os desafios de empreender no setor da Educação

Aplicativos, inteligência artificial, realidade aumentada, acessibilidade, ensino a distância. A tecnologia tem transformado em muito o setor da Educação. Os elementos contemporâneos citados movem a indústria e impulsionam o empreendedorismo na área. Esse foi o assunto debatido na mesa “Uma conversa sincera sobre educação e negócios”, destaque na 1ª edição do Festival LED – Luz na Educação. O evento foi patrocinado pela Invest.Rio, agência de promoção e atração de investimentos da Prefeitura do Rio, e levou ao Museu do Amanhã e ao Museu de Arte do Rio – MAR palestrantes nacionais e internacionais, oficinas, experimentações, exposições, intervenções artísticas e debates nos dias 8 e 9 de julho.

A conversa, mediada pela jornalista Fernanda Gentil, contou com a participação de Eduardo Lyra, empreendedor social, ativista e fundador da ONG Gerando Falcões, de Duda Falcão, fundadora e diretora da Eleva Educação, e Daniela Neves, CEO do Universia Brasil, instituição do Grupo Santander.

– São muitas oportunidades para quem quer empreender em educação. Isso é mesmo um negócio promissor? Como e por que investir em educação, sabendo que esse é um desafio imenso no país? Essa conversa é muito urgente. O que significa empreender em educação? – provocou Fernanda, na abertura do papo.

Para Duda Falcão e Eduardo Lyra, empreender no setor está relacionado com paixão.

– Educar é aprender, isso toca você e tem que ter muita paixão. É ser resiliente, porque empreender nessa área tem vários desafios. Tem desafio do tempo dos ciclos da educação, desafios, culturais, de regularização. Quando fazemos algo novo, seja uma empresa, uma escola, uma ONG, uma universidade, estamos falando de vidas. Então, tem que ter muita responsabilidade.

Daniela Neves, Eduardo Lyra, Duda Falcão e Fernanda Gentil na mesa “Uma conversa sincera sobre educação e negócios”.
Daniela Neves, Eduardo Lyra, Duda Falcão e Fernanda Gentil na mesa “Uma conversa sincera sobre educação e negócios”. Foto: Fabio Cordeiro

Lyra defende que, para a ONG Gerando Falcões, empreender é uma missão:

– Qual é o problema que você vai resolver no mundo? A nossa missão é transformar a pobreza da favela em peça de museu. Precisamos de uma geração que tenha coragem de desafiar o futuro e a Educação é o habilitador disso. Você não precisa ser o Bill Gates para fazer isso. Eu posso ter nascido pobre, preto, na favela e ter criado o time que está entregando algo transformador nas favelas.

Para Daniela, o papel das empresas no processo de transformação de um país como o Brasil é fundamental. Ela explica que o Santander trabalha com três frentes: emprego, educação e empreendedorismo. Uma das apostas da agenda ESG da companhia é na capacitação de jovens, adultos e crianças para o uso da tecnologia.

– Esse ano capacitamos 10 mil mulheres em habilidades técnicas e comportamentais nessa área. O mais bacana é que no fim do processo elas têm a chance de começar a trabalhar nas empresas do Santander. Vamos começar agora um curso de educação financeira para crianças. E distribuímos 35 mil bolsas de estudo só no ano passado e oferecemos treinamento 100% gratuitos com foco na seleção de gênero e raça.

Tecnologia

Duda Falcão, fundadora e diretora da Eleva Educação, acredita que a tecnologia é primordial para o empreendedorismo na Educação. Depois de dois anos, o retorno da comunidade escolar para o presencial mostrou a ela que a sala de aula é insubstituível, mas vai ser usada de uma maneira diferente.

– Vamos usá-la para dialogar, interagir, questionar, mais do que para absorver conteúdo. O Ensino a distância é maravilhoso. Você vai pegar uma aula do melhor professor e oferecer para um milhão de alunos. Temos que usar a tecnologia para deixar o empreendedorismo rolar. Fomentar essa cultura, convidar todo mundo para empreender em educação e criar um ambiente em que isso seja mais fácil – ressalta.

Duda Falcão acredita na importância da tecnologia para o empreendedorismo na Educação.
Duda Falcão acredita na importância da tecnologia para o empreendedorismo na Educação. Foto: Fabio Cordeiro

A tecnologia também é a principal arma para a ONG gerida por Eduardo Lyra, empreendedor social, cumprir sua principal missão. A instituição desenvolveu uma ferramenta que cria trilhas individualizadas de superação da pobreza para cada família dos territórios sociais em que a ONG atua.

– Queremos zerar a fila de crédito, a fila de creche, o analfabetismo nesses lugares. Quando começamos, o desemprego era de 70% e já caiu para 19%. Vamos zerar essa taxa até o fim do ano. A favela tem menos oportunidade, menos acesso à educação, menos chance de futuro. O Brasil precisa de um caminho. E as grandes mudanças não vêm necessariamente dos governos, vêm da sociedade civil – avalia ele.

Festival LED – Luz na Educação

A 1ª edição do LED movimentou a região da Zona Portuária do Rio. Os auditórios – sempre lotados – atraíram o público para debates fundamentais sobre Educação. Uma das palestras mais procuradas foi a “Keynote: A ponte para o futuro vem do passado: uma educação crítica e antirracista”, que reuniu a escritora e professora Conceição Evaristo, o rapper Emicida e a professora e coordenadora do Grupo de Pesquisa Angela Davis Ângela Figueiredo. Com mediação da jornalista Aline Midlej, a mesa discutiu episódios de racismo em sala de aula e a importância da educação crítica e antirracista para o desenvolvimento do setor e do país.

Conceição Evaristo, que participou remotamente, Angela Davis Ângela Figueiredo, Aline Midlej e Emicida.
Conceição Evaristo, que participou remotamente, Angela Davis Ângela Figueiredo, Aline Midlej e Emicida. Foto: Fabio Cordeiro

No painel “Sobre reinventar o aprendizado remixando cultura e arte”, o arquiteto e cenógrafo Gringo Cardia, Keyna Eleison, diretora artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e Patrícia Dias, gerente de educação e da Escola do Olhar do MAR, conversaram com a jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle sobre o papel dos processos culturais na formação pessoal, moral e intelectual dos indivíduos.

Fábio Porchat, IZA, Larissa Luz, Francisco Bosco, e Luana Xavier.
Fábio Porchat, IZA, Larissa Luz, Francisco Bosco, e Luana Xavier. Foto: Fabio Cordeiro

No bate papo descontraído “GNT: Papo de Saia”, o apresentador Fábio Porchat, o filósofo Francisco Bosco, as cantoras Larissa Luz e IZA, e a atriz Luana Xavier lembraram histórias dos tempos em que eram alunos e comentaram a importância dos professores na vida de cada um.

O evento também contou com mostras audiovisuais, oficinas e conversas sobre os temas que mobilizam educadores e instituições de ensino atualmente.

Fonte: Portal G1