Liesa prevê que trabalhos nos barracões e venda de ingressos para o carnaval começarão até julho


Depois de uma longa parada forçada por conta da pandemia de Covid, a expectativa é que, entre junho e julho, a Cidade do Samba seja desinterditada, as escolas retomem os trabalhos nos barracões, os ingressos para o carnaval de 2022 comecem a ser vendidos e um contrato para subvenção da prefeitura à festa da Sapucaí seja fechado. Essa guinada é o que espera o empresário Gabriel David, diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).

Diante do avanço da vacinação, ele está otimista de que vai ter desfile em fevereiro. Enquanto a prefeitura trabalha com foco nesse plano A — como adiantou ao Globo Daniela Maia, presidente da Riotur, no domingo —, ele conta que a Liesa se organiza ainda para outros cenários, inclusive para um “carnaval digital”, caso as condições da pandemia ainda não permitam uma folia tradicional.

É aguardada para as próximas semanas a liberação da Cidade do Samba, fechada pela Justiça desde 11 de janeiro, a pedido do Ministério Público devido a risco de incêndio. Segundo Gabriel, o espaço em cada barracão onde alegorias e fantasias são confeccionadas foi adaptado para se adequar às exigências do Corpo de Bombeiros, como a troca de extintores e a sinalização de rota de fuga. Ele e a presidente da Riotur assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta para a reabertura, que depende apenas de trâmites junto aos bombeiros e ao MP.

— Está resolvido. Agora, falta só uma questão burocrática de autorização. Foram feitas as adaptações sugeridas pelos bombeiros para poder assinar o TAC. Em algum momento, no entanto, acredito que terá que ocorrer obra — diz Gabriel.

Ele prevê que até a primeira metade de julho os trabalhadores possam voltar. Além disso, em reunião na sexta-feira, o presidente da Liga, Jorge Perlingeiro, anunciou que prefeitura e Liesa vão atuar juntas na construção de um alojamento para os bombeiros dentro da Cidade do Samba. A estrutura, que já teria sido autorizada pelo estado, serviria não só ao local, mas também supriria uma carência no sistema de segurança contra incêndio na Zona Portuária.

Sambódromo: ideia da prefeitura e da Liga é explorar o espaço ao longo do ano
Sambódromo: ideia da prefeitura e da Liga é explorar o espaço ao longo do ano Foto: Roberto Moreyra / Extra

Os bombeiros afirmaram na semana passada que prefeitura e Liesa vêm apresentando documentos que atestam melhorias e manutenções nos sistemas de prevenção e combate a incêndio na Cidade do Samba. Mas ainda não falaram em uma data para a liberação.

Sufoco financeiro

Em crise financeira, as agremiações devem tomar fôlego nesse recomeço por meio de algumas iniciativas. Gabriel lembra que as comunidades das 12 escolas do Grupo Especial deverão receber os auxílios do Programa Supera Rio, do governo estadual. Além disso, estão em negociação empréstimos bancários a juros baixos para cada agremiação, diz. Mas ele tem esperança de que um contrato de subvenção da prefeitura seja fechado logo, com uma primeira parte dos pagamentos já em julho.

— O presidente Perlingeiro já teve reunião com a Daniela (Maia) e com o prefeito, e estamos em fase final de elaboração desse contrato. Ele vai ser assinado com uma antecedência muito grande — diz o empresário, ressalvando que os valores ainda não estão definidos, mas que são esperadas cifras próximas às pagas na última gestão de Paes, R$ 2 milhões par cada agremiação.

Segundo Gabriel David, os planos são tornar Liesa e escolas de samba menos dependentes do financiamento público. Nesse sentido, ele diz que está em andamento uma restruturação de comunicação, de vendas e de chancela comercial da Liga, não só para melhorar a interlocução com o público, como também com patrocinadores. Em junho, o novo plano de comunicação deve entrar em ação e, em julho, deve ser aberta a venda de ingressos para 2022.

— O principal objetivo é modificar o modelo de negócios da Liga, que era amparado no poder público, na venda de ingressos e nos direitos de imagem. Ainda vamos nos sustentar nesses pilares, mas haverá outros que fomentem a receita — diz.

Eventos-teste

O diretor de marketing da Liesa defende que as escolas voltem a usar suas quadras para atividades autorizadas, cumprindo as regras sanitárias, como workshops de bateria ou de dança. Além disso, acredita que as agremiações devem se preparar para serem elas a fazerem os eventos-teste no Rio quando forem permitidos:

— Em algum momento vai ter evento-teste no Rio. As escolas de samba estariam super aptas, as quadras são grandes. O Brasil e o Rio precisam disso.

Quanto à Sapucaí, Gabriel comemora o anúncio da Riotur de uma nova iluminação e sugere um maior aproveitamento do espaço ao longo do ano.

— É desejo nosso e da prefeitura. Podem ser apresentações culturais, pode-se ter um museu, uma ativação de marcas para experiências de carnaval fora da época. O céu é o limite. O turista não pode chegar ali e ver só concreto. A Sapucaí é muito mais.





Fonte: G1