Um projeto para resgatar a memória da festa junina na cidade, na Baixada Fluminense e em todo o estado. Duas palhaças que alegram pacientes de todas as idades em hospitais dentro e fora de Nova Iguaçu. E, uma escritora contadora de histórias infantis com cinco livros publicados. Esses são alguns dos projetos contemplados pelo prêmio Destaque Iguaçuano, promovido pela prefeitura de Nova Iguaçu. Os 23 vencedores foram definidos por votação popular entre 51 projetos inscritos em nove categorias.
O projeto do designer gráfico e morador de Nova Iguaçu Milton Luiz da Silva é um site chamado “cultura junina”, onde ele reúne acervo sobre festas juninas em diversas cidades do estado. Além de levantar imagens e vídeos, ele também faz uma pesquisa sobre as quadrilhas que existiram ou ainda estão em atividade nessas cidades. O projeto foi contemplado na categoria “apresentações artísticas”.
— Esse projeto nasceu a partir de um trabalho acadêmico no curso de design. Eu já era do movimento junino nos anos 1990, então escolhemos falar de alguns grupos que existiam naquela época, em 2005, no Rio de Janeiro — lembra.
O “cultura junina” já teve uma exposição física no ano de 2008, mas virou um acervo virtual durante a pandemia.
— Eu faço parte como produtor junino desde 1990 de uma quadrilha chamada “que rei sou eu” que era aqui de Nova Iguaçu, ela durou até 2005. Em 2019, eu decidi que ia me dedicar só ao trabalho de pesquisa. O que me motivou mais ainda a continuar com esse projeto foi eu fazer parte do movimento e não enxergar dentro dele nenhuma iniciativa de preservação do patrimônio para tentar fazer com que essas histórias se mantenham para as próximas gerações — explica.
Para ele, a premiação pelo projeto é um reconhecimento coletivo também às pessoas que fazem parte do movimento de festas juninas e que contribuem com a doação dos acervos e depoimentos.
Já as moradoras Beatriz Alves da Silva e a amiga Ana Claudia Ribeiro Lima foram contempladas pelo prêmio na categoria “cultura” com o projeto Trupe dos Palhaços sem Porteiras. As duas se apresentam há 12 anos no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, para animar os pacientes de todas as idades.
— O palhaço que a gente faz não é um palhaço comum, é sensível, às vezes a gente vai só para ouvir o paciente falar. O palhaço é relação, é buscar tirar a pessoa daquele momento difícil e levar pra outro lugar. Esse poder que o palhaço tem de transformar esse ambiente, de tornar mais leve, é algo fantástico. Não tem preço que pague — afirma Beatriz.
Desde que as visitas foram suspensas nos hospitais por causa da pandemia de Covid-19, as amigas têm feito as visitas online pelo celular. Para Beatriz, a premiação é um importante reconhecimento do trabalho voluntário que elas fazem e da resposta do público sobre ele.
— Eu acho bem legal, porque é um reconhecimento. A gente é voluntário. Não tem dinheiro que pague o que a gente recebe, porque ganhar o sorriso de alguém é viciante. É muito gratificante. A gente não faz por dinheiro, faz por amor. É legal ver que as pessoas estão curtindo, que admiram — diz.
Eliscritora, como é conhecida Elisângela Ribeiro, é outra moradora contemplada pela primeira edição do prêmio, na categoria “educação”. Ela é professora de biologia e escreve livros infantis. Com cinco livro publicados, ela começou a escrever porque já contava histórias para os filhos dormirem e tinha receio de esquecê-las. O projeto existe desde 2017 e na pandemia ela migrou para o ambiente virtual.
— Durante a pandemia fiz lives levando a literatura e ajudando principalmente mães com crianças em casa. Nesse período lancei um livro online, gratuito. Também gravei vídeos no Youtube de contação de histórias, principalmente para incentivar a leitura nos pequenos e gerar memórias afetivas nos pais — conta.
Os livros de Elisângela têm como temas o meio ambiente, sustentabilidade e aceitação das diferenças. E na casa dela a comemoração é em dobro, porque sua irmã gêmea também foi contemplada na categoria “redes e parcerias”, com o projeto Movimento Atitudes Bem Me Quero, que trabalha a importância da autoestima em mulheres.
— Estou muito feliz, porque a literatura em Nova Iguaçu é uma efervescência. Esse prêmio é um reconhecimento de um trabalho para mostrar que vale a pena incentivar a literatura na primeira infância — diz Elisângela.
Os vencedores receberam os prêmios e diplomas na noite de ontem no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.
Fonte: G1