Dois dias após o temporal do último dia 15 que destruiu Petrópolis, agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Secretaria de Estado de Saúde (SES), começaram a percorrer de motocicletas regiões de difícil acesso na cidade para atendimentos de urgência e emergência. Foram mais de 50 pacientes assistidos por enfermeiros e técnicos de enfermagem, que fizeram aferição de pressão, teste de glicose, curativos, além de verificarem pulsação e batimentos cardíacos. Esses profissionais ainda atuam como batedores, abrindo caminho para que as ambulâncias cheguem mais rápido às unidades de saúde.
— Nas primeiras horas após o ocorrido, enviamos cinco ambulâncias para Petrópolis. Mas a nossa experiência na Serra, em 2011, nos mostrou que, em muitos lugares, apenas as motos conseguem chegar. Por isso, decidimos aplicar essa mesma experiência aqui em Petrópolis. Trouxemos as motolâncias do Samu para dar atendimento à população onde nenhum outro veículo consegue acessar — afirmou o coordenador do Samu, o coronel bombeiro militar Luciano Sarmento.
Entre os pacientes atendidos, está o marido de Tatiana Coelho, moradora do bairro Caxambu, em Petrópolis. Para chegar à casa dos dois, os técnicos fizeram parte do caminho com as motolâncias e também a pé. Passaram por becos estreitos, cobertos por lama, e andaram sobre pedaços de madeira colocados sobre o lamaçal.
— Os enfermeiros chegaram aqui, examinaram e atenderam o meu marido. Verificaram todos os sinais vitais dele e fizeram um atendimento completo. Eu gostei muito do atendimento, foi muito humano. Não tenho palavras para agradecer. Agora, eles vão retornar com água e cesta básica para nós — disse Tatiana, emocionada.
As equipes levam também ajuda humanitária: água, comida e donativos até os moradores. Eles ainda carregam materiais pesados para moradores e auxiliam idosos e crianças a se locomoverem em áreas mais acidentado. Na última quarta-feira, um idoso que teve a casa interditada no Morro da Oficina contou com apoio de um técnico que deixou a motolância para retirar um botijão de gás do imóvel.
Outros casos atendidos foram pico de pressão e crises de ansiedade em razão da morte de parentes e amigos nos desmoronamentos de terra. Glória Soares, que mora no Alto da Serra e perdeu uma amiga, recebeu a visita de uma equipe. Ela teve aferição da pressão arterial e da glicose:
— Ainda há muitos lugares aqui, onde os carros têm dificuldade para chegar. Tem pessoas por aqui que estão até sem água — afirmou Glória.
No município, o Samu está atuando com quatro equipes de motolâncias. Cada uma é formada por duas motocicletas, conduzidas por enfermeiro e técnico de enfermagem.
Fonte: G1