vacinados, idosos fazem planos e incluem até país de Fidel Castro em roteiros pós-pandemia


Aos 92 anos, a aposentada Wanda Ribeiro nunca esteve tão disposta a resgatar planos que, há quase um ano, precisaram ser guardados por conta da pandemia de Covid-19. Na última quinta-feira (4), a idosa recebeu a segunda dose da vacina contra a doença em um posto na Gávea, Zona Sul do Rio. Agora, planeja visitar a família, matar a saudade dos sobrinhos, viajar e retomar a rotina de atividades cotidianas, como ir lanchar na padaria favorita. E ela não é a única. Milhares de idosos já foram imunizados no Rio e sonham com dias melhores. Mas especialistas alertam: o sistema imunológico pode levar de duas a três semanas para criar anticorpos capazes de barrar a entrada do vírus. Por isso, cuidados e proteção ainda se fazem necessários neste momento.

— Estou esperando passar essas semanas iniciais para visitar a minha irmã, de 91 anos, ficamos meses sem nos ver. Também quero reunir minha família num almoço. E quero planejar a minha viagem a Cuba.Gostaria muito de conhecer o país marcado por um ídolo da minha geração, Che Guevara — conta a aposentada, que revela outro medo recente que a atormentou: — Eu fiquei ansiosa porque achei que não fossem ter doses para seguir a campanha.

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Quem também está feliz e cheia de planos é a aposentada Maria Luiza Botelho, de 92 anos. Recém-imunizada com a segunda dose, ela idealiza o futuro.

— Sinto saudades de ir à missa aos domingos, de almoçar com a minha família depois… até ir ao dermatologista e à manicure para fazer as unhas me traz saudades. Também não vejo a hora de abraçar de novo meu único neto. Só o vi uma vez no último ano. Faz muita falta — explica a aposentada.

A aposentada Wanda Ribeiro, de 92 anos: vacinada
A aposentada Wanda Ribeiro, de 92 anos: vacinada Foto: Brenno Carvalho

A família do farmacêutico aposentado José Almeida Costa, de 93 anos, espera que o idoso possa em breve viajar e rever parte da família em Fortaleza/CE.

— Gostaríamos que meu avô pudesse visitar durante alguns dias os irmãos, sobrinhos e netos que moram lá no Ceará. Por enquanto, estamos usando as chamadas de vídeo para que ele possa matar a saudade. Eu não vejo a hora de abraçá-lo — conta o auxiliar administrativo Felipe Souza, de 31 anos.

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Já o vendedor Lucas Almeida, de 32 anos, revela que está cada vez mais difícil manter o avô, o aposentado João de Almeida, de 93 anos, em casa. O idoso mora em Irajá, Zona Norte, e mantinha uma tradição há quase 40 anos: todos os dias caminhava pela manhã e jogava baralho com amigos na praça.

— Eu não vejo a hora de voltar a dar os meus passeios, a caminhar na ciclovia, a jogar carteado com meus parceiros, velhinhos também. Essa hora chegou, graças a Deus e à ciência. Esperei pela imunização durante tanto tempo que agora, faltando dias, parece que o tempo corre mais devagar — diz.

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Apesar de toda essa empolgação, a epidemiologista Claudia de Souza Lopes, do Instituto de Medicina Social da Uerj, lembra que mesmo pessoas vacinadas podem ter formas menos graves da doença, conforme a taxa de eficácia, e que só a imunização coletiva vai garantir que o vírus não se propague. Além disso, ela lembra que a proteção começa, em média, duas semanas após a aplicação da segunda dose. Por isso, ela orienta a manter a prudência.

— É uma retomada da vida social com responsabilidade. Pode rever os netos, organizar pequenos encontros, mas sem abusar. Deve-se evitar aglomerações e outras situações que possam colocar a saúde do idoso em risco. Usar o álcool em gel. E sempre de máscara, não há necessidade de tirá-la — explica.
Os resultados dos estudos das duas vacinas utilizadas no Brasil consideram dados do 15º dia após a segunda dose, intervalo de tempo citado pelos especialistas. Infectologista e professor da Unig (Universidade Iguaçu), Roberto Falci da Silva Garcia reforça a necessidade de se manter os cuidados.
— A segunda dose reforça o grau de imunização conquistado com a primeira. Eu aconselho ainda evitar viagens e aglomerações. e sempre de máscara.

A aposentada Wanda Ribeiro, de 92 anos: vacinada
A aposentada Wanda Ribeiro, de 92 anos: vacinada Foto: Brenno Carvalho





Fonte: G1