, nesta quinta-feira (16) .

O trabalho foi feito pelo Movimento Império da Negas, com ajuda de outros coletivos e escolas de samba da cidade.

Segundo a coordenadora do movimento, Michele Felício, o convite para a participação partiu da Diocese da cidade.

Os movimentos então enviaram a ideia de retratar a escritora negra fazendo um paralelo com o tema da campanha da fraternidade que é “Educar com Amor”.

Michele acredita que é a primeira vez que uma pessoa negra é homenageada em um tapete da festa católica na cidade de Nova Friburgo, com exceção de Nossa Senhora Aparecida.

“A sensação é dever cumprido, pois, com esse gesto simples, muitas pessoas que não conheciam a Carolina Maria de Jesus por negligência de nossos governantes, agora vão saber a grande escritora que ela foi”, explicou Michele.

O Império das Negas é um movimento de aquilombamento em Nova Friburgo. Há 6 anos, o grupo se reúne para criar rede de apoio para população negra em busca dos seus direitos.

“Qualquer pessoa que se identifica com a nossa luta pode participar das nossas reuniões. Nós nos reunimos em um café da cidade, de 15 em 15 dias. Temos aula de história preta, essa é uma história que não é ensinada nas escolas. As pessoas também podem participar das nossas reunião pela internet’, contou Michele.

Quem foi Ana Carolina de Jesus?

Carolina Maria de Jesus é uma das mais importantes escritoras do país. Mulher, negra, semianalfabeta e catadora de papelão.

Carolina Maria de Jesus em 1958 na favela do Canindé, às margens do rio Tietê, onde viveu até lançar ‘Quarto de Despejo’ — Foto: Divulgação

Neta de escravos e filha de mãe analfabeta, Carolina nasceu em Minas Gerais e, em 1947, foi para São Paulo. Ela foi morar na favela do Canindé, que ficava às margens do Rio Tietê.

Chegou a passar fome e morar na rua. Dessa experiência e de uma profunda capacidade de observação, ela tirou a inspiração para escrever a sua principal obra: “Quarto de Despejo”.

O livro já vendeu três milhões de cópias e foi traduzido para 16 línguas.

Fonte: G1