Ritmistas do Salgueiro e da Beija-flor são aprovados na maratona de exames da Semana da Saúde do Largo da Carioca


Um tigre na jaula, um passarinho na gaiola, uma quarentena que parecia infindável. Quando a voz do intérprete puxa o grito de guerra, os tempos de tristeza pela pandemia ficam para trás. Com a volta gradual aos palcos, os ritmistas das escolas de samba exibem nota 10 em harmonia e evolução. Mas concordam que, após uma estada prolongada em casa, nem todo mundo consegue ostentar a mesma forma física exigida pela maratona de ensaios. Instrumentistas do Salgueiro e da Beija-Flor toparam o desafio e testaram alguns dos 18.410 atendimentos ofertados gratuitamente a milhares de pessoas na Semana da Saúde, evento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde, de terça a quinta-feira, no Largo da Carioca. Um desfile de solidariedade, que alcançou ainda a doação de 470 bolsas de sangue.

Aos 78 anos, o diretor de bateria Luiz Carlos Irineu amargou uma separação da companheira de mais de 60 anos: a música. Baluarte do Salgueiro, já tomou três doses de vacina e estava firme e forte no Largo da Carioca, com sua Furiosa. Nos testes de capacidade pulmonar, seu Luiz tirou onda. Foi aprovado e deu show no palco.

— Uma vez por mês, só como uma feijoada. O restante da minha alimentação é muito chuchu e alface. Sempre saio de máscara. Eu me cuido. Estou sempre mantendo meu peso e fazendo exames com o cardiologista — tira onda o veterano.

Para Mestre Gustavo, a palavra que os salgueirenses mais escutam hoje é saudade. Para ele, a pandemia acendeu o alerta para que todos passassem a cuidar mais da alimentação e fazer exercícios.

— As pessoas estão se cuidando mais, sabem que os grupos de risco ficam mais vulneráveis. É muito importante investir em exercícios físicos e cuidar da saúde.

Luiz Carlos Irineu, do Salgueiro
Luiz Carlos Irineu, do Salgueiro Foto: Simone Intrator/Divulgação

Diretor de bateria da Beija-Flor, Rogério Monteiro, o Pó de Mico, testou os serviços oferecidos no estande da Cruz Vermelha: teste de glicose e aferição de pressão.

— Minha pressão só sobe quando a Beija-flor entra na Avenida. A escola deixa nossa saúde excelente e a mente sã.

O ritmista Joaquim Guilherme, o Bola da Beija-flor, de 65 anos de idade e 50 na música, diz que seu apetite pelo samba não mudou nada com a pandemia.

— Sou diabético e hipertenso, mas me trato no posto de saúde. Sou energia pura. Se deixar, vou a todos os eventos — assegura.

Para o diretor de bateria Thiago Sennas, de 31 anos, e Diego Oliveira, também da Azul e branco de Nilópolis, foi uma emoção visitar os estandes de vacinação e de testes de Covid. Já vacinados, eles aprovaram a iniciativa de oferecer o serviço de graça à população em praça pública.

— Fiz dois testes quase chorando, graças a Deus não deu positivo em nenhum. Tenho pais com idade, filha, eu me segurei bastante. Engordei mais de 10 quilos em casa, dá muita ansiedade. Agora é voltar ao ritmo, ao samba, aos ensaios, faz muito bem — conta Thiago.

Diego faz coro:

— É fundamental a vacinação para que a gente continue fazendo o que gosta. Já tomei as duas vacinas. Ela salva vidas — dá show de consciência o ritmista.





Fonte: G1