RIO — A cidade voltou ao estágio de atenção na tarde desta sexta-feira, e a chuva já provoca transtornos em alguns pontos da cidade. Um dos bairros mais castigados da Zona Sul é o Jardim Botânico, que está com a sua rua principal completamente alagada. A saída do Túnel Rebouças para a Rua Jardim Botânico está interditada. O acesso para a Lagoa também está interditado. Agentes de trânsito estão no local, orientando os motoristas a seguirem por Ipanema.
A situação para os pedestres não é diferente. A água tomou conta da calçada. Enquanto alguns aguardam debaixo da marquise, outros pedestres se arriscam com água na canela e precisam fazer manobras arriscadas para se locomover.
O Alerta Rio informa que núcleos de chuva mais intensos que atuavam sobre a Zona Oeste se deslocaram em direção ao oceano. Nuvens baixas atuam sobre a cidade. Garis suspenderam a paralisação em razão do temporal desta quinta.
Paralisação: Greve dos garis é suspensa após chuva forte no Rio
A chuva foi tão intensa na Tijuca que encheu o piscinão da Praça da Bandeira, favorecendo alagamentos. A capacidade do reservatório é de 18 mil metros cúbicos. O acumulado durante o temporal foi de 18,3 mil metros cúbicos. É a terceira vez que isso acontece.
Pontos de alagamento
Há registros de alagamento em diversos pontos da cidade, segundo o Centro de Operações Rio (COR).
- Rua do Catete, altura da R. Silveira Martins, no Catete
- Praia de Botafogo, altura da R. Alfredo Gomes, em Botafogo
- R. São Clemente, 226, em Botafogo
- R. São Clemente, 398, em Botafogo
- Rua Humaitá, altura da R. Macedo Sobrinho, no Humaitá
- Av. Epitácio Pessoa, altura da R. Vinícius de Moraes, em Ipanema
- R. Jardim Botânico, na altura do Parque Lage, na Lagoa
- Rua Jardim Botânico, na altura da Rua Pacheco Leão, no Jardim Botânico
- Av. Borges De Medeiros, na altura da R. J. J. Seabra, na Lagoa, sentido Rebouças
- Estr. Fernando MacDowell, na saída do Túnel Zuzu Angel, sentido sentido Barra
- Lagoa-Barra (Autoestrada Eng. Fernando Mac Dowell), em São Conrado, sentido Gávea
- Av. Eng. Souza Filho, na Muzema;
- Av. Brasil, na altura INTO, sentido Rodoviária.
Houve uma queda de árvore na Rua Carlos Gomes, na altura do número 491, em Santo Cristo; e um deslizamento de pedra na Estrada da Gávea Pequena, na altura do número 127, no Alto da Boa Vista.
Lixo espalhado pela Tijuca
Por toda a Tijuca, na Zona Norte, há grande quantidade de folhas e lixo espalhados pelas ruas, além de diversos bueiros entupidos. Os próprios moradores estão recolhendo os detritos.
Morador do bairro há quase 3 anos, o militar Bruno da Silva Nunes, 34 anos, encontrou, na manhã desta sexta-feira, ao sair para o trabalho, sua motocicleta com o bagageiro cheio de água.
— Eu não imaginava que fosse chover assim. Começou por volta das 21h e só parou agora de manhã. Minha moto ficou em um local alagado, e entrou água até no baú. Não sei se a moto estragou. Ela não liga — lamentou Bruno.
Enquanto isso, funcionários da Prefeitura do Rio tentam drenar a água que na Rua Dona Delfina. Muito lixo está espalhado pela via. Nos prédios, faxineiros limpavam a lama e o lixo após o temporal.
— Choveu muito na última madrugada. Essa rua enche, mas em 30 minutos escoa. Com a falta de garis e essa sujeira toda espalhada pela rua, ela ficou alagada até agora de manhã — conta o zelador Paulo Pedro da Silva, 61, que trabalha em um prédio da rua e fazia a retirada de lixo e folhas.
Parte do guarda-corpo do Rio Maracanã foi levada pelo temporal. O local passa por obras.
Cenário de destruição no Flamengo
Na Rua Dois de Dezembro, no Flamengo, na Zona Sul, o cenário é de destruição. Motos e carros foram arrastados pela forte chuva. A aposentada Vilma Teixeira, de 87 anos, conta que uma das motos é do neto e o veículo é usado para fazer entregas.
