Riotur admite não ter posicionamento ainda sobre o carnaval 2021; Liesa bate o martelo no dia 24


Ao ser questionado, nesta sexta-feira, pelos participantes da audiência pública virtual convocada pela Câmara Municipal do Rio, para discutir os desafios da realização do carnaval de 2021, devido a pandemia do novo coronavírus, o diretor de operações da Riotur, Marcelo Veríssimo, admitiu que o órgão ainda não tem nenhum posicionamento sobre a realização dos desfiles do ano que vem. Primeiro, ele disse que aguardava uma decisão da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Diante de reclamação de representantes de blocos que o carnaval não se resume à Sapucaí, ele argumentou que a prefeitura dependia também de outras opiniões, como as do comitê científico que tem orientado o município na tomada de decisões sobre a flexibilização das atividades na cidade.

—Ninguém aqui está querendo tapar o sol com a peneira, a verdade é essa. O desejo de todos é que tenha carnaval. Estamos aguardando, sim, alguns posicionamentos. Uns dizem que a curva (de contágio) está descendo outros dizem que está subindo. A gente aqui, como Riotur, está observando. Não estamos omissos. Estamos aguardando as pesquisas, a vacina, que é o que a gente mais quer, mas não tem ainda um posicionamento correto sobre a data do carnação. Não tenho no momento uma colocação a fazer — admitiu Veríssimo.

Audiência virtual debateu o tema
Audiência virtual debateu o tema Foto: Reprodução

A Liga, por sua vez, já decidiu a data para realização da reunião em que os dirigentes das escolas de samba vão definir sua posição sobre a realização ou não dos desfiles no ano que vem. O encontro está marcado para a próxima quinta-feira, dia 24, na sede da Liesa. Será a segunda vez que o tema entra na pauta durante a pandemia. A plenária anterior foi realizada em meados de julho, quando os presentes resolveram aguardar até o mês de setembro, por ser considerado limite para a manutenção do calendário oficial, que prevê a realização da festa em fevereiro.

Algumas escolas já se posicionaram sobre a decisão de só ter os desfiles quando houver uma vacina. Esse foi também o posicionamento dos representantes das diversas ligas de blocos de rua, bem como das agremiações que participaram da audiência pública virtual, convocada pela Comissão Especial de Carnaval, presidida pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL).

— Sem vacina é inviável fazer qualquer carnaval. Hoje as escolas do Grupo Especial estão voltadas para a saúde dos seus profissionais e componentes — defendeu Fernando Fernandes, presidente da Vila Isabel, que como os demais, cobrou apoio financeiro da prefeitura.

Bruno Teté, diretor da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), que representa as escolas da Série A, disse que sua liga pretende seguir o posicionamento da Liesa, que é quem tem o contrato cessão do Sambódromo. Ele defendeu a realização do carnaval em outra data, quando tiver a vacina. Segundo Bruno, a principal preocupação das agremiações é com a sobrevivência dos seus trabalhadores e componentes.

— Não pensamos no desfile agora, mas nos que estão sem recursos para sobreviver. Essa é a nossa preocupação agora. Saúde em primeiro lugar, mas o combate à fome não pode sair do nosso pensamento.

Moacyr Barreto, vice-presidente de projetos especiais da Mangueira, que representava a Verde e Rosa na audiência virtual, reclamou das dificuldades enfrentadas pelas agremiações para manter suas contas em dia e honrar os pagamentos dos trabalhadores. Ele disse que todas as soluções apontadas até agora, como o auxilio emergencial, são individuais e cobrou soluções instituições para as agremiações . Esse questionamento também ficou sem resposta dos representantes da Riotur.

Os representantes dos blocos de rua, também se mostratam contrários à realização dos desfiles enquanto não houver uma vacina contra a Covid-19 e também cobraram ajuda do Poder Público .

—Não faremos carnaval oficialmente na data, porque entendemos que a pandemia não acabou. Não contem conosco, porque não colocaremos o bloco na rua — afirmou Rita Fernandes, presidente da liga de blocos Sebastiana.

Esse foi o mesmo posicionamento apresentanto por representantes de outras ligas e bloco, como Márcia Rossi, do Carnafolia, Daniela Freitas, do Bagunça o meu coreto; e Valéria Wrigt, da Liga Sambare, que representa os blocos da Zona Oeste.

Na falta de uma proposta concreta da Riotur, seja para ajudar as escolas de samba e os trabalhadores do carnaval ou sobre uma definição dos desfiles, o vereador Tarcísio Motta apresentou duas ideias: Uma delas é a abertura de um edital de premiação que possa contribuir para a sobrevivência das escolas e seus operários. A outra é de realização de uma nova audiência em 5 de novembro, a cem dias do carnaval pelo calendário oficial, para discutir um plano emergencial para 2021.





Fonte: G1