Hospital de Bonsucesso fecha as portas por tempo indeterminado a partir de 1º de novembro


Depois de ser seriamente afetado por um incêndio, que deixou três vítimas fatais, o Hospital Geral de Bonsucesso (HGB) vai fechar as portas por tempo indeterminado a partir do dia 1º de novembro. A afirmação é do diretor do corpo clínico da unidade, o médico Júlio Noronha. Os funcionários da unidade deverão entrar em férias coletivas nos próximos dias, com exceção de 22 médicos dos setores de Nefrologia e Transplante, que serão aproveitados no Hospital Federal da Lagoa.

Atualmente, entre servidores e médicos estatutários, o HGB conta com 3.500 profissionais. Já os terceirizados são mais de dois mil. A stituação deles ficará a cargo de cada empresa contratante.

O EXTRA apurou que a proposta de conceder férias coletivas aos profissionais partiu da direção do HGB, que se reuniu com o corpo clínico na tarde desta quarta-feira. Também ficou definido que o hospital permanecerá fechado até que uma análise seja elaborada pelo Ministério da Saúde. Ou seja, não há prazo para reabertura. É que existe um risco de novos incêndios em outros setores da unidade.

Julio Noronha, diretor do corpo clínico do HGB
Julio Noronha, diretor do corpo clínico do HGB Foto: Rafael Nascimento de Souza

Ainda segundo Noronha, pacientes que fizeram transplantes recentes no local e os que estão na fila para cirurgias e procedimentos receberão acompanhamento no Hospital da Lagoa, no Jardim Botânico, e dos Servidores, no Centro do Rio.

Na tarde desta quarta-feira, a diretoria do hospital também se reuniu com um delegado da Polícia Federal para falar sobre a perícia, que ainda não foi iniciada.

— O Corpo de Bombeiros não liberou a entrada. Segundo os militares, ainda está quente o local. Existe uma fumaça preta que impede a perícia. Os bombeiros disseram que amanhã poderá ser liberada a entrada dos investigadores. Após isso, houve uma reunião com a direção e ficou estabelecido que haverá uma colaboração — disse Noronha.

Tragédia anunciada

Júlio Noronha conta, ainda, que desde a fundação do hospital, em 1948, nunca houve uma reforma ou manutenção nas instalações elétricas da unidade. Ele citou o relatório da Defensoria Pública da União, elaborado no ano passado, que apontava o risco iminente de incêndio. Também disse que o então diretor-geral do hospital, Paulo Roberto Cotrim, teria solicitado providências ao Ministério da Saúde

— A coisa dantesca e marcante foi o relatório da Defensoria que disse que estávamos sentados em um barril de pólvora, pois os transformadores poderiam explodir. Naquela época, o Paulo Cotrim, mandou um relatório para o Ministério da Saúde pedindo a reforma e a modernização da parte do subsolo e da parte elétrica — lembrou.

Para o diretor do corpo clínico do HGB, a tragédia foi anunciada.

— Já era esperado. Só não sabíamos que seria tão rápido assim. A questão do Ministério da Saúde saber o que estava acontecendo e não fazer nada causou uma grande revolta. Muita revolta. Não imaginávamos que seríamos agora. Fiquei chateado e fiquei triste — concluiu.

Veja a nota do Ministério da Saúde:

O Ministério da Saúde informa que determinou a abertura de sindicância para apurar as causas que levaram ao incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, na capital fluminense, nesta terça-feira (27).

A prioridade, no momento, é garantir o atendimento em segurança da população, uma vez que as consultas e exames laboratoriais no complexo estão temporariamente suspensos. Para isso, a pasta disponibilizará toda a estrutura de saúde da rede federal do Rio de Janeiro, de forma que não haja prejuízo na assistência.

A pasta informa, também, que, neste ano, realizou diversas visitas aos hospitais federais do Rio de Janeiro, incluindo o de Bonsucesso, demonstrando atenção contínua à manutenção da infraestrutura de todos os estabelecimentos.

Cabe ressaltar que, por se tratar de uma construção predial de 70 anos, o complexo de Bonsucesso deve passar por uma modernização para atender a legislação atual, sendo que há projetos em andamento para realizar uma série de reformas. No ano passado, foram repassados R$ 1,8 milhão de verba suplementar para a modernização da unidade.

Importante esclarecer, ainda, que a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro avalia conceder férias aos servidores que já tenham o período vencido e remanejar os demais profissionais a outras unidades de saúde da rede federal.

A pasta lamenta profundamente a morte dos três pacientes que estavam internados no HFB e se solidariza aos familiares e amigos das vítimas.





Fonte: G1