Rio acelera calendário de vacinação e prevê primeira dose para adultos até o fim de agosto


RIO — Ao lado do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, o prefeito Eduardo Paes anunciou na manhã desta sexta-feira a aceleração de um mês do calendário de vacinação para a Covid-19. Pelas novas datas, todos os moradores da cidade com mais de 18 anos devem receber ao menos uma dose até o dia 31 de agosto deste ano, enquanto a primeira previsão era de final de outubro. O novo calendário também prevê para o mês de setembro, até o dia 15, que adolescentes entre 12 a 17 anos sejam vacinados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou na última semana a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 para maiores de 12 anos.

Segundo a prefeitura, o novo calendário foi feito a partir da previsão de entrega de vacinas pelo Ministério da Saúde.

— O que estamos vendo que a regularidade tem acontecido até de forma mais rápida. Muita gente perguntou se conseguiríamos cumprir o primeiro, mas era um calendário conservador — disse Paes.

E completou:

— Cada dia que ganhar é a chance de diminuir a possibilidade do vírus contaminar alguém.

Gestantes e puérperas podem se vacinar contra a Covid-19 ao longo da próxima semana, de segunda-feira (21) a sábado (26). Este grupo recebe apenas imunizantes Pfizer ou CoronaVac por determinação do Ministério da Saúde.

Calendário de julho
Calendário de julho Foto: Reprodução

Calendário de agosto
Calendário de agosto Foto: Reprodução

Calendário de setembro
Calendário de setembro Foto: Reprodução

O Rio atingiu, nesta quinta -feira, a marca de 50% da população acima de 18 anos vacinada com ao menos uma dose contra a Covid-19. Segundo o painel da prefeitura do Rio, mais de 2,6 milhões de pessoas já foram vacinadas na cidade contra o coronavírus. Os dados apontam também que 18,4% das pessoas já completaram o ciclo das duas doses das vacinas.

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Nesta quinta-feira foram imunizados todos os cariocas com 51 anos. Entre eles está o prefeito Eduardo Paes, que recebeu a primeira dose da Fiocruz/AstraZeneca. Quem aplicou o imunizante foi o secretário de Saúde do município, Daniel Soranz.

— Vou vacinar da vacina carioca, da Fiocruz, a Astrazeneca — comemorou, sorridente, Paes, ao lado de Tia Surica na quadra da Portela.

O prefeito voltou a falar na “corrida” com outros estados e cidades para celeridade na vacinação.

— Fiz o desafio ao governador João Doria e ao Flávio Dino, que também tá bem adiantadinho, infelizmente ele vai ser difícil de alcançar… Mas vamos mostrar que carioca, malandro da Portela, não perde para ninguém. Então, vamos esperar ter boas notícias amanhã, acho que a gente vai conseguir. Estamos esperando um pouco, avaliando essa semana, as vacinas têm chegado com muita frequência, gostaria inclusive de agradecer ao Ministério da Saúde, à Fiocruz, porque fiz questão de ser vacinado pela AstraZeneca, uma vacina fabricada no RJ, que funciona, não tem problema nenhum. O mais importante nesse momento é todo mundo vir se vacinar, tomar as duas doses. A gente começa agora a ver alguma luz no fim do túnel.

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Projeção aponta que vacinação na cidade do Rio já salvou a vida de mais de 1.500 idosos

A cidade do Rio já sente os benefícios da imunização de idosos contra a Covid-19. Uma projeção feita pelo estatístico Rafael Izbicki, professor da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, a pedido do GLOBO, estima que somente na capital a vacinação contra o coronavírus pode ter salvado a vida de 1.512 pessoas com 65 anos ou mais e evitado mais de três mil internações de casos graves nesta faixa etária.

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O levantamento foi feito pelo matemático usando dados de hospitalizações divulgados semanalmente pelo Ministério da Saúde na plataforma Sivep-Gripe, que reúne as informações de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave. Para realizar a projeção, Izbicki desconsiderou casos que ocorreram nos últimos 30 dias por causa do possível atraso de notificação. O cálculo se baseia na relação entre o número de internações de pessoas com mais de 65 anos com o das demais faixas etárias antes do início da vacinação. A partir desse percentual, foi feita a projeção de quantas hospitalizações teriam sido evitadas até 14 de maio.

— Quando a faixa etária é ser vacinada, começamos a ver os efeitos da imunização após três semanas a um mês. O efeito da proteção ainda não está completo porque nem todos tomaram a segunda dose. Mas, se não tivéssemos a vacina, provavelmente estaríamos vendo um aumento de internações e mortes de idosos — afirma o estatístico.

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O secretário de Saúde da capital, Daniel Soranz, diz que o impacto da vacinação já é percebido no atendimento dos hospitais. Ele pontua ainda que, nesta época do ano, era esperado três vezes mais internações de idosos por causa da gripe, o que não aconteceu. E defende a opção da prefeitura de acelerar a proteção contra o coronavírus dos idosos em detrimento de alguns grupos prioritários mais jovens. Em maio deste ano, pela primeira vez desde o início da pandemia, nas redes pública e privada da capital, os idosos corresponderam a menos da metade (39,6%) do total de internações por Covid-19.

— Esse número é o que programávamos. Se não fosse o efeito da vacina, não teríamos essa alta redução de hospitalização entre os idosos imunizados. Seria muita gente internada simultaneamente, e poderíamos ter três vezes mais mortes — analisa Soranz, ressaltando que o risco de transmissão da doença na cidade é alto e a quantidade de leitos ocupados ainda preocupa.

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Menos gastos

Além de salvar vidas, a prevenção de mais de três mil internações tem um impacto financeiro. Apenas em unidades que ficam na cidade do Rio, Izbicki estima uma economia de R$ 210 milhões em gastos hospitalares. O cálculo foi baseado em um estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que aponta que o tratamento de um paciente com Covid-19 até a alta ou o óbito custa em torno de R$ 70 mil.

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Recuperada da Covid-19 e devidamente imunizada após tomar as duas doses da CoronaVac, Nilza Barros Reis, de 85 anos, está ansiosa para retomar a rotina de ir às missas, visitar os parentes e fazer aquilo de que mais gosta na vida: viajar. A aposentada ficou internada durante 20 dias com Covid-19 no fim do ano passado no Hospital Municipal Ronaldo Gazola, em Acari. Seu maior medo, era que a vacina não fosse desenvolvida:

— Quando toda a população estiver vacinada, quero passear no Parque das Águas, em São Lourenço. Curtir o comércio e as comidas de lá.

Viajar também está nos planos da professora de literatura portuguesa na faculdade de Letras da UFRJ Luci Ruas, de 73 anos, também já vacinada. Mesmo vacinada, ela continua a dar aulas remotas:

— A vontade é sair, viajar, visitar parentes e amigos, ficar mais próxima dos filhos e netos. Mas o vírus ainda não deu trégua, e a realidade exige de nós muito cuidado.

A professora tem razão. Epidemiologista da Uerj, Gulnar Azevedo diz que mesmo quem já completou a imunização precisa manter as regras sanitárias, como o uso de máscaras:

— Esse cálculo sobre vidas salvas é uma ótima notícia e confirma o que os estudos mostravam, mas mesmo que já recebeu as duas doses precisa manter todos os cuidados possíveis.





Fonte: G1