— Eu dormi mais que a cama essa noite e acordei com esse cenário de destruição. Moro aqui há há mais de 30 anos e não via isso. Esse (veículo) é o ganha pão dele. Ele está desesperado — contou.
Outro que teve a moto levada pela correnteza foi o empresário Felipe González, de 33 anos. Nesta manhã, ele tentava em vão ligar sua motocicleta.
— Moro aqui há um ano e meio e nunca teve uma chuva aqui a ponto de levar as motos. Sou empresário, e vou com ela de um lugar para o outro — disse. Como a água entrou na bateria, ele terá que mandá-la para uma oficina.
Moradores contam que, há dois anos, houve uma obra na região, mas os problemas quando chove não foram resolvidos.
— Há dois anos, abriram essa rua e colocaram uma manilha grande, mas sempre chove. A água foi tão forte que entrou na garagem do prédio. Aqui é fogo — conta Gilberto Dias, 77, e que que mora na rua há 55 anos.
Enquanto isso, funcionários dos prédios retiram o lixo e a lama espalhada.
— Quando eu cheguei, estava tudo alagado. Aqui acontece sempre quando chove, mas desta vez a situação foi pior por conta do lixo nas ruas — afirma André Gomes, 21, faxineiro de um edifício.
Prefeito pediu atenção
O Rio ficou em estágio de atenção desde a 1h30 desta sexta-feira, dia 1º de abril de 2022; e em estágio de alerta desde as 23h15 desta quinta-feira (31/03). Copacabana, Rocinha, Vidigal, Alto da Boa Vista e Jardim Botânico registraram mais chuvas entre 5h e 5h30 desta sexta-feira. A Tijuca, na Zona Norte, também foi um dos bairros onde mais choveu, e nesta manhã ainda registrava chuva intensa em alguns pontos, com alagamentos. Guaratiba teve o maior volume de precipitação.
Da sede do COR, o prefeito Eduardo Paes pede atenção aos moradores da cidade e principalmente a motoristas. Ele reconheceu que foram muitos bolsões d’água registrados por toda a cidade e voltou a alertar sobre problemas causados pela chuva ao longo do dia.
Paralisação: Greve dos garis é suspensa após chuva forte no Rio
Durante o temporal de ontem, o COR registrou pelo menos 49 ocorrências, como bolsões d’água — alguns deles tomaram ruas do Centro, obrigando motoristas a abandonar seus veículos ou retornar —, interdições de vias e acionamentos de sirenes. Na Zona Sul, vários bairros ficaram alagados, como Laranjeiras, Botafogo e Copacabana. Na Avenida Atântica, a água invadiu a calçada.
A Defesa Civil também acionou 67 sirenes em 35 comunidades, entre elas Morro da Formiga, Pavão-Pavãozinho, Rocinha, Mangueira e Morro de São João.
As precipitações são resultado da chegada de uma frente fria frente fria. O estágio de alerta é o quarto nível em uma escala de cinco e significa que uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade ou há incidência simultânea de diversos problemas de médio e alto impacto em diferentes regiões.
A gravidade do efeito das chuvas aumentou seriamente os riscos de alagamentos nas ruas da cidade, já que os garis estavam em greve e o lixo acumulado nas vias públicas possivelmente favoreceu o entupimento de bueiros. No início da madrugada desta sexta-feira, em razão dos temporais, o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro suspendeu a paralisação até a próxima segunda-feira.
Lixo pelas ruas: Ruas do Centro e da Zona Sul ficam sujas e moradores reclamam do mau cheiro
De acordo com o meteorologista Nilton Moraes, o tempo seguirá instável até domingo.
— Na sexta, com a passagem da frente fria, a previsão é de chuva moderada a forte durante todo o dia. Já no sábado (02/04), ventos úmidos do oceano ainda poderão causar chuva moderada a ocasionalmente forte. Os ventos também estarão predominantemente moderados, com eventuais rajadas fortes, nos dois dias — informa Nilton.
Segundo o Alerta Rio, a estimativa de chuva para esta sexta é de 45mm, e no sábado há indicativo de diminuição para 25mm. No domingo, o tempo segue chuvoso no Rio, com estimativa média de 5 mm para toda a cidade.
Fonte: G1