“Gente, contra fatos não há argumentos. Vocês que estão me ameaçando, estão querendo acreditar na própria mentira. Vocês querem Justiça para uma pessoa que cometeu um delito, cometeu um crime. Justiça quem quer sou eu. Justiça é pelo meu filho e não para vocês que mataram ele”, esse é o apelo emocionado de Wesley Almeida de Souza, pai afetivo do menino Kauã Almeida Tavares, de 10 anos, morto no dia 17 de março por estrangulamento. Os principais suspeitos da morte do menino são a própria mãe e o padrasto de Kauã, que informaram aos policiais que a criança teria cometido suicídio.
Na tarde desta segunda-feira (11), Wesley foi à 74ª DP (Alcântara) para prestar depoimento e também relatar que, após o caso ter sido revelado na televisão, ele e membros de sua família estão recebendo ameaças de pessoas que defendem o casal acusado de matar o menino. À imprensa, o estudante de Técnico em Enfermagem conta que nunca acreditou na versão inicial de que o filho teria cometido suicídio, já que ele era um menino alegre e cheio de vida.
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“De primeira eu não acreditei que ele tinha se sufocado porque ele estava feliz, ia ficar comigo no final de semana, ir pra uma festa, estava super feliz que ia ficar comigo. Não dá para acreditar. Em nenhum momento eu acreditei que ele faria aquilo com ele mesmo.”, iniciou Wesley, que completou dizendo como o menino era muito querido pela vizinhança. “Falar do Kauã é fácil, se você for em qualquer pessoa que conhecia meu filho, vão te dar a plena certeza de como ele era, como era maravilhoso, simpático, amoroso, super educado. É difícil até falar, de lidar com isso”, completou.
Emocionado, o rapaz contou que ainda está sendo difícil assimilar toda a informação do crime hediondo do qual o seu filho afetivo foi vítima.
“Chocante. É difícil estar lidando com essa situação, difícil de falar nesse momento, cabeça ainda está muito avoada. No momento está sendo impactante pra mim. É difícil até de acreditar, a gente vê varias reportagens no dia a dia sobre coisas assim que acontecem, mas quando é com a gente, a gente fica até sem reação.”
O que tem deixado o luto ainda mais triste e também estressante é que Wesley, seus familiares e compadres estão recebendo ameaças. Segundo eles, as pessoas que ameaçam acreditam que a investigação começou a partir de uma denúncia realizada pelos familiares de Wesley, sendo que todo o processo investigativo partiu de iniciativa da polícia, que desconfiou da versão de suicídio no mesmo dia em que o garoto foi encontrado morto.
“Estão dizendo para os meus compadres que eles deram falso testemunho, que foram eles que denunciaram o padrasto e chamaram a polícia. Em nenhum momento foram eles que falaram, isso aí foi tudo investigação da polícia, do mesmo jeito que eu fiquei sabendo depois, eles também ficaram.”, explicou Wesley, que disse que as ameaças estão sendo feitas através das redes sociais.
“Pra mim é muito difícil ter que lidar com o sofrimento do meu filho e agora também ameaças via internet e várias outras formas, tem sido muito complicado”, desabafou.
Ainda segundo Wesley, o seu filho mais novo, Bernardo, que completou quatro anos recentemente, está traumatizado com a morte do irmão, com quem morava na mesma casa com os acusados.
“O mais novo não fala mais nada sobre o irmão porque foi ameaçado, ameaçaram psicologicamente o meu filho e é até difícil dele falar, ele não consegue falar e ele era muito agarrado com o irmão dele. Ele tá traumatizado, não chora, não consegue falar, a gente conversa com ele e tudo, mas ele não fala. Isso aí vai ser só com o tempo porque ele não se sente seguro ainda”, concluiu.
A polícia continua as investigações para saber como exatamente o crime aconteceu, para determinar a conduta de cada um na cena do crime e para descobrir se a criança foi asfixiada pelo padrasto, pela própria mãe ou ambos.
De acordo com o delegado Fábio Asty, responsável pela investigação, a polícia já está ciente das ameaças que os parentes têm sofrido.
“Nós temos conhecimento disso, uma parente esteve aqui no sábado comunicando fatos desta natureza. A verdade é que ela não é a causadora de nenhum tipo de imputação e sim a investigação que comprovou tecnicamente e pelos laudos periciais de que eles cometeram homicídio. Caso eles sejam condenados, será por homicídio duplamente qualificado e eles podem pegar de 12 a 30 anos de reclusão.”, disse Asty.
Fonte: O São Gonçalo