‘A mãe não conseguiu segurar o filho’, lembra tia de menino que voltava da escola em ônibus arrastado em Petrópolis | Região Serrana


Pedro é a criança que estava de mochila em cima de um dos ônibus. “A mãe tinha ido buscar ele no colégio. Quando a água levou eles, ela conseguiu colocá-lo para fora”, lembrou a tia, Teresa da Costa Silva Coutinho, de 52 anos.

Enquanto Pedro, a mãe e outras 11 pessoas tentavam escapar, uma barreira caiu a metros dali, provocando um tsunami que atirou os coletivos para a calha do Rio Quitandinha.

“Quando o outro ônibus bateu e o deles caiu, a correnteza levou os dois, e ela não conseguiu segurar o filho”, contou Teresa.

Imagens comparam antes e depois de onde ônibus foram arrastados no temporal em Petrópolis

Imagens comparam antes e depois de onde ônibus foram arrastados no temporal em Petrópolis

Já são 11 dias de buscas por Pedro. A mãe está muito mal e praticamente não consegue participar do mutirão.

Avó de Pedro, Sônia Gomes, de 56 anos, diz que a família não sabe mais o que fazer.

“Ontem estive no IML de novo, e nada. A gente não sabe mais onde procurar, é muito complicado. Está todo mundo chegando no limite”, disse Sônia.

Pedro Henrique Braga Gomes da Silva, uma das vítimas da enxurrada dos ônibus em Petrópolis — Foto: Reprodução

Fim da angústia para outras famílias

No mesmo ônibus estavam Gabriel Vila Real da Rocha, de 17 anos, Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos, e Geraldo de Paula Pereira da Silva, 63 anos.

Nesta quinta (24), a busca por Gabriel terminou com a identificação do corpo e o enterro no cemitério municipal de Petrópolis. Ele aparecia nas imagens subindo no veículo e tentando ajudar outros passageiros, como Pedro Henrique.

O corpo de Geraldo foi encontrado na quarta-feira (23). Seu filho, Adílio, relatou como foram as primeiras horas após a chuva.

“Meu pai era morador do bairro Espírito Santo, no Quitandinha. Ele pega o ônibus no mesmo horário no retorno à sua residência. Foi assustador quando tentei contato com ele e não obtive resposta”, disse ele.

Em seguida, a família passou a tentar achar formas de descobrir o paradeiro de Seu Geraldo.

“Primeiro foi refeito todo o trajeto dele, isso já de madrugada, e continuamos por hospitais e abrigos. Com o passar dos dias, fomos ao IML e pelo rio da cidade”, contou. Finalmente, o corpo de Geraldo foi levado para o IML e identificado pela família.

Heitor está na lista de desaparecidos depois das chuvas, de acordo com a Polícia Civil.

A família de Heitor também aguarda por novidades nas buscas que estão sendo feitas em Petrópolis, nas margens de rios do Centro e também de outros bairros e distritos, como Corrêas e Pedro do Rio.

Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos, e Geraldo de Paula Pereira da Silva, 63 anos, vítimas dos ônibus de Petrópolis — Foto: Reprodução



Fonte: G1