Prefeitura estima ter cinco empreendimentos do Reviver Centro aprovados até o final do ano


RIO — Com dois prédios residenciais já licenciados dentro do plano Reviver Centro, a prefeitura estima que ao menos cinco empreendimentos estejam aprovados até o final do ano. Nesta sexta, o prefeito Eduardo Paes participou do lançamento oficial do Cores do Rio, o primeiro licenciado sob as novas regras urbanísticas, sancionadas há dois meses, e dedicou agradecimentos à iniciativa privada.

Conforme mostrou O GLOBO, o segundo edifício aprovado fica na Rua Acre 33, batizado AKKO, da Construtora Engeziler, com previsão de 119 apartamentos em 21 andares. Números semelhantes ao Cores do Rio, da W3 Engenharia, que terá 122 unidades, de um quarto e dois quartos, além de estúdios, na Rua Irineu Marinho. Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, um terceiro empreendimento já está sendo analisado, em vias de aprovação.

Terreno onde será construído o prédio, com seis andares e 122 apartamentos
Terreno onde será construído o prédio, com seis andares e 122 apartamentos Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Durante a cerimônia, na manhã desta sexta, que contou com presença, além dos empreendedores, de secretários municipais e do presidente da Câmara dos Vereadores, Carlo Caiado, aliado de Paes, o secretário de Desenvolvimento Econômico Chicão Bulhões, responsável pelos processos de licenciamento imobiliário na cidade, afirmou que os projetos dentro do Reviver Centro terão prioridade, pois trata-se da área que é foco da prefeitura para retomada social e econômica do Rio.

— A gente ter residenciais aqui é super importante. Já tem, além desse, dois ou três projetos na fila no Reviver Centro. Acreditamos que pelo menos até o fim do ano mais uns cinco projetos apareçam. Torcemos para que seja mais, mas a gente sabe que depende do apetite do setor privado. A nossa expectativa é termos pelo menos cinco licenciados (até o final do ano) — explicou Bulhões, que lembrou ainda do Projeto de Lei 136, que tramita na Câmara Municipal, prestes a ser votado, e que aumenta as ferramentas para reconversão de imóveis entre residenciais, comerciais e tombados. — O Centro é um lugar bom para retrofit. Com a aprovação do PL136, esperamos bombar ainda mais reconversão dos imóveis no centro.

Prefeito Eduardo Paes discursa ao lado do secretário Chicão Bulhões e do empreendedor Flavio Wrobel
Prefeito Eduardo Paes discursa ao lado do secretário Chicão Bulhões e do empreendedor Flavio Wrobel Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Os dois prédios já aprovados no Reviver ficam nas chamadas áreas de “franja” do miolo do Centro. Ou seja, não exatamente no trecho principal e movimentado, mas em zonas do entorno, que já possuíam vocação mais voltada para o residencial. Tanto Bulhões quanto Fajardo afirmaram que essa tendência já era prevista, dentro da prefeitura, por se tratarem, inclusive, de regiões com maior oferta de terrenos livres.

— A gente esperava isso, é natural que o mercado procure áreas que já tenham perfil residencial. Mas esse prédio (Cores do Rio) é uma mensagem importante para o mercado, de que o Reviver funciona. E agora começam a vir outros — celebrou Fajardo, que confirmou que a prefeitura é favorável à emenda que retirará o bairro da Urca e ruas do Cosme Velho da abrangência do PL136.

No evento, o prefeito Eduardo Paes fez um rápido discurso, em que dedicou agradecimentos ao setor privado. Na sua fala, ele fez referência à suspensão da reabertura de 12 estações de BRT na Avenida Cesario de Melo, por causa da violência, um exemplo, segundo ele, de como a retração econômica resulta na fragilidade do estado e consequente abandono de territórios e seu domínio por autoridades paralelas.

— Quero cumprimentar especialmente o setor privado. Governo vive de cobrar imposto, se não tem setor privado, se não tiver atividade econômica, o governo para e a sociedade se ferra. Aí gente vai viver num mundo paralelo, da informalidade, com governos enfraquecidos e territórios sendo tomados por outras autoridades que não aquelas reconhecidas. Se a gente não tiver a coragem de apoio econômico de vocês , vai ser muito difícil a gente continuar avançando — afirmou o prefeito, que comentou sobre a projeção da votação do novo Plano Diretor, previsto para o início do ano que vem.

Contrapartidas sociais

O empreendimento Cores do Rio deve gerar, indiretamente, de R$4 a R$6 milhões em recursos para habitação social, explicou Washington Fajardo. Isso devido ao mecanismo criado pelo Reviver Centro, que conta com Operação Interligada em áreas da Zona Sul. Como forma de incentivar as construções no Centro, o empreendedor passa a ter um benefício construtivo — a ser executado sem prazo fixado — na Zona Sul, especialmente em Ipanema e Copacabana, onde ele poderá construir edifícios acima da altura existente hoje, mas dentro do gabarito aprovado.

Ao fazer uso desse benefício, a construtora precisa pagar uma contrapartida ao município. Se a prefeitura decidir pelo depósito financeiro direto — a outra opção é determinar execução de benfeitorias e obras no Centro — o dinheiro será transferido para o Fundo de Desenvolvimento Urbano, que financiará habitações de interesse social no Centro. Os recursos não podem ser usados em outro bairro da cidade.

— Quanto mais dinâmica imobiliária, mais recurso para melhorar o Centro e fazer o componente social — disse Fajardo. — Por isso a Operação Interligada era tão importante, para traduzir qualidade em quantidade. Começamos a poder sonhar e acordar com Centro bonito, com mais gente.

O secretário explicou que a meta, dentro do Plano Estratégico da prefeitura, é aumentar, até o final do mandato, em 15% a população do Centro, hoje de 40 mil pessoas. O Cores do Rio deverá representar um acréscimo de cerca de 400 pessoas, ou seja, 1% da população do bairro.

— O Reviver tem dois lados, um é olhar aumento do estoque residencial e o outro é o espaço público. Essa semana tivemos a primeira reunião da governança do Reviver, que envolve vários órgãos públicos. Começamos a melhorar algumas áreas, como Cinelândia e Rio Branco, na melhoria dos serviços públicos, manutenção e conservação de calçadas, e recuperando luminárias. O que precisamos para ter um Centro mais sustentável é população — disse Fajardo.





Fonte: G1