veja bairros do Rio em que comprar imóveis sai 30% mais barato

O casal Jaqueline Cordeiro e Marcelo Cozzolino decidiu sair do aluguel, mas sem mudar de bairro. Há um ano no Grajaú, eles acabam de comprar um apartamento de dois quartos, com 90 metros quadrados. O melhor de tudo nessa busca foi o desconto na aquisição: conseguiram baixar o valor de R$ 420 mil para R$ 360 mil. Para quem quer comprar imóveis na cidade, um ranking da Loft mostra que, em alguns bairros da cidade, a diferença de preço entre o anunciado e o pago efetivamente chega a 30% ou mais. Os recantos cariocas hoje mais atraentes para quem está disposto a apostar na casa própria (ou mesmo investir) são Vargem Pequena, Méier, Grajaú, Glória, Vila Isabel e Rio Comprido.

De acordo com a plataforma digital que fez o levantamento, essa vantagem para os compradores tem relação com a idade dos imóveis. Quanto mais antigos, mais o valor do metro quadrado pode variar na transação. No caso do novo apartamento de Jaqueline e Marcelo, na Rua Juiz de Fora, no Grajaú, há a necessidade de uma reforma geral, o que também acabou pesando na hora do acordo sobre um preço final.

Marcelo, que é bombeiro militar, ainda não sabe dizer quanto vai gastar na obra:

— Precisa de reforma na hidráulica e na parte elétrica, além de pintura e gesso — conta ele, dizendo que ele e a mulher não pensavam em sair do Grajaú. — É um bairro agradável, arborizado, tem toda estrutura de comércio e de bancos e fica no meio do caminho para o Centro ou Zona Sul.

Adeus, aluguel. Jaqueline e Marcelo no apartamento comprado no Grajaú
Adeus, aluguel. Jaqueline e Marcelo no apartamento comprado no Grajaú Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Rodger Campos, gerente de Dados da Loft, diz que, enquanto o Grajaú atrai compradores pela facilidade de acesso a outros bairros e “clima ameno”, Vargem Pequena, em primeiro no ranking, é procurada por quem quer natureza ao redor e imóveis com custo médio menor. Já o Méier tem a seu favor rede de transporte público e farto comércio. Para ele, a especulação nessas áreas está ligada também a negociações mais lentas:

—A idade média dos imóveis negociados nesses bairros é de 49 anos, e a metragem média é de 72 m². Comprar ou vender um imóvel antigo apresenta um grau de complexidade maior. Quanto mais antigo o imóvel, mais diminui a base de referência de preços no mercado. Por isso, o processo de negociação entre comprador e vendedor demora mais — afirma Campos, acrescentando. — Além disso, esses bairros apresentam preços do metro quadrado mais baixo e área útil menor. Preços e áreas menores dão espaço para uma maior variação de preço.

Uma curiosidade é que, na plataforma, os bairros da Zona Norte e do centro já representam 25% das vendas, reunindo 30% dos imóveis ofertados.

Vice-presidente do Sindicato da Habitação no Rio (Secovi-Rio), Leonardo Schneider explica que essa diferença entre o valor inicial e o efetivamente fechado também está ligada a uma maior oferta:

— Essa relação do preço pedido para o que foi fechado tem a ver com o momento de mercado e procura na região. Se tem muita procura e oferta baixa, há pouca margem pra dar desconto. Isso aconteceu muito entre 2010 e 2016 no Rio — diz Schneider. — Nas Vargens, por exemplo, há muita oferta, e com isso você tem que dar desconto maior para conseguir atrair o comprador e fechar negócio.

Outros fatores também podem contribuir na variação do preço: se o imóvel está mal conservado ou é de fundos, por exemplo.

Negociar é preciso

A pesquisa da Loft considerou 6.274 transações imobiliárias fechadas em 2021. Mesmo na Zona Sul, onde o poder de barganha do vendedor é maior, é possível negociar. Com o mercado imobiliário em um momento mais frio, devido a fatores como inflação e alta de juros, vale gastar um pouco de conversa para baixar o preço na hora de comprar. O administrador Ubirajara Vianna acaba de vender um sala e quarto com dependência, reformado, na Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema: a negociação durou apenas uma semana.

—O mercado está para o comprador. Para o vendedor está muito difícil. Tive que fazer R$ 100 mil de diferença para o que eu acreditava que daria na realidade. O desconto foi de 18% — conta o administrador.

Fonte: G1