No Rio, mais 82 escolas municipais retomam as atividades presenciais


Uniformizado, com o cabelo penteado e com uma máscara do super-homem, seu herói preferido, Davi Salvador dos Santos, de 5 anos, chegou logo cedo acompanhado da mãe, a empregada doméstica Josefa Santiago dos Santos, 39, à Escola Municipal João de Camargo, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Após um ano fechada, a unidade de ensino voltou a funcionar nesta manhã. Além dela, outras 81 escolas retomaram as aulas presenciais no município nesta quarta-feira, dia 3. Na primeira fase do retorno às atividades, voltam os estudantes da pré-escola, do 1º e do 2º ano do ensino fundamental.

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Na última semana, 38 escolas foram reabertas por serem consideradas aptas para receber os alunos. Agora, são 120 unidades municipais com aulas presenciais no Rio. Segundo a Secretaria municipal de Educação, essas escolas possuem 23 mil alunos que voltarão às aulas presenciais.

Moradora do Arara, em Benfica, Josefa lembra dos últimos meses em que Davi ficou em casa. Mãe de quatro filhos, ela conta que precisava deixar o pequeno com a filha mais velha para trabalhar.

— Foram meses difíceis porque ele ficava em casa sem poder fazer nada. Agora, ele voltando, vai aprender. Mas, claro, tenho preocupação, mas prefiro que ele esteja aqui. Confio em Deus e vi que a escola está preparada — disse a mãe do estudante Davi, que finaliza:

— Espero que tudo volte ao normal e ele estude todo dia e que continue estudando.

Davi, de 5 anos, chegou cedo acompanhado da mãe, Josefa, à Escola Municipal João de Camargo, em São Cristóvão
Davi, de 5 anos, chegou cedo acompanhado da mãe, Josefa, à Escola Municipal João de Camargo, em São Cristóvão Foto: Rafael Nascimento de Souza / Agência O Globo

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Das 82 escolas que reabrem parcialmente nesta quarta, 52 delas estão na Zona Oeste, 22 na Zona Norte, sete na Região Central e uma na Zona Sul.

O plano de retomada das aulas presenciais começou no dia 24 de fevereiro, com estudantes da pré-escola e do 1º e 2º ano. A segunda fase está programada para o dia 17 de março, com alunos das creches, sendo prioridade para os filhos dos servidores da educação com mais de dois anos, alunos do 3º ao 6º ano e do 9º ano do ensino fundamental. Já a terceira etapa é prevista para o dia 31 de março para os alunos das creches, do 6º ao 8º ano do ensino fundamental, alunos da educação de jovens e adultos e de classes especiais.

— Temos crianças que passaram um ano inteiro sem qualquer possibilidade de frequentar as escolas. Sabemos que isso tem um impacto na educação e na vida dessas crianças. Estamos fazendo um esforço. Estamos na pandemia e passamos por um momento de dificuldade. Mas temos dito que a escola será a primeira a abrir e a última a fechar — disse o prefeito Eduardo Paes (DEM) que participou da reabertura da escola na Zona Norte.

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Segundo a Prefeitura, “existe um conjunto de medidas que permitem essa volta às aulas de maneira segura”.

O secretário municipal da educação, Renan Ferreirinha, afirmou que não haverá desigualdade em relação às aulas presenciais e pela internet. O retorno às aulas presenciais é opcional e depende dos pais. A secretaria espera que outras escolas estejam aptas para receber os alunos em breve.

— Estamos combatendo esse abismo entre a educação pública e privada. Isso já existia. Retomar as aulas presenciais com segurança é uma medida para combater a desigualdade. Mas temos um ensino remoto muito mais completo. Temos ensinos na TV, na internet e para os alunos que não possuem TV ou internet estamos entregando material impresso. Todas as crianças terão recursos pedagógicos necessários — afirmou Ferreirinha.

Sobre kits de materiais incompletos, a Prefeitura do Rio confirma o problema e diz que a situação foi em decorrência da última gestão.

— Para alguns anos, de fato, esse kit já estava previsto (um caderno e dois lápis), pois a gestão passada não havia deixado uma licitação para comprarmos um kit melhor. Por falta de licitação, a falta de itens aconteceu. Pegamos uma secretaria com várias dívidas e desorganização. Hoje, temos turmas do segundo segmento do ensino fundamental que estão com algum tipo de falta de material. Queremos, assim que possível, complementar com mais itens esse material escolar — disse o secretário de Educação.





Fonte: G1