Comerciantes de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, criaram um movimento contra as medidas restritivas que entraram em vigor na cidade. A partir desta segunda-feira (5) até domingo (11), o município está sob bandeira roxa, o nível mais alto de restrições para conter a disseminação da Covid-19. A bandeira em vigor proíbe, entre outras coisas, a abertura do comércio não essencial.
O setor está há oito dias sem funcionar devido a medidas estabelecidas pela Prefeitura para a pausa emergencial no RJ, que aconteceu na última semana, e alega que não tem recebido auxílio para manter os negócios, pagar funcionários, entre outros.
Insatisfeitos com a proibição, desde o fim de semana mais de 100 comerciantes vem se articulando nas redes sociais para protestar contra as medidas. O grupo chegou a acordar uma reabertura forçada das lojas.
Nesta segunda-feira (5), alguns chegaram a abrir os estabelecimentos considerados não essenciais, mesmo com um decreto em vigor, e ao menos uma loja no centro foi interditada por desrespeitar o documento.
Entidades também são contrárias ao fechamento
Na manhã desta segunda (5), a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf) promoveu uma reunião online, com cerca de 70 empresários dos mais diversos segmentos, que participam do movimento “Mais Comércio”.
A entidade se posicionou contrária ao fechamento total do comércio, mas ressaltou a necessidade de que o setor tenha um diálogo com a Prefeitura antes de tomar qualquer decisão.
“(A Acianf) almeja que através do diálogo com a prefeitura, os estabelecimentos sejam reabertos, com novos regramentos de horário e medidas de prevenção severas, resultando numa diminuição do movimento de pessoas nas ruas”, ressaltou.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo, também é contrária ao fechamento do comércio. O presidente das entidades, Braulio Rezende, afirmou que solicitou ao prefeito Johnny Maycon, em reunião no último sábado (3), que promova algum tipo de flexibilização que permita o funcionamento das lojas de rua e dos shopping centers ainda nesta semana.
“Várias empresas já fecharam, outras estão em situação crítica e mesmo as que conseguiram sobreviver até aqui começam o mês sem saber como honrar uma infinidade de compromissos, como salários dos empregados, fornecedores, água, luz, telefone, impostos. O prolongamento deste cenário inviabilizará mais um grupo grande de negócios friburguenses”, afirmou Braulio.
A Prefeitura marcou uma reunião excepcional com o Comitê Operativo de Emergência em Saúde (COE), para às 17 horas desta segunda-feira (5).
O que diz o Conselho Municipal de Saúde
O Conselho Municipal de Saúde emitiu uma nota defendendo as medidas sanitárias emergenciais adotadas pelo governo municipal.
De acordo com o Conselho, o momento é extremamente grave, com esgotamento dos leitos para Covid e alta taxa de transmissibilidade, impondo medidas restritivas de contenção em bem da população. Para a entidade, as medidas foram tomadas respeitando as normas técnicas e com responsabilidade sanitária.
“Repudiamos toda tentativa de desobediência sanitária como ato irresponsável e antissocial”, afirmou o Conselho. “As medidas restritivas são indispensáveis nesse momento e apelamos ao povo friburguense e em especial ao comércio da cidade o entendimento que temos o dever de fazer o que é necessário não o que desejamos. O interesse que deve prevalecer é o coletivo e sempre em defesa da vida”, finalizou.
De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado na quinta-feira (1º), Nova Friburgo tem 12.172 casos da Covid-19, com 361 mortes causadas pela doença. Até quinta, a cidade tinha 93,48% dos leitos de UTI e 85,39% dos leitos de enfermaria ocupados.
Fonte: G1