Após reunir 170 palestrantes e outras tantas vozes numa Conferência e numa Expo na Marina da Glória, em julho, a Glocal Experience avança agora numa etapa de escutas para identificar cenários transformadores e factíveis para o futuro do Rio de Janeiro, tendo como horizonte a Agenda 2030, baseada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Estão sendo mapeados os mais diferentes atores sociais do estado, para se chegar a um grupo de 40 deles, que vai se reunir a partir deste segundo semestre do ano. O propósito será não só traçar panoramas viáveis, mas também estratégias para a ação em temas que podem ir do saneamento básico à segurança pública.
Glocal Experience: água e saneamento no centro dos debates na Marina da Glória
Glocal Experience: inspiração transformadora continuará até 2030
Na equipe incumbida de pensar nesse amanhã, a intenção é que esteja refletida a diversidade que caracteriza o Rio, afirma Christel Scholten, diretora executiva da Reos Partners — organização internacional que atua no desenvolvimento de soluções para grandes questões da humanidade e que vai moderar o processo de escuta social da Glocal. Será aberto espaço aos setores público e privado, às ONGs e, tendo em conta as especificidades da realidade fluminense, a todo o espectro de lideranças que possam influenciar para pôr em prática as mudanças necessárias.
— Olhamos, por exemplo, para as periferias, as favelas e suas lideranças comunitárias. Consideramos as indústrias instaladas no Rio, como a de petróleo e gás. Assim como o centro do poder, os sindicatos, a matriz africana, os líderes religiosos, os jovens e as diferentes faixas etárias e ideologias — explica Christel.
Resultados inspiradores
Como um laboratório de inovação social, a Glocal Experience é uma iniciativa da Dream Factory, com a co-realização da Editora Globo e os parceiros oficiais de mídia O GLOBO, Extra, Valor e CBN. Nesta fase de escuta social, diz Christel, a ideia é reproduzir um conceito que Adam Kahane, diretor da Reos Partners, ressaltou durante a abertura da Conferência da Marina da Glória, no mês passado: a construção de um ambiente de confiança, para que os diversos atores reunidos, ainda que tenham divergências, trabalhem juntos e tenham caminhos para norteá-los.
Em tempos de tanta polarização, ainda que pareça um plano hercúleo de se atingir, é exequível, garante Christel, ao enumerar países onde o método produziu resultados, como a África do Sul pós-apartheid, a Colômbia acuada pelas Forças Armadas Revolucionárias (Farcs), o México diante de suas desigualdades e, neste momento, o Haiti, que tenta se reerguer da guerra civil, da pobreza e dos desastres naturais.
No Rio, é desafiadora a tarefa de fechar o grupo dos 40 nomes que participarão da escuta, reconhece Pablo Handl, Consultor Associado Sênior da Reos Partners e Líder do Projeto. O que se tem em perspectiva, porém, é que sejam representantes de diferentes “bolhas”.
— São pessoas que, no dia a dia, nem se cruzam. Ou, caso se cruzem, não dialogam. Queremos construir pontes entre elas — diz.
Handl prevê que nos próximos 20 dias a equipe de escuta esteja montada. Até setembro, essas lideranças serão entrevistadas. Todas, então, participam de oficinas em outubro, dezembro e fevereiro. Nos encontros, serão indicados os cenários transformadores mais possíveis de se atingir, as estratégias para alcançá-los, os ODS alavancadores para o Rio (que a longo prazo possam impactar outros objetivos de desenvolvimento) e o futuro desejável. E dois documentos serão produzidos: uma síntese das entrevistas e um relatório dos cenários transformadores identificados.
— Manter o status quo é pior que qualquer possibilidade de transformação. Não podemos ficar parados, olhando. Temos que tomar a iniciativa — afirma Handl.
No fim, ele espera que os desdobramentos da escuta, além das 40 lideranças que a integrarão, mobilizem outras redes em busca de um porvir mais sustentável.
Fonte: Portal G1