Ativo, espirituoso e muito querido. Apesar dos 76 anos, bem vividos, o pastor evangélico Jorgene Manoel Rodrigues ainda tinha muito a fazer. Mas, os planos e projetos dele foram interrompidos por um único golpe de faca que tirou sua vida, na madrugada do último sábado (16), no Jardim Bom Retiro, em São Gonçalo.
Embora tenha passado seu último dia de vida na igreja, conversando, brincando e pregando para os fiéis, o pastor demonstrou saber que algo errado iria acontecer. “Eu não vou demorar muito para morrer e, quando eu morrer, todos vocês vão saber o que aconteceu”, disse ele na Igreja do Pentencostes, na Curva do Vento, em Várzea das Moças, Niterói, onde congregava.
Eu não vou demorar muito para morrer e, quando eu morrer, todos vocês vão saber o que aconteceu Jorgene Manoel Rodrigues disse na igreja onde congragava
Jorge, como era conhecido, saiu da igreja e, após chegar em casa, já de noite, teria ido para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), segundo relatos da esposa.
“As histórias são confusas ainda. Mas o que me foi dito é que ele reclamou de uma coceira e saiu de casa para ir para a UPA sozinho. Mas ele não sairia a noite sozinho, muito menos a pé. O trajeto até a UPA é muito longo, e ele com artrose não aguentaria andar tudo”, explicou a consultora de vendas Rita Loureiro, de 41 anos.
Considerada como filha pelo pastor, Rita quer descobrir verdade sobre sua morte | Foto: Arquivo Pessoal
Rita sempre foi considerada como filha pelo pastor. Afinal, ele casou com a avó da menina quando ela tinha somente 4 anos. Criada pelos dois, ela passou a ser da família dele. Foram 37 anos de casados, até que, há dois anos, a avó de Rita faleceu. Ela seguiu na vida do homem que a considerava filha.
Após ficar viúvo, Jorge foi apresentado a uma mulher, 12 anos mais nova que ele. O pastor, que sempre teve uma companheira, resolveu conhecer melhor a idosa. Em menos de um ano, estavam casados.
“Quando minha avó morreu, eu fui para casa dele, cuidar dele. Quando ele resolveu casar com a atual esposa eu sai de lá e deixei ele viver a vida dele, mas nunca abandonei. Sempre cuidei, mesmo de longe. Sempre fui eu quem marcava médico, agia tudo”, contou Rita.
Contudo, embora fosse muito presente e cuidadosa com o avô, a filha foi uma das últimas a saber do que estava acontecendo, no último sábado.
“No sábado, já no final da manhã, que uma pessoa foi na minha casa e me contou que, na sexta ele teria saído a noite e que não teria voltado. Eu questionei o porque de não terem me avisado, mas me disseram que não tinham tido cabeça”. Quando soube do fato, Rita comunicou a família e ao pastor, amigo de seu avô. E foi esse pastor quem achou o corpo de Jorge, já no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó.
Pastor disse um dia antes que sua vida não duraria muito | Foto: Arquivo Pessoal
Tá tudo muito estranho, difícil e precisa de uma explicação Rita Loureiro
Jorge, segundo a polícia, foi morto por um corte de faca no pescoço. Ele foi encontrado na rua, há cerca de 15 minutos da casa onde morava.
“O local onde ele foi encontrado sequer era caminho para ir para a UPA. E ele também não conseguiria andar até lá. Tá tudo muito estranho, difícil e precisa de uma explicação. Eu não vou deixar o que aconteceu passar. Eu quero ajuda para descobrir quem fez isso com meu garotão, como eu o chamava”, declarou Rita.
Abalada, ela foi no início da tarde desta segunda na sede da DH buscar esclarecimentos e informar alguns fatos sobre a vida do avô. A polícia ainda não falou sobre o caso.
Fonte: O São Gonçalo