Uma vistoria realizada em abril de 2019 no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), atingido por um incêndio nesta terça-feira, revelou falhas graves no sistema de prevenção e combate a chamas e “alto risco de explosão” e de inoperância total do sistema elétrico da unidade. As causas da ocorrência desta manhã ainda serão investigadas. A princípio, o fogo teve início do subsolo do prédio 1 e as chamas teriam se espalharam por um almoxarifado.
O alerta sobre a unidade foi revelado pelo EXTRA em setembro do ano passado. Técnicos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) identificaram superaquecimento em dois transformadores da subestação principal do hospital. Uma delas chegou a atingir 148,6 graus e outra, 128,6 graus.
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Na época, foi constatada também ausência de licença e de plano de prevenção e combate a incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros, além da inexistência de sistemas de detecção de fumaça e sprinklers. Foram encontrados também hidrantes desativados com mangueiras danificadas e sem qualificação para uso. Havia ainda cabos expostos, instalações elétricas irregulares e equipamentos obsoletos e em desacordo com normas técnicas.
No relatório da fiscalização, os profissionais concluíram que o sistema elétrico do HFB não apresentava “o grau de confiabilidade requerido pela instituição”. Ainda de acordo com o documento, o sistema de potência não possuia “manutenção em seus componentes como transformadores, disjuntores de média tensão e periféricos, oferecendo risco iminente de sinistro”.
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Para Chrystina Barros, pesquisadora do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde da UFRJ, ocorrências como o incêndio desta terça remetem a um histórico de falta de investimentos nas unidades de saúde que precisaa ser alvo de investigação.
— Será instalado um processo de investigação para entender até que ponto providências locais eram tomadas. Infelizmente, pelo histórico do nosso país, nós vemos que falta fiscalização ativa e investimentos de maneira crônica nas unidades. Mas tudo tem que ser alvo de apuração, com muita calma, porque é comum que nesses momentos a gente responsabilize o gestor local, que fica na ponta, mas sabemos, principalmente numa estrutura pública, o quanto de burocracia existe para que ele consiga fazer o gerenciamento de maneira adequada — ressalta.
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Na época em que o relatório foi divulgado, a direção do HFB afirmou em nota que possuía brigada de incêndio com atuação 24 horas e que “todas as medidas para sanar eventuais riscos” estavam sendo tomadas, para que fosse “garantida assistência segura a todos os pacientes do SUS”.
Já o Ministério da Saúde, também em nota, listou uma série de medidas de emergência adotadas pela gestão para sanar os problemas. Uma delas era uma reunião com o comando do Corpo de Bombeiros para iniciar a regularização e legalização do hospital. A Pasta disse ainda que havia providenciado uma mesa de transmissão para suporte de energia, responsável por ligar e controlar os geradores em caso de interrupção de fornecimento de energia pela concessionária; isolamento de área adjacente ao transformador e geradores e posicionamento da brigada de incêndio do hospital e equipamentos de combate a incêndio nas áreas afetadas.
Fonte: G1