Casal branco pinta rosto de preto em festa de igreja em Petrópolis, RJ, e Movimento Negro repudia prática racista | Região Serrana


Uma foto com teor racista publicada nas redes sociais de uma igreja em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, neste fim de semana repercutiu na cidade e a Comissão de Educação, Assistência Social e Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de Vereadores entrou com uma notícia-crime no Ministério Público.

A foto mostra duas pessoas brancas com os rostos pintados com tinta preta e com perucas simulando o cabelo black power.

A foto foi excluída pouco depois de ser publicada, mas representantes do Movimento Negro registraram com prints (capturas de tela).

Foto de casal com rosto pintado de preto em Petrópolis foi publicada nas redes sociais mas foi apagada pouco depois — Foto: Reprodução/Inter TV

“Pra deixar bem claro: atitudes como essa é prática racista e racismo é crime. Solicito uma atitude do poder público e dos órgãos judiciais em relação a essa atitude”, disse a coordenadora do Movimento Beleza Negra, Adriana Angel.

“Diante desse nefasto ato de racismo, nós do movimento negro em Petrópolis iremos dar resposta a altura. Esse tipo de afronta não pode mais acontecer. É inadmissível”, disse Nilson Siqueira da Silva, coordenador de formação política do Movimento Negro Unificado.

Uma nota de repúdio foi emitida pela Comissão de Educação, Assistência Social e Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, por meio do Grupo de Trabalho da Pauta Preta.

“Não é razoável admitirmos uma pessoa branca pintar seu rosto e corpo de preto – a prática conhecida como blackface – ofende pessoas negras. O blackface surgiu no século 19. Na época, atores brancos se pintavam de preto para, de forma caricata, representar negros em peças recheadas de racismo que eram apresentadas para escravocratas. Com o tempo, a prática de passar carvão no corpo e tinta vermelha na boca para simular lábios grandes perdeu a graça da novidade, mas nem por isso deixou de existir. Alguns desenhos animados passaram a representar negros de forma inexpressiva e sem individualidade. A prática é considerada preconceituosa porque reforça estereótipos de pessoas negras, quando, na verdade, nós somos diversos, temos boca, nariz, pele, cabelo e trejeitos diferentes uns dos outros”, diz a nota.

O presidente da comissão também falou sobre o caso.

“Não podemos admitir esse tipo de postura, esse tipo de conduta. E os fatos precisam ser apurados para que esse suposto crime tenha a responsabilização correta dos envolvidos. A comissão também emitiu a nota de repúdio pra que a gente faça nesse momento, além de um combate ao racismo, um processo pedagógico pra que as pessoas entendam que não é mais possível aceitar esse tipo de ridicularização e de desrespeito ao povo negro”, ressaltou o presidente da CEADH ,Yuri Moura (PSOL).

Em nota, a igreja disse que “foi realizada uma festividade no último sábado, em que os participantes foram vestidos de fantasias escolhidas a critério de cada um, individualmente”. A igreja diz ainda que “as partes envolvidas não tinham conhecimento do que é ‘blackface’, portanto, fizeram suas fantasias sem a intenção de serem racistas”. A igreja afirmou que, como Igreja, não vai admitir qualquer tipo de discriminação em seu meio.

O g1 aguarda informações sobre o encaminhamento da denúncia ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.



Fonte: G1