Maré faz mutirão de vacinação até sábado para incentivar população a completar ciclo de imunização


RIO — Para incentivar a população a completar o ciclo de imunização haverá um mutirão de vacinação contra a Covid-19, nesta quinta e até sábado, no complexo da Maré. Clínicas da família e associações de moradores formarão a rede de pontos de vacinação, que acontecerá das 8 às 17h.

O público alvo é a população adulta, prioritariamente pessoas com idades entre 18 e 33 anos, que foram imunizados com a primeira dose há pelo menos dez semanas. Mas, moradores com 12 anos ou mais que ainda não receberam a primeira dose também poderão se vacinar.

De acordo da dados da Secretaria municipal de saúde, na primeira etapa do projeto “Vacina Maré”, que aconteceu entre os dias 29 de julho e 1° de agosto, 36.929 pessoas foram vacinadas, superando a expectativa inicial da ação que era imunizar 30 mil moradores do complexo. A SMS não informou qual é a expectativa dessa vez.

A iniciativa reúne Fiocruz, as Redes da Maré e a Secretaria Municipal de Saúde para a ação que conta com apoio do SAS Brasil, da PUC-Rio e do Conexão Saúde – De Olho na Covid. De acordo com dados da Redes da Maré, atualmente, 96% da população adulta do complexo está vacinada com pelo menos uma dose de um dos imunizantes contra a Covid-19.

Considerada uma referência no combate à pandemia em favelas, a Maré apresenta taxa de letalidade abaixo da média do município do Rio. A Fiocruz lidera estudo no território para avaliar efetividade da AstraZeneca, além de monitorar variantes, contaminação de vacinados, entre outros aspectos.

A ação antecipará o retorno dos moradores vacinados com a primeira dose às unidades de saúde para que completem o ciclo de imunização, recebendo a segunda dose. Sendo assim, mesmo as pessoas em cuja carteira de vacinação esteja marcada outra data para retornar aos postos, devem comparecer no mutirão para receber a segunda dose, desde que já tenha se passado pelo menos dez semanas da primeira aplicação.

A campanha #VacinaMaré – 2ª Dose acontece a partir de uma grande mobilização, envolve organizações não-governamentais, associações de moradores, clínicas da família, voluntários, moradores, artistas, comunicadores e influenciadores digitais. A ideia é incentivar e esclarecer a população sobre os benefícios da vacinação em massa, além de celebrar a alta taxa de imunização de moradores da Maré contra a Covid-19. A primeira fase da campanha, incentivando a primeira dose ocorreu no início de agosto e foi considerada um sucesso.

Segundo dados da Redes da Maré, o complexo de favelas apresenta um perfil populacional majoritariamente jovem (51,9% com menos de 30 anos). Esta faixa etária forma a maior parte da população vacinada na primeira fase da campanha. Próximos aos locais de vacinação acontecerão apresentações culturais e intervenções artísticas com coletivos e artistas locais reforçando o caráter de comemoração de resultados que a campanha propõe.

— Vamos celebrar, tomando o cuidado de não formar aglomerações, com pequenas intervenções artísticas. Mas temos resultados a comemorar, depois de tantos desafios causados pela pandemia e agravados pelos problemas históricos do território: a taxa de letalidade na Maré é menor do que a do município e conseguimos, com um projeto pioneiro, dar um tratamento adequado e com base científica para os moradores da favela — afirma Eliana Silva, diretora da Redes da Maré.

Dados do boletim Conexão Saúde – De Olho no Corona mostram que a taxa de letalidade por Covid-19 na Maré é praticamente metade da taxa do município do Rio de Janeiro. De todas as pessoas infectadas pela doença na Maré, desde o início da pandemia, 4% faleceram. Na cidade do Rio, este percentual ficou em 7%. A expectativa, ao final da ação, é de que casos graves e óbitos pela doença caiam ainda mais na Maré.

A vacinação em massa de moradores faz parte de um estudo liderado pela Fiocruz. A fundação acompanhará durante seis meses (até janeiro de 2022) os efeitos da vacina em duas mil famílias da Maré, totalizando cerca de 8 mil pessoas.

Desde a primeira fase da campanha, moradores estão sendo chamados a participar voluntariamente do estudo, assinando um termo de consentimento e se comprometendo a notificar os pesquisadores sobre sintomas e possíveis contaminações por Covid-19. Haverá pontos para seleção e inscrição de interessados em participar dos estudos nas clínicas da família durante os dias de vacinação da segunda dose.

A pesquisa está dividida em dois estudos que acontecem simultaneamente. O primeiro mede a efetividade do imunizante AstraZeneca contra infecções, levando em conta os critérios de idade, gênero, tipo de vacina ministrada, tempo de infecção após a vacinação, tempo até a segunda dose, ocorrência de casos graves e prevenção de óbitos. Já o segundo, monitora a circulação de variantes da Covid-19 entre a populaçãoi, ocorrência de casos entre vacinados, possíveis efeitos adversos da vacina e o nível de proteção de crianças e adolescentes não vacinados.





Fonte: G1