Projeto ‘Coletivona’ reúne mulheres em rodas de conversa e oficinas virtuais na Maré


Nem a pandemia conseguiu impedir a realização do projeto “Coletivona”, que volta a acontecer de forma remota no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Idealizada há mais de dois anos por Natasha Corbelino, da Corbelino Cultural, a ação dessa vez tem sido realizada de forma remota e online com atividades divididas entre leituras performativas, rodas de conversa,falas de mulheres protagonistas da comunidade e oficinas de instrumentalização de produção cultural. Para Natasha, a ideia é expandir ainda mais os laços criados entre as mulheres da Maré com toda a cidade do Rio.

— Gosto de pensar a Coletivona como um poema a céu aberto que mulheres da favela e do asfalto vêm desenhando em convivência presencial na Maré e, agora, online. O caminho que as mulheres asfaltadas têm percorrido na direção da potência do chão mareense. O caminho aberto que as mulheres da favela firmam para este trânsito acontecer. Os caminhos por dentro e por fora que fazemos todas juntas pela cidade, e agora na pandemia, pelos canais virtuais.

A programação gratuita acontece até o próximo domingo, dia 1º. Nesta terça-feira, dia 23, por exemplo, tem início uma oficina com o Museu da Maré sobre a transmissão da memória cultural do território mareense, às 17h. No sábado, também às 17h. Já no domingo, às 17h e às 20h, acontece a “Coletivona em campo virtual”, considerado pelos organizadores um presente de aniversário do Rio. Trata-se de uma ação performativa que deseja borrar as fronteiras a partir da memória coletiva. As atividades podem ser acompanhadas pelo canal do YouTube do Museu da Maré.

O projeto teve início em dezembro de 2018, quando Natasha fez um chamamento para mulheres poderosas da região, e é composto pelo encontro de 21 mulheres de várias formações e áreas de atuação que dividem um encontro regular e a convivência no chão mareense como base, se amplificando sobre experimentações e partilhas de saberes.

— Na Coletivona, abrimos espaços para que conversas múltiplas se instaurarem. Nosso compromisso é com a saúde que podemos gerar com nossos encontros. A cultura sendo motor para esta saúde coletiva agir, e a Maré sendo impulso para esse motor brilhar na magia. A Coletivona é imensa como são os sonhos que nos habitam, em todos os nossos CEPs. Queremos Coletivona pelo país. E as artes da cena como esse lugar poderoso de encontro e expansão.

O projeto teve início em dezembro de 2018, no Complexo da Maré
O projeto teve início em dezembro de 2018, no Complexo da Maré Foto: Divulgação

Somado a esta programação, acontece um programa de ações formativas para moradores do Complexo da Maré, como começo de instrumentalização para gerar mais trabalhos no campo virtual. São três oficinas, todas com ajuda de custo emergencial para os 20 participantes que se inscreverem em cada turma, 60 pessoas no total.

Contemplada pelo edital Retomada Cultural, do Governo do Estado do Rio e Secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio, através da Lei Aldir Blanc, do Governo Federal, o projeto recebeu nota máxima em sua aprovação.

A principal ação artística é o trabalho performativo idealizado por Natasha para o livro da jornalista, comunicadora comunitária mareense e referência na luta pelos direitos humanos, Gizele Martins. A partir dos textos de Gizele, com trechos do acervo do Museu da Maré escritos por Cláudia Rose (diretora do Museu), o projeto estreia uma dramaturgia inédita nomeada “A Mareense”, assinada por Natália Balbino. Do texto, que fala de memórias políticas e culturais que constituem o Complexo da Maré, serão apresentadas leituras feitas por mulheres da Maré e de outras partes da cidade.

Além desta série de leituras, acontece uma maratona de encontros onde as mulheres mareenses compartilham as suas trajetórias e relações com o território, além de rodas de conversa sobre ancestralidade, memória, futuros e o presente possível nestes tempos pandêmicos. Toda programação acontece no Zoom ou no YouTube.

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Fonte: G1