Moradores de condomínio no Rio criam grupo no WhatsApp para oferecer seus produtos e serviços e driblam juntos a crise


Tem empadão, bolo e quentinha. Para a galera fitness, açaí. Tem ainda perfume, máscara e lingerie. Isso sem falar nos serviços de taxista, manicure e até psicólogo. Mas não estamos falando de um centro comercial do Rio, mas de um grupo no WhatsApp. Diante das dificuldades econômicas trazidas pela pandemia do novo coronavírus, moradores de um condomínio na Lapa criaram uma verdadeira corrente de compra e venda entre eles. A ideia é empreender e contribuir.

— Eu tive que fechar as minhas cafeterias na quarentena. Sem renda, pensei: “O que vou fazer agora?”. Comecei, então, a vender empadão para os vizinhos e descobri outros moradores também precisando divulgar os seus produtos. Criamos então o grupo no WhatsApp — conta a empresária Nivia Dantas, de 38 anos.

Hoje, 80 moradores do condomínio da Lapa aderiram à iniciativa, que não permite concorrência: só pode negociar um vendedor para cada tipo de produto ou serviço.

— Sempre trabalhei com entrega em escritórios no Centro. Com o home office, vivi um desespero. Hoje, eu vendo mais do que antes. Durante alguns meses, os moradores não saíam de casa, e aí todo o comércio acontecia aqui dentro mesmo, do café da manhã ao jantar. Eu faço a comida, e meu marido é o entregador — explica Elienai Barroso, de 62 anos, que vende de 30 a 40 refeições por dia.

Atualmente, 80 moradores de um condomínio na Lapa, no Rio, se ajudam num grupo de WhatsApp, vendendo seus produtos e serviços
Atualmente, 80 moradores de um condomínio na Lapa, no Rio, se ajudam num grupo de WhatsApp, vendendo seus produtos e serviços Foto: Luiza Moraes

Quem também tem aproveitado a criação do grupo é a analista financeira Janaína Lacerda, de 42 anos, que teve o contrato de trabalho suspenso em abril e apostou na costura criativa como fonte de renda.

— As vendas no condomínio fizeram toda diferença no meu orçamento. Consegui manter as contas em dia — diz a dona da marca Moça Carioca: — A paixão pela costura me salvou.

Para o síndico profissional da administradora de condomínios Cipa Bruno Gouveia, essa iniciativa ajuda a humanizar um pouco mais o convívio mais intenso e às vezes difícil entre condôminos.

— Além de gerar renda extra, ajuda a ampliar o sentido comunitário. Esse tipo de atividade obriga que cada um veja a realidade do vizinho e tenha um senso de compreensão maior entre as partes — afirma Gouveia.





Fonte: G1