Marcelo* conhece como a palma da mão as trilhas do Morro Luis Barata, na Serra de Inhoaíba, Zona Oeste do Rio. Ele faz parte da equipe do Replantando Vida, programa socioambiental da Cedae, que atua no reflorestamento de uma área de 25 hectares na região (equivalente a 35 gramados do Maracanã). Há dois anos no projeto que mais emprega mão de obra prisional do país, ele teve a oportunidade de aprender os conceitos teóricos do trabalho durante o Curso de Capacitação em Restauração Florestal, ministrado por especialistas do setor ambiental.
Ao todo, 30 apenados participaram das aulas, entre os dias 8 e 12 de agosto, em locais que compõem a bacia hidrográfica do Guandu, como as margens do Rio Guandu e a Serra de Inhoaíba.
— Trabalho há anos na prática, mas me faltava o conhecimento geral do reflorestamento. Eu sei como fazer, mas não sabia ao certo o porquê fazer. Por exemplo, por que eu devo aplicar certas técnicas de plantio?. Eu não tinha essa noção e, agora, com o curso, estou adquirindo esse conhecimento. Estou entendendo os diferentes tipos de solo, de espécies de árvores, de práticas de plantio. Consigo ver o valor do meu trabalho para a recuperação florestal do estado — conta Marcelo, que fica baseado no viveiro florestal da Cedae no Reservatório Victor Konder, em Campo Grande.
Esse é só o primeiro Curso de Capacitação em Restauração Florestal de 2022. A intenção é que mais módulos sejam aplicados ainda este ano, focados em diferentes etapas da cadeia produtiva.
— Por meio dessas aulas, queremos que a nossa equipe, que já trabalha em ações de plantio, entenda de forma mais ampla o que é o reflorestamento – quais são as perspectivas para o estado, qual a relação com a segurança hídrica, e como melhorar os serviços ecossistêmicos. Nosso objetivo é ampliar o conhecimento desse time para que, futuramente, eles se lancem no mercado ambiental, que é muito relevante – conta Elton Abel, engenheiro florestal da Cedae e um dos coordenadores do curso.
Para Anderson*, que trabalha na equipe de reflorestamento na Bacia do Guandu, as aulas representam não só uma oportunidade de crescimento pessoal, mas também de multiplicação do aprendizado.
— Tudo o que estamos vendo aqui vai nos ajudar a aperfeiçoar o que fazemos diariamente. Estamos tendo contato com pessoas experientes da área, o que é excelente. Também é importante porque vamos poder ensinar o que estamos aprendendo para outros colegas, multiplicando cada vez mais o conhecimento — conclui.
Compromisso com a ressocialização e o meio ambiente
Os apenados que integram o Replantando Vida são contratados por meio da parceria da Cedae com a Fundação Santa Cabrini (FSC), responsável por gerenciar o trabalho prisional no Rio de Janeiro. Eles recebem salário mínimo nacional e o benefício de redução de um dia de pena a cada três trabalhados.
O programa produz mudas usadas na recuperação de matas ciliares e na preservação da Mata Atlântica. Somente em 2022, o Replantando Vida já viabilizou a doação de mais de 140 mil mudas para mais de 40 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Desde sua criação, em 2001, mais de 6.000 pessoas já passaram pelo programa. Atualmente, há cerca de 600 apenados trabalhando na Cedae.
*Os nomes foram trocados para preservar a identidade.
Fonte: Portal G1