Cinco anos após os Jogos de 2016, parte importante do Parque Olímpico, na Barra, deve, enfim, se tornar um legado para a cidade. A prefeitura lançou, anteontem, um aviso de edital no Diário Oficial para a desmontagem do Parque Aquático e da Arena do Futuro (Centro Olímpico de Handebol), que vai virar quatro escolas municipais, a um custo estimado de R$78,8 milhões. As unidades serão instaladas em Santa Cruz, Campo Grande, Rio das Pedras e Bangu, cada uma com capacidade para 245 alunos.
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Ontem, integrantes da Comissão de Esportes da Câmara Municipal fizeram uma vistoria nas arenas. Em algumas delas, o quadro é de total abandono, com sujeira espalhada e moradores de rua ocupando as estruturas que estão fechadas há anos. O Centro Olímpico de Handebol está sem luz, de acordo com o porteiro, há uma semana. Os terrenos onde estão as arenas são de propriedade do consórcio Rio Mais, que foi responsável pela construção. Com a desmontagem, o consórcio voltará a assumir o espaço, e a prefeitura informou que há “previsão legal” para se construir no local.
— A prefeitura está tentando corrigir um erro do passado. Isso já teria que ter sido feito, mas não houve planejamento. Não era para a gente estar comemorando a construção de quatro escolas, e sim de dez — afirmou o vereador Felipe Michel, presidente da Comissão de Espores da Câmara, após a vistoria.
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O projeto de reconversão em quatro escolas está emperrado desde o fim da competição. Em 2017, o governo federal, responsável por repassar os recursos para a obra, disse que a iniciativa estava suspensa porque a prefeitura, desde a gestão do primeiro governo Eduardo Paes, não teria entregue o plano de trabalho. O município, por sua vez, alegava que não recebera verba da União.
Em meio à disputa, o sucessor Marcelo Crivella chegou a assinar um termo junto à prefeitura de Duque de Caxias para que as escolas fossem montadas na cidade da Baixada, o que tampouco se concretizou.
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Já o Parque Aquático seria desmontado e suas piscinas distribuídas. Das cinco piscinas, três foram compradas pelo Ministério dos Esportes e foram repassadas para Manaus, Salvador e Guaratinguetá. Já os equipamentos comprados pela prefeitura do Rio seriam instaladas no Parque Madureira, e em Campo Grande, o que não ocorreu. Crivella chegou a doar uma piscina para o Exército, que depois a devolveu. Em março, a prefeitura negociou a doação da principal piscina para Maricá, mas a estrutura metálica continua Barra, abandonada.
Em nota, o prefeito Eduardo Paes respondeu ao GLOBO que as tratativas com Maricá estão “em andamento”. O prefeito também confirmou que está negociando com o governo federal para a prefeitura assumir toda a gestão do Parque Olímpico, hoje compartilhada com o Ministério da Cidadania. Ele revelou seu desejo em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, na última segunda-feira. Sua intenção é conceder a Arena 1 para a iniciativa privada e manter o uso esportivo na Arena 2, ambas hoje sob responsabilidade do governo federal.
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Procurado, o Ministério da Cidadania afirmou que a liberação dos recursos, via Caixa Econômica Federal, depende da apresentação, por parte da prefeitura, do plano de ação. Já o prefeito explicou que “os custos serão arcados pelo município até que a negociação com o governo federal seja concluída”.
Segundo levantamento da vereadora Teresa Bergher (Cidadania), de 2017 a 2021 foram liquidados R$ 15,6 milhões à concessionária Rio Mais, pela administração do Parque Olímpico. Desde 2019, porém, não há pagamentos.
Fonte: G1