O ponto de encontro dos carnavais do Brasil está de volta ao Rio. Pela terceira vez, a CasaBloco vai promover uma mistura de ritmos, oficinas gratuitas, feira de artesanatos e muita música boa. O evento é idealizado pela presidente da liga Sebastiana, Rita Fernandes, e será realizado nos dias 16, 17, 21, 22, 23 e 24 de abril. Pela primeira vez o palco deixará o interior da Casa França-Brasil e será montado na área externa, no Boulevard Olímpico, de frente para a Baía de Guanabara. Para a edição deste ano, representações artísticas das cidades de Salvador, Recife e Belo Horizonte. Adiado por conta da pandemia de Covid-19, a CasaBloco 2022 será uma explosão de toda alegria e vontade de fazer carnaval guardadas durante dois anos.
— A ideia é misturar e dar visibilidade às mais variadas manifestações culturais. Não vamos substituir o carnaval de rua, mas vamos conseguir simbolizá-lo de alguma forma com uma representação importante. O Rio é anfitrião dos carnavais do Brasil. Nós fazemos as misturas para que todos conheçam essas manifestações. Podem reclamar, mas nós somos o berço do carnaval. Estamos gestando um filho que era para nascer com nove meses e que virá ao mundo após longos dois anos — brinca Rita.
Ela aponta as dificuldades enfrentadas para construir essa edição, que incluem, além da Covid-19, a crise econômica e o aumento dos preços de passagens áereas e dos combustíveis, que encareceram toda a logística:
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— Tivemos a pandemia, que no começo do ano se manifestou de forma assustadora, e o adiamento do carnaval de rua. Para nós não fazia o menor sentido realizar a CasaBloco, naquele momento, sem o carnaval de rua. Quando a prefeitura anunciou que os desfiles das escolas de samba da Marquês de Sapucaí seriam possíveis em abril, neste novo cenário, entendemos que, como representantes de um carnaval mais amplo e por fazermos num local com controle de público, seria possível sim realizá-la.
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A programação inclui shows de Elba Ramalho, Diogo Nogueira, Baby do Brasil, Roberta Sá e diversos outros cantores e DJs que subirão ao palco no mesmo dia que blocos tradicionais da festa momesca, como Cacique de Ramos, Simpatia é quase amor e Quizomba. As noites serão temáticas, como o “Baile da Aleluia”, no Sábado de Aleluia (16 de abril), e a “Noite da Inconfidência (21 de abril). Porém,um dos encontros mais aguardados representará também a realização de um sonho, na “Sexta-feira Brega”:
— Vamos juntar o Fogo e Paixão com Sidney Magal, junção que é o sonho do bloco. Nós sabíamos desse desejo e teremos a oportunidade de realizar esse sonho. Inclusive, o Magal foi o último artista a fechar com a gente — conta Rita, que revela uma vantagem trazida pelo adiamento do carnaval no Rio: — Em fevereiro muitos artistas não poderiam estar conosco por conta das agendas profissionais, mas em abril elas foram flexibilizadas. Aqui, nós vamos potencializar essa mistura de músicas brasileiras.
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O evento será palco ainda de novidades musicais. No dia 22 de abril, a artista paraense Dona Onete se apresenta e lança uma parceria com o bloco Bangalafumenga. Além disso, os artistas pernambucanos Almério e Martins apresentarão um show inédito. Rita destaca que transformou a CasaBloco num festival pois acredita que o carnaval é uma linguagem artistística e musical que não está restrita aos meses de fevereiro, por exemplo, mas sim durante todo o ano e de diversas maneiras. Além disso, ela ressalta a cadeia produtiva, com geração de mil empregos diretos.
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Outra novidade deste ano será um estande de maquiagem carnavalesca gratuita para o público. A apresentação e recepção do público caberá, pela terceira vez, à Raquel Potí, personalidade famosa pelas pernas de pau. Já a feira com 20 expositores de acessórios, adereços e figurinos e as oficinas gratuitas ficarão sob responsabilidade da ativista cultural Sami Brasil, que não esconde a realização em ver o evento de pé. As oficinas acontecerão durante o dia, aos fins de semana, com inscrições prévias pela internet. Haverá aulas de percussão, brincos, perna de pau, estandartes e samba.
— Queremos dar visibilidade a esses empreendores negros e periféricos, parcela da população onde está a origem do carnaval. É uma ótima chance para quem precisou ficar parado durante dois anos. Estamos todos muito animados, superamos as incertezas na base de muita garra. Estamos falando de desenvolvimento econômico e valorização social.
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Cenografia vai trazer os sonhos infantis à CasaBloco
O projeto é da cenógrafa e diretora de arte Patricia Sobral, que planehou transformar a CasaBloco em uma grande brincadeira de criança. A inspiração, segundo ela, veio da necessidade de recuperar a alegria:
— Eu quis trazer os sonhos das crianças para cá. Coloridos, alegres, sem preconceitos. Teremos balanços suspensos a quase seis metros de altura com bonecos de pano sentados e vestidos com roupas tradicionais do carnaval, como bailarina, baiana e pierrô. Eu quero despertar a vontade das pessoas de estarem ali, também balançando. Deixá-las encantadas.
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O projeto inclui ainda a construção de um “céu” com as cores do arco-íris e mais de cem lustres repletos de franjas coloridas. Outro ponto que promete despertar curiosidade será a presença de figurinos de bate-bolas expostos em andaimes coloridos. A proposta, segundo a cenógrafa, é afastar a imagem assustadora o o estigma de medo que muitas crianças e adultos têm. Os dois meses de adiamento da CasaBloco, por conta do avanço da variante Ômicron, serviu para Patricia refinar os detalhes.
— O adiamento ajudou o projeto a ficar ainda melhor — conclui Patricia.
Os ingressos já estão à venda no site casabloco.com. A edição 2022 tem patrocínio da Prefeitura do Rio, via Secretaria municipal de Cultura; com patrocínio da Ambev, através da marca Brahma, e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura; além do apoio da Casa França-Brasil e o apoio institucional do Centro Cultural Banco do Brasil.
Fonte: G1