Terreirão será modernizado para ter programação o ano todo


Os painéis desgastados pelo tempo exibindo imagens de bambas como Cartola, Nelson Cavaquinho, Mestre Fuleiro, Candeia e outros mais não deixam dúvidas de quem são os donos do pedaço. O gênero musical que dá nome ao Terreirão do Samba vai continuar sendo o protagonista do espaço, que passará por um processo de revitalização e modernização para ter atividades o ano todo. A prefeitura publicará amanhã, no Diário Oficial do Município, um chamamento público do tipo Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para escolher o melhor projeto para o local. Depois, vai licitar a concessão do equipamento público que será gerido pela iniciativa privada. O vencedor terá de se comprometer com a garantia de que 60% da programação anual privilegie o samba e as manifestações ligadas ao carnaval. Também deverá manter o caráter popular do espaço, com a cobrança de ingressos a preços acessíveis.

Local é cheio de história para contar, mas hoje está abandonado
Local é cheio de história para contar, mas hoje está abandonado Foto: Maria Isabel Oliveira / Extra

— O Terreirão é do samba, popular, importantíssimo para a cidade e localizado num ponto incrível. É um espaço que estava abandonado. A gente entende que não pode ficar só em função da época do carnaval. É um equipamento maravilhoso que precisa estar funcionando o ano todo. A gente quer revitalizá-lo tendo o samba, que é o seu DNA, e manter o caráter popular. Essa é a ideia da PMI — diz Daniela Maia, presidente da Riotur, responsável pelo local.

O primeiro passo dessa revitalização será a publicação do chamamento público para que a iniciativa privada desenvolva estudos de viabilidade econômica e financeira em uma nova modelagem comercial, turística e cultural do tradicional espaço do carnaval carioca. Os interessados, que podem ser pessoas físicas, profissionais liberais, empresas e organizações sem fins lucrativos terão 30 dias para se habilitarem e apresentarem o conceito de sua proposta. Uma comissão multidisciplinar da prefeitura fará uma avaliação, podendo escolher até duas propostas que mais se enquadrem nas premissas do edital e que darão origem ao estudo, elaborado em 90 dias, que vai nortear a concessão de uso da área pública.

Local é cheio de história para contar, mas hoje está abandonado
Local é cheio de história para contar, mas hoje está abandonado Foto: Maria Isabel Oliveira / Extra

— Vamos revitalizar, fazer a estruturação do processo de concessão nos moldes do que já fizemos na gestão passada mantendo, é claro, a destinação cultural e vocacional para utilização de eventos de samba e a disponibilização para o carnaval — explica Gustavo Gerrante, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto, que ficará responsável por esse processo.

Entre as exigências do edital de concessão estará a obrigatoriedade de, no período de carnaval, o Terreirão se voltar exclusivamente para o samba, em integração com as manifestações e programação que acontecem no entorno da Sapucaí. Entende-se por período carnavalesco os 25 dias que antecedem a abertura oficial da folia, passando pela semana dos desfiles das escolas de samba, e os oito dias posteriores ao desfile das campeãs. Mas o planejamento, a programação e a produção artística deverão ser compartilhados e decididos com a Riotur.

Com o novo Terreirão do Samba, a ideia é atrair não apenas o carioca, mas também os turistas, que vão encontrar um espaço com samba sempre e integrado ao Sambódromo, com nova iluminação, e ao Museu do Samba, que fica na Praça da Apoteose e também será revitalizado e ganhará programação para o ano todo. Isto além da Cidade do Samba, que está em processo de desinterdição. A possibilidade de renascimento do Terreirão do Samba anima artistas que já se apresentaram no palco, como Xande de Pilares:

— É um local importante tanto para quem é consagrado, como para quem deseja conquistar o seu espaço.

Monarco é outro que tem forte ligação afetiva com o espaço. Além de vê-lo surgir, foi lá que conheceu Olinda, sua esposa há 27 anos.

— Assim que tiver todo mundo vacinado, precisa abrir de novo. Aquilo ali é a alegria do povo do Rio.

Dudu Nobre lembra do início da carreira no local:

— Foi dali que o samba se expandiu. Na primeira edição lá eu já toquei lá como músico. Na época não tinha muro ou grades — diz o cantor, que cobra investimentos em infraestrutura no entorno que garantam mais segurança.





Fonte: G1