Ilha de Paquetá terá toda a população adulta vacinada no dia 20 em estudo sobre a Covid-19

A Prefeitura do Rio vai realizar estudo na Ilha de Paquetá para avaliar os efeitos da imunização contra a Covid-19 em larga escala. Nele, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), toda a população adulta (a partir de 18 anos) do local será vacinada no próximo dia 20. A ação faz parte do projeto “PaqueTá vacinada”, com período de monitoramento epidemiológico a ser estabelecido.

A proposta para o estudo já havia sido aprovada pelo comitê científico do município na semana passada. Durante o acompanhamento será avaliado o comportamento da disseminação do vírus na parcela da população que não foi vacinada — crianças e adolescentes —, analisando se haverá uma proteção em massa e qual seria o nível de efetividade da primeira dose para evitar a transmissão.

Paquetá tem uma população de 4.180 moradores, dos quais 3.530 são maiores de 18 anos cadastrados na Estratégia Saúde da Família, segundo a Secretaria municipal de Saúde (SMS). Destes, até 31 de maio, 1.853 receberam a primeira dose do imunizante e 1.070, a segunda. No dia 20, os demais adultos que moram na ilha serão vacinados. Não serão feitos atendimentos a turistas.

A vacinação será realizada em diversos pontos da ilha. Mas antes a população que participará do estudo fará exame de sangue sorológico, que será repetido ao longo da duração da pesquisa.

Horas depois do anúncio sobre a possibilidade da pesquisa, na semana passada, os moradores se animaram. O bairro tem a segunda maior concentração de idosos — só perde para Copacabana — mas lá existe apenas uma unidade de saúde: a Unidade Integrada de Saúde Manoel Arthur Villaboim. Para o tratamento da Covid-19, o espaço dispõe de uma enfermaria, com nove leitos, e uma sala vermelha, com um leito que conta com equipamentos de estabilização até para transferência de paciente, feita via helicóptero do Corpo de Bombeiros.

Estudo científico

O estudo na Ilha de Paquetá tem semelhanças com o feito na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, escolhida para a pesquisa conduzida pelo Instituto Butantan, onde também foi realizada uma campanha de vacinação em massa contra a Covid-19. O município com 45 mil moradores tinha um alto índice de contágio, que pôde ser controlado após 75% da população ser imunizada. De acordo com os dados da pesquisa, logo depois do fim da vacinação, o índice de mortes caiu 95%.

O estudo, iniciado em fevereiro e chamado de Projeto S, acompanhou como os dados variaram de acordo com o avanço da vacinação em pessoas com mais de 18 anos, o que corresponde a cerca de 27 mil moradores do local. Para isso, Serrana foi dividida em 25 áreas que formaram quatro grupos, em que, um por vez, foi imunizado com uma semana de diferença com a CoronaVac, com intervalo de até 21 a 28 dias entre a primeira e a segunda doses. O cenário de aumento do número de casos começou a ser revertido quando dois dos quatro grupos receberam a segunda dose. Entre os índices, o número de casos passou de 699 casos em março, para 251 em abril.

O controle da pandemia, de fato, ocorreu após a imunização completa — com as duas doses — do terceiro grupo, o que corresponde a 75% da população. Já o índice de mortes teve queda de 95% com o fim da vacinação. Os números de casos sintomáticos de Covid-19 tiveram redução de 80% e de hospitalização, de cerca de 86%.

Fonte: G1