Prefeitura do Rio pede ao estado reposição de mais de 540 mil doses aplicadas em moradores de outras cidades


Na mesma semana em que anunciou nova aceleração — de cerca de duas semanas — no calendário de vacinação contra a Covid-19, a prefeitura do Rio, através do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, fez um pedido, na última segunda-feira (12), à Secretaria Estadual de Saúde (SES) para que, em próximas distribuições, sejam entregues doses complementares à capital. A solicitação é para o recebimento do número proporcional de vacinas à quantidade de pessoas de fora do município que se imunizaram na cidade “para que não haja prejuízo ao avanço da vacinação”.

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O ofício da SMS diz que 543,9 mil de 4,3 milhões de doses aplicadas até a última segunda-feira foram dadas em pessoas de fora, ou seja, 12,4% do total. Em resposta ao documento interno, a SES respondeu que iria encaminhar ao pleito à discussão, mas que não possui reserva “deste porte”, o que, neste momento, tornaria impossível subtrair as cotas destinadas a outros municípios.

“É importante informar que a SES não possui reserva de imunobiológicos desse porte, sendo as doses enviadas pelo Ministério da Saúde encaminhadas aos municípios de forma proporcional à população, não sendo possível neste momento subtrair o quantitativo demandado das cotas destinadas aos demais municípios”, diz trecho da resposta da Secretaria Estadual de Saúde ao ofício, dada pela superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da pasta, Dayse Muller Fernandes, nesta nesta quinta-feira.

Indagado nesta sexta-feira pelo EXTRA durante apresentação do 28º Boletim Epidemiológico, o secretário Daniel Soranz, assim como já havia afirmado no mês passado, disse que este tipo de pedido é normal durante campanhas de vacinação. Ele revelou que Duque de Caxias é a cidade que mais tem “migrantes” que vêm ao Rio se vacinar, mas disse que o número, apesar de bem maior que em outras campanhas de imunização, é considerado ainda pequeno e dentro do esperado.

— Esse é um pedido normal, a gente sempre faz esse ajuste de doses em programas de imunização. É importante, é claro, que quando alguém se desloque de outro município para vir se vacinar no Rio que a gente seja recompensado com aquelas doses. Já teve a aplicação da vacina, e aí, é importante a compensação. Mas isso ainda está sendo discutido no Conselho de Secretários Municipais de Saúde e também há pessoas do Rio que se vacinam em outros locais. É importante que a gente consiga equilibrar o calendário e que a gente possa avançar de maneira justa — disse Soranz.

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De acordo com o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, o ofício foi interpretado, na verdade, como uma sondagem. Segundo ele, não foram identificadas distorções, até o momento, que justifiquem maior aporte de vacinas para a capital. Mas acrescentou que estado e municípios vão se debruçar sobre o tema.

— Na verdade foi uma sondagem, não um pedido oficial. As vacinas são disponibilizadas para os municípios de acordo com dados do Ministério da Saúde. A única coisa que a secretaria faz é ter uma reserva estratégica para corrigir distorções. A gente não identificou distorções graves ainda nesse processo do Ministério da Saúde, salvo casos pontuais em outros municípios. A orientação foi que as áreas técnicas dos municípios do estado sentassem para poder bater os números, mas nesse momento a gente não identifica correções e distorções importantes a ponto de garantir maior aporte de doses para o município do Rio — afirmou Chieppe.

Segundo Daniel Soranz, a aplicação de doses na cidade do Rio para pessoas de fora oscila entre 10% e 11% durante o programa de vacinação contra a Covid-19. Ele destacou, no entanto, que entende que seja uma imunização atípica.

— É um número sempre mais ou menos entre 10% e 11% (de pessoas de fora do município que se vacinam na capital). Já era mais ou menos esperado, e vem acontecendo desde o início da campanha. Aliás, não vem tendo um aumento, na verdade, ocorre uma diminuição, porque outras cidades da Região Metropolitana também estão vacinando. Duque de Caxias é a cidade que mais exporta pacientes para virem se vacinar e, aos poucos, a gente vai fazendo esse equilíbrio — acrescentou Soranz. — Em todas as vacinas, sempre a gente equilibrou. Essa vacinação é um pouco atípica, diferente das demais. A gente nunca teve uma migração de 10%, nas outras fica em torno de 5% ou 6%, mas é possível (a compensação) e estamos em contato com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde.

Novo calendário

Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais na noite desta quinta-feira, o prefeito do Rio Eduardo Paes anunciou a antecipação do calendário contra a Covid-19. A previsão é que todos adultos sejam vacinados com ao menos uma dose até 18 de agosto. Até o fim desta semana serão imunizados todos acima de 35 anos, encerrando com 33 anos em julho. A partir de agosto, entretanto, o calendário deixa de ser de três dias para cada idade e começa com 32 anos no dia dois, seguindo com uma data por idade até o dia 18 de agosto.





Fonte: G1