Museu Vivo do São Bento, em Duque de Caxias, está fechado à espera de obras de manutenção


As edificações do Museu Vivo do São Bento contam a história de Duque de Caxias desde tempos pré-coloniais. O sítio arqueológico indica a existência de povos sambaquis na região há mais de 4 mil anos. A área, no entanto, chegou a ser invadida por milicianos e hoje sofre com a falta de manutenção, limpeza e segurança. O espaço, que era liberado para visitação, agora fica fechado e só é possível acessar o local por meio de visitas agendadas diretamente com o museu.

Outras edificações do espaço sofrem com a precária infraestrutura. Chamado de museu de percurso, por englobar diversas estruturas num trajeto que pode ser feito a pé ou de carro e contar a História de Caxias através dos séculos, o Museu do São Bento sofre com o abandono e a desvalorização da cultura. A prefeitura de Caxias afirma que destinará ainda este ano a quantia de R$ 1,1 milhão para a realização de obras. Além disso, diz que a instituição conta com uma verba de 12 parcelas anuais de R$ 3 mil para manutenções diárias e custeio de material de expediente.

Hoje, o local mantém suas atividades através de parcerias com outras instituições e, como alguns dos imóveis são tombados pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), também depende de recursos federais para manutenção, como é o caso da Fazenda São Bento do Iguaçu, que passa por reforma.

A diretora do museu, Marlucia Santos.
A diretora do museu, Marlucia Santos. Foto: Gabriel de Paiva

Na sede administrativa do museu há uma exposição fotográfica, e a unidade guarda em seu acervo a máscara de um homem escravizado fugitivo datada do século 19. O item era utilizado como objeto de tortura. Na Casa de Retiro São Francisco, outra exposição explica a ocupação e a transformação do território da região ao longo dos anos, passando pelo período da colonização até o século 20.

Além do acervo rico para pesquisadores, estudantes e moradores interessados em conhecer um pouco mais sobre a história da cidade e da Baixada Fluminense, o museu oferece um curso de extensão para professores, aulas de capoeira e conta com um grupo de artesãs, mas o maior desafio, segundo a diretora da instituição, é a sobrevivência do espaço.

— Sobreviver, preservar o patrimônio e garantir proteção especialmente ao patrimônio ambiental são os maiores desafios. Nosso sonho é ter os patrimônios potentes e oferecendo serviço à comunidade, sendo abrigo — diz a historiadora Marlucia Santos, que tem a expectativa de que a reforma aconteça antes da reabertura geral do museu.

Entrada do Sítio do Sambaqui, no Museu do São Bento.
Entrada do Sítio do Sambaqui, no Museu do São Bento. Foto: Gabriel de Paiva

Alunos perdem a referência

Não é só o passado que está presente no Museu. Para a historiadora Marlucia Santos, a proposta de ter um espaço que se relacione também com a história dos moradores em nível local é uma maneira de aproximar o público e trabalhar a autoestima da população. Hoje, o local não tem capacidade para receber turmas com muitos alunos.

— Quando recebemos aqui as turmas de escolas, a gente pergunta o que vem na cabeça quando eles pensam em museu, e eles sempre respondem que é uma coisa que cultua um passado muito distante, nunca o dele. O museu também pode contar a história de quem está vivendo no presente — afirma.

A diretora pede que a população visite e conheça o espaço para preservá-lo. As visitas de pequenos grupos podem ser agendadas pelo telefone (2653-7681) ou por e-mail ([email protected]), são gratuitas e acompanhadas por um guia. A sede fica localizada na Rua Benjamin da Rocha Junior, no bairro São Bento.

— É uma questão que também está relacionada à identidade, à ideia de valorização do território e da intimidade do morador, de poder reconhecer a potência da sua cidade. É importante que o morador da Baixada se veja nesse museu. É preciso que tenha museus que contem a História do território — diz Marlucia.





Fonte: G1