parques naturais do Rio aproximam contato com Mata Atlântica

RIO – Florestas, trilhas, montanhas e cachoeiras coabitam lado a lado a uma selva de pedras. Se comparado a outras cidades do Brasil e às grandes metrópoles do mundo, o Rio de Janeiro ocupa lugar privilegiado no quesito preservação do território verde: mais de um terço da área total do município é Mata Atlântica. O bioma celebrado neste dia 27 e que abriga o estado do Rio é um dos mais ricos em biodiversidade. É também o mais ameaçado de extinção do país e registrou, no último ano, aumento de 60% no desmatamento, em relação ao ano anterior, de acordo com o Atlas da Mata Atlântica. O pouco que sobrou, no entanto, ainda pode ser apreciado pelos cariocas nos diversos parques naturais da cidade.

Grande parte da população brasileira vive hoje em áreas que antes eram ocupadas apenas pela floresta. O engenheiro ambiental Beto Mesquita explica que ainda hoje a expansão urbana é a principal responsável pelas perdas.

– São dois lados da mesma moeda. Temos 36% da área do município de floresta, em diferentes estágios, e a maior parte está sob proteção legal como unidade de conservação. Por outro lado, a gente tem ações e vetores de expansão urbana que, de maneira completamente equivocada, ainda miram em áreas de floresta ou arborizadas para ocupar. Até hoje a gente briga não só para manter as áreas protegidas, mas também as que não são – afirma o diretor de relações institucionais do Instituto BVRio, que chama atenção, ainda, para os cuidados com o que sobrou de mata.

– Esses 20% que ainda nos resta são fundamentais para a nossa qualidade de vida, para o equilíbrio e segurança climáticos. Preservar e restaurar significa garantir que a gente tenha abastecimento de água regular, não sofra com mortes por chuvas que causam enchentes e deslizamentos de encostas, por exemplo – alerta.

Uma das formas de garantir proteção legal para os ecossistemas e recursos naturais é através das Unidades de Conservação (UC). São doze tipos diferentes, categorizados de acordo com as características que apresentam. Os parques naturais, por exemplo, têm esse nome por causa de sua função, que é promover o contato direto entre as pessoas e a natureza.

– Para ser considerado como parque, a Unidade de Conservação precisa ter duas características principais: possuir uma amostra representativa do ecossistema onde ele está (no caso do Rio, da Mata Atlântica) e atributos cênicos que sejam atrativos para os visitantes, como montanha, cachoeira, floresta, fauna – explica o engenheiro ambiental, citando o Parque dos Dois Irmãos, no Leblon, uma Unidade de Conservação que inicialmente não tinha os requisitos para tal, mas graças a iniciativas de replantio, voltou a ocupar a região nos atuais 39 hectares.

Além do Dois Irmãos, não faltam opções de parques naturais para quem busca passeios ao ar livre, uma oportunidade de se aproximar do que ainda restou do bioma e das centenas de espécies nativas. Veja abaixo alguns dos parques abertos para visita no município do Rio.

Parque Natural Municipal de Marapendi (Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste)

Com mais de 150 hectares de paisagens naturais, o Parque Marapendi resguarda os ecossistemas nativos de restinga e manguezal. Entre as espécies encontradas na região, destacam-se árvores centenárias, como jacarandás e pinheiros do Paraná. De bichinho, o visitante pode se deparar com o tucano-de-bico-preto e o bicho-preguiça. O parque se estende pela faixa litorânea da Barra da Tijuca, entre a Avenida Sernambetiba e a Avenida das Américas, desde o alinhamento da Avenida General Felicíssimo Cardoso até a Avenida Pedro Moura.

Sede do Parque Natural Municipal Marapendi
Sede do Parque Natural Municipal Marapendi Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Endereço e funcionamento: Av. Alfredo Baltazar da Silveira, s/n – Recreio. De terça-feira a domingo, das 6h às 17h.

Parque Natural Municipal da Catacumba (Lagoa, Zona Sul)

Além de uma tirolesa, a trilha circular desse parque dá acesso a dois Mirantes: do Sacopã, com vista panorâmica da Lagoa Rodrigo de Freitas, Pedra da Gávea, Leblon e Jockey; e do Urubu, com vista para a Sétima Maravilha da Humanidade: o Cristo Redentor. Espécies de vegetação de rápido crescimento caracterizam o lugar, entre elas as leguminosas, o sombreiro e o sabiá, utilizadas para recuperação de áreas degradadas, por sua rusticidade e capacidade de ocupação de terrenos de baixa fertilidade e com alteração de propriedades físicas. Diz a história que, em 1970, a favela da Catacumba foi removida e, a partir de 1988, um programa de reflorestamento foi iniciado tendo como objetivo inicial a contenção de encostas.

Entre a floresta e a selva de pedra, o Parque da Catacumba, na Lagoa, tem tirolesa.
Entre a floresta e a selva de pedra, o Parque da Catacumba, na Lagoa, tem tirolesa. Foto: Divulgação/SMAC

Endereço e funcionamento: Av. Epitácio Pessoa, nº 3.000, Lagoa. De terça-feira a domingo, das 6h às 17h.

Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha (Bangu, Zona Oeste)

Muito visitado por moradores de Bangu, Campo Grande e Realengo, o parque municipal possui piscinas naturais – uma delas aberta ao público – e cachoeira com queda d’água. Com uma área de mais de 1.400 hectares, ele está totalmente situado no município do Rio de Janeiro, na borda sul do Maciço do Mendanha. Esse maciço abrange as serras de Madureira, Marapicu, Gericinó e Mendanha, nos municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu e Nilópolis, abrigando um dos últimos grandes remanescentes de Mata Atlântica da Região Metropolitana do Estado do Rio.

Trilha do Parque Natural Municipal Serra do Mendanha, em Bangu, Zona Oeste do Rio
Trilha do Parque Natural Municipal Serra do Mendanha, em Bangu, Zona Oeste do Rio Foto: Divulgação/SMAC

Endereço e funcionamento: Estrada da Caixinha número 100, Bangu. De terça-feira a domingo, das 6h às 17h.

Parque Natural Municipal Dois Irmãos – Dois Cariocas – Sérgio Bernardes e Alfredo Sirkis (Leblon, Zona Sul)

Destino de trilheiros e trilheiras de todos os níveis, este parque oferece cinco mirantes, todos com vista para as praias de Ipanema e do Leblon – de um dos mirantes, pode-se avistar o Cristo Redentor, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Jóquei Clube, o manto verde do Maciço da Tijuca e o Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Podem ser avistados gambás, jiboias, tucan-do-bico-preto, entre outros animais. Na flora, destaca-se a presença das espécies pau-brasil, palmito-juçara, ipês e cajá-mirim.

Praias do Leblon e de Ipanema vistas do Parque Penhasco Dois Irmãos.
Praias do Leblon e de Ipanema vistas do Parque Penhasco Dois Irmãos. Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

Endereço e funcionamento: Rua Aperana, Leblon. De terça-feira a domingo, das 6h às 17h.

Parque Estadual da Pedra Branca (Zona Oeste)

É uma das maiores florestas urbanas do mundo, com 12.500 hectares de área. Administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o parque abrange partes de 17 bairros, dentre eles: Vargem Grande, Vargem Pequena, Barra de Guaratiba, Campo Grande, Santíssimo, Senador Camará, Padre Miguel, Bangu, Realengo, Sulacap e Taquara. O banho é liberado na cachoeira do Mucuíba, que fica em Vargem Grande, a 500 metros de um posto avançado do parque, e também na cachoeira do Camorim, com acesso pela trilha do Açude do Camorim, que começa ao lado do Centro de Visitantes, na subsede do Parque, em Camorim, Jacarepaguá. O PEPB abriga uma fauna diversificada, tendo sido registradas até hoje 479 espécies, entre peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Renovando as energias. Cachoeira é um dos atrativos do Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste
Renovando as energias. Cachoeira é um dos atrativos do Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste Foto: Divulgação/Inea

Endereço e funcionamento: (Sede) Estrada do Pau-da-Fome, nº 4.003, Taquara, Jacarepaguá. De terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

Parque Estadual do Mendanha (Baixada Fluminense)

Também de esfera estadual, o Parque Estadual do Mendanha abrange partes dos municípios do Rio de Janeiro, de Nova Iguaçu e Mesquita, estes na Baixada Fluminense e possui aproximadamente quatro mil hectares. É vizinho do Parque Natural Municipal Serra do Mendanha, a cadeia de montanha que nomeia ambos. Um dos atrativos do parque estadual é a trilha para as cachoeiras, em percurso de 1,8 quilômetros. A trilha termina em dois poções propícios para o banho. Ao longo do caminho é possível ver os rios que abastecem com água a população do Rio de Janeiro. Por lá também se vê o quati, o gavião-carijó, o cachorro-do-mato e outras espécies de animais.

Homem toma banho de cachoeira no Parque Estadual do Mendanha
Homem toma banho de cachoeira no Parque Estadual do Mendanha Foto: Ricardo Pimentel/Inea

Endereço e funcionamento: (Sede apenas administrativa) Av. Venezuela, 110, sala 315 – Saúde. De terça-feira a domingo, das 8h às 17h.

Parque Nacional da Tijuca (Rio de Janeiro)

Campeão entre os parques mais visitados em 2019, o Parque Nacional da Tijuca é o point de vários cartões-postais do Rio, como Corcovado e Cristo Redentor, Parque Lage, Pedra Bonita, Pedra da Gávea, Vista Chinesa, no setor Serra da Carioca. É uma das maiores florestas urbanas do mundo, com quase 4 mil hectares, onde recentemente foram reintegrados trinca-ferros, cutias e macacos-bugios. Por lá o passeio é cachoeira, caminhada, trilha mata a dentro ou até uma sessão de fotos em um dos mirantes.

Floresta do Parque Nacional da Tijuca foi replantada ainda no Brasil Império.
Floresta do Parque Nacional da Tijuca foi replantada ainda no Brasil Império. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Endereço e funcionamento: (Sede) Estrada da Cascatinha, 850, Alto da Boa Vista. Horários de funcionamento sob consulta, de acordo com o setor.



Fonte: G1