Morre Dona Celuta, Portelense e figurinha carimbada no carnaval do Rio, aos 89 anos


Uma das figuras mais conhecidas do carnaval do Rio, Dona Celuta Carvalho da Silva morreu nesta sexta-feira, dia 18, aos 89 anos. Portelense e sócia benemérita da agremiação, a carioca faleceu em casa, dormindo, mas não foi em decorrência da Covid-19. A idosa já estava com a saúde debilitada e enfrentava sequelas de duas tromboses, que a submeteram a duas internações neste ano. A causa da morte não foi divulgada. O sepultamento será nesta sexta-feira, às 16h30, no Cemitério de Inhaúma. O velório vai acontecer na Capela Santa Casa Card (sala 1), a partir de 14h30.

Dona Celuta deixa dois filhos, uma neta e uma corrente de amigos que fez ao longo dos anos nas quadras das escolas de samba e na Sapucaí, que pode ser considerada a sua segunda casa. A diretoria da Portela lamentou o falecimento de Celuta, que era considerada uma das torcedoras-símbolo da agremiação, além de ser uma das frequentadoras mais assíduas e ilustres das arquibancadas e frisas do Sambódromo.

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Dona Celuta era conhecida por sua animação e até mesmo pelas loucuras que fazia para conseguir ser a primeira a sentar nas arquibancadas do Sambódromo no Rio, assim que o Setor 11 era liberado em cada desfile. Com céu limpo ou com chuva, ela pernoitava na fila para abrir o caminho e entrar bem antes da hora, só para ocupar a cobiçada “quina” em cima do recuo da bateria.

No final da década de 1980, passou a integrar um grupo de apaixonados por carnaval que fez história na Sapucaí: Associação dos Amigos do Setor 11, conhecida como AMA-11. A turma se reunia todos os anos para ver os desfiles sempre no lado direito da arquibancada do 11, local que tem vista privilegiada para o segundo recuo de bateria.

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Dona Celuta Carvalho, portelense de coração, morreu aos 89 anos
Dona Celuta Carvalho, portelense de coração, morreu aos 89 anos Foto: Reprodução

Nos anos 1990, o Conselho do Carnaval do Rio de Janeiro concedia anualmente o Prêmio Cidade do Rio de Janeiro aos que se destacavam no carnaval. Em 1992, a arquibancada do Setor 11 foi escolhida para receber a premiação, justamente por ter proporcionado os melhores momentos do carnaval. Coube a Dona Celuta receber a honraria.

Amor por Diogo Nogueira

A maior paixão de sua vida era estar no Sambódromo. “Essa é a minha casa”, dizia a sambista aos amigos sempre que passava pela Avenida Presidente Vargas. Orgulhava-se, por exemplo, de ter visto os desfiles das escolas em 1984, ano da inauguração da Passarela do Samba. Considerada a mais animada do grupo, Celuta, naquela época já na casa dos 60 anos, ia a todos os desfiles. Na saída do Sambódromo, ainda tinha disposição para curtir a folia dos blocos, no Centro. No início dos anos 2000, ela sofreu uma trombose, o que a impedia de subir muitas escadas.

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Da arquibancada, ela passou então a “fixar residência” nas frisas, de onde não saiu mais. Portelense desde sempre, adorava marcar presença nas feijoadas da escola, sempre portando uma faixa com a frase: “Sou Portela”. O inseparável adereço tornou Tia Celuta ainda mais famosa. Era, ainda, integrante da torcida organizada portelense Guerreiros da Águia.

Outra paixão da sambista era o cantor Diogo Nogueira, de quem se autoproclamava fã número 1. Acompanhava o cantor em quase todos os shows pela cidade, sendo figura cativa na plateia das gravações do programa “Samba na Gamboa”, que o artista apresentava na TV Brasil. Antes de Diogo fazer sucesso, porém, seu coração tinha outro dono: Elymar Santos. Ela sacava o binóculo da bolsa para ver o cantor durante a passagem da Imperatriz.

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Os ensaios técnicos também eram programas perfeitos para Tia Celuta. Gostava de ir a todos. Na Cidade do Samba, fazia questão, também, de acompanhar gravações e links ao vivo feitos pela equipe de carnaval da TV Globo. A sambista fazia parte, ainda, do Grupo da Abolição, que promovia bingos e outros animados eventos aos domingos.

Batalhadora, Tia Celuta vendeu quentinhas, trabalhou com transporte escolar e chegou a atuar como oficial de Justiça no TJ-RJ. Nos últimos anos, sua saúde ficou fragilizada por conta de complicações decorrentes de duas tromboses. Por conta disso, pela primeira vez em muitos anos, ela não pôde ir à Sapucaí no último carnaval. Recentemente, ela havia sido internada com insuficiência renal.

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Fonte: G1