Grávidas de Nova Iguaçu, cidade que mais registrou nascimentos na Baixada, falam sobre desafios da pandemia


No ano em que quase 195 mil pessoas perderam a batalha para a Covid-19, muitas mulheres geraram a vida. Na Baixada Fluminense, na contramão dos vizinhos, Nova Iguaçu foi o único que registrou 685 nascimentos em janeiro deste ano, o mesmo número de registros de nascimentos de janeiro do ano passado, conforme mostrou a coluna “Extra, Extra”, de Berenice Seara. Nas outras cidades da região, houve queda em janeiro, em comparação com o mesmo período de 2020.

E pelo ritmo das mamães da cidade, os próximos meses prometem ser de muitos nascimentos. Grávida de quatro meses, a pedagoga Ingrid de Souza Duarte da Fonseca, de 33 anos, moradora do Rancho Novo, disse que planejou a segunda gestação — ela já é mãe de Olívia, de 3 anos — quando o município já tinha iniciado a retomada das atividades.

— Fui acompanhando a bandeira do município, voltei ao trabalho em setembro, deu uma sensação de normalidade. Acredito que isso me deu segurança maior para tomar essa decisão. Em agosto, pensei que seria o momento, fui percebendo que as notícias mais intensas sobre pessoas morrendo pela Covid tinham abrandado e comecei a refletir sobre. A vacina estava chegando, e meu marido e eu decidimos tentar. Descobri que estava grávida em novembro — conta Ingrid, que dará à luz um menino em agosto.

Ingrid mostra os sapatinhos do futuro tricolor de Nova Iguaçu
Ingrid mostra os sapatinhos do futuro tricolor de Nova Iguaçu Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

Logo depois de descobrir a gravidez, o número de casos e de mortes pela doença começaram a aumentar no país. A alegria pelo segundo filho passou a dividir lugar com o medo da contaminação.

— Ficava acompanhando os números aqui em Nova Iguaçu. O medo continua, não tanto como no início da segunda onda, mas sigo me cuidando — diz Ingrid, que acredita que só será vacinada quando estiver amamentando.

Em dezembro do ano passado, a auxiliar administrativa Synara Ellen de Oliveira, de 33 anos, descobriu que estava grávida de sete semanas. Ela trabalha no Centro do Rio, mas, assim que soube da gravidez, conversou com seu chefe para trabalhar de casa:

— Fiquei em pânico porque pego transporte lotado. Mesmo trabalhando em casa, tenho medo por causa dessa variante. Aqui somos minha mãe, que é hipertensa, e eu. Só saio para ir à consulta, mas tem gente que se contamina em casa. O bebê vai nascer em julho. Quem garante que até lá essa pandemia já vai ter passado?

Synara com uma camisa do bebê, esperado para o mês de julho
Synara com uma camisa do bebê, esperado para o mês de julho Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

Demais cidades tiveram queda nos registros

A cidade de Duque de Caxias registrou queda de 9,2% em janeiro de 2021 em relação a janeiro de 2020, com base nos registros de nascimentos realizados nos quatro Cartórios de Registro Civil. Foram realizados 915 registros de nascimentos, contra 1.008 no ano passado.

O número é ainda quase nove pontos percentuais menor que a média histórica estadual do mês de janeiro desde 2002, que é de 0,27% ao ano, um ponto percentual maior quando se olha o período anual.

Em Meriti, a queda foi de 21,93% em janeiro de 2021, em relação a janeiro de 2020. Desde janeiro de 2004, não se registrava uma queda tão expressiva nos números, quando a média estadual era de 1,68%.

Magé teve queda de 19,8%. Já em Mesquita, a média de variação estadual desde 2003 era de 12,44%, registrando entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, queda de -28%. Em Nilópolis, a queda foi de 13% entre janeiro de 2021 e janeiro de 2020, sendo que a média de variação estadual era de 6,59% desde 2004.





Fonte: G1