‘Temos um CTI jovem’, define diretor


Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 entre os mais idosos na cidade do Rio — quase 68% já completou o ciclo de imunização — o maior Centro de Terapia Intensiva da cidade para tratar doentes acometido com a doença já é definido pelo seu diretor como “CTI jovem”. A alcunha é baseada em números: na tarde desta quinta-feira, 62% dos internados na UTI do Hospital Ronaldo Gazolla, referência para o tratamento do coronavírus, tinham entre 18 e 59 anos. Um levantamento feito com o perfil dos internados, nos últimos meses, reforça a percepção de “rejuvenescimento” das pessoas acometidas pela doença. No mês de janeiro deste ano, de cada 100 internações no Ronaldo Gazolla, seis eram de jovens com até 39 anos de idade. Em maio, o número mais que dobrou, saltando para 14,4%.

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A faixa etária de 40 a 59 anos também teve um grande salto. No início do ano, 26 a cada 100 pessoas internadas na unidade estavam dentro dessa faixa. Entretanto, em maio, o percentual dobrou e mais de 53% dos hospitalizados já tinham entre 40 e 59 anos.

O médico Roberto Rangel, diretor do Hospital Ronaldo Gazolla, explica que como a unidade possui um dos maiores Centros de Terapia Intensiva para Covid-19 do país há diversos perfis de pessoas internadas, mas que, no momento, o que mais chama atenção são os pacientes jovens, com boa história clínica, cujo quadro se agrava ao longo do tratamento.

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A faixa etária de 40 a 59 anos também teve um grande salto. No início do ano, 26 a cada 100 pessoas internadas na unidade estavam dentro dessa faixa, o que fazia esse intervalo liderar, por muito pouco, o número de internações. Entretanto, no último mês o percentual dobrou e mais de 53% dos hospitalizados tinham entre 40 e 59 anos.

O médico Roberto Rangel, diretor do Hospital Ronaldo Gazolla, explica que como a unidade possui um dos maiores Centros de Terapia Intensiva para Covid-19 do país há diversos perfis de pessoas internados, mas entre os que mais chamam atenção são os pacientes jovens, com uma boa história clínica e que se agravam no decorrer do tratamento. Alguns, pontua Rangel, acabam com as mesmas complicações que pessoas com comorbidades desenvolvem:

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— O perfil da faixa etária dos pacientes internados vem mudando sequencialmente no mesmo tempo da vacinação e com a segunda dose. O perfil hoje é de um paciente mais jovens, totalmente diferente dos outros estágios da pandemia, que tínhamos percentualmente um quantitativo de idosos muito maior do que temos hoje. É um CTI jovem, que tem idoso, mas predominante com não idosos. Na UTI temos pessoas com comorbidades, mas muitos jovens sem comorbidade com perfil até atlético que complica e vai a óbito — fugindo do perfil que correlacionarmos com comorbidades associadas — explica.

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Uma possível mudança da faixa etária dos internados já era uma expectativa da equipe médica, mas Rangel destaca que não era esperado uma modificação de forma intensa como o constatado.

— Tínhamos alguns indicativos do que poderia acontecer, mas é uma situação que mexe muito com a equipe interna e dá um grau de complexidade às vezes muito maior na carga emocional diária para os profissionais. Você está lidando com um paciente muito jovem e que tinha uma expectativa de vida muito grande. Mas você vê o paciente evoluir mal muito rapidamente — afirma o diretor, que ainda lembra a angústia dos familiares:

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— A gente vê um aumento muito grande da angústia dessas famílias que acolhemos — lembra.

Melhora clínica entre vacinados

Já nos grupos que começaram a receber a vacina, a queda redução vem sendo percebida mês a mês, sobretudo nos grupos que já completaram o ciclo de imunização com as duas doses. A maior queda no percentual de hospitalizações foi percebida na faixa etária de 80 a 89 anos, que saiu de 15% em janeiro para 4 a cada 100 internações em maio, uma redução de quase 74 pontos percentuais.

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Para Gulnar Azevedo, professora de epidemiologia da Uerj e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a redução da internação de idosos é fruto da imunização:

— A queda da internação entre idosos está refletindo que a vacinação está tendo efeito diminuindo os casos graves de Covid-19 entre a população idosa. E isto é um incentivo para que todos entendam o ganho de tomar as duas doses— afirma.

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Segundo o diretor do Gazolla já há a percepção que a recuperação entre os idosos vacinados internados na unidade conseguem se recuperar de forma mais fácil:

— Recebemos aqui tanto o paciente vacinado quanto o idoso não vacinado e percebemos que quem recebeu a imunização tem um desfecho muito melhor do que o não vacinado. Observamos que há uma relação, mas que ainda não conseguimos quantificar — explica Rangel.

Uma projeção feita pelo estatístico Rafael Izbicki, professor da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, estima que somente na capital a vacinação contra o coronavírus pode ter salvado a vida de 1.512 pessoas com 65 anos ou mais e evitado mais de três mil internações de casos graves nesta faixa etária até meados de maio. Na cidade do Rio mais de 2,8 milhões de pessoas — 53% da população carioca — já foram vacinadas com uma dose contra a Covid-19. Dados da prefeitura apontam que 18,5% dos maiores de 18 anos na cidade já completaram o ciclo da imunização contra o coronavírus.





Fonte: G1