Festival Literário da Diáspora Africana começa hoje com edição on-line e homenagem a Chica Xavier


Um dos destaques do Festival Literário Internacional da Diáspora Africana de São João de Meriti (Flidam), na Baixada Fluminense, a lavagem da escadaria da Igreja da Matriz vai ser substituída este ano, quando o evento chega à oitava edição. A atividade que reunia, presencialmente, religiosos de matriz africana, católicos, grupos de afoxé, e atraía a população da cidade, não será realizada devido à pandemia. Apesar das limitações impostas pela Covid-19, o Flidam, que começa nesta quarta-feira e vai até sábado, será on-line e vai apresentar o tema “Qual o papel do Brasil na Diáspora Africana”. A homenageada da vez será a produtora teatral e atriz Chica Xavier, que morreu em agosto, aos 88 anos.

— Serão duas homenagens “in memoriam” a duas pessoas muito importantes no conceito de cultura afro. Além de Chica Xavier, vamos homenagear o escritor e produtor cultural Ecio Salles, criador da Festa Literária das Periferias (Flup), que sempre apoiou escritores negros e periféricos. Cada um no seu espaço de cultura contribuiu para dar voz ao negro na sociedade — avaliou o curador do Flidam, Rodney Albuquerque, que também é membro da Academia de Letras e Artes de São João de Meriti.

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Apesar de ser transmitido on-line, o festival vai manter a estrutura dos anos anteriores. Haverá saraus, palestras, exposição, oficinas, rodas de conversa e a Flidamcine, mostra de filmes do festival que contará, este ano, com produções do Cineclube Atlântico Negro, fundado e produzido pelo cineasta Clementino Júnior, filho de Chica Xavier. Os filmes exibidos serão “A fé”, “Jurema”, ambos com Chica no elenco, e “Anjo de chocolate”, longa que tem narração da atriz.

— Ninguém fez homenagem para ela em termos de mostra. A família está muito feliz. É uma homenagem que São João de Meriti faz para uma atriz negra de reconhecimento nacional e mundial. Estão acontecendo inscrições do Brasil inteiro — vibrou o cineasta Ricardo Rodrigues, curador da Flidamcine.

Chica Xavier será a grande homenageada do Flidam
Chica Xavier será a grande homenageada do Flidam Foto: Divulgação / Ernesto Xavier

A única atividade presencial do Flidam será o Encontro Ancestral no Terreiro Kwe Seja Wurakina, no bairro de Éden, no último dia do evento. Entre as atividades, haverá uma oficina de tabuleiro de ganho com o Grupo Mulheres Que Cantam e Rezam, exibição de filmes e sorteio de livros.

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Sandra Fabiano, produtora executiva do festival e também integrante da Academia de Letras e Artes, disse que esse foi um dos anos mais difíceis para realizar o evento

— A gente nunca pensou em não fazer o festival, só não sabia o que fazer. Nossa única reunião presencial foi dia 13 de março, quando a pandemia foi decretada.

A programação e o link para inscrições estão no https://doity.com.br/flidam2020.

Oitava edição do festival terá mostra de filmes, exposição, oficinas, palestras e sorteio de livros
Oitava edição do festival terá mostra de filmes, exposição, oficinas, palestras e sorteio de livros Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo

Confira a programação

18 de novembro: O Flidam começa a partir das 10h e contará com oficinas, palestras e mostra de filmes. Às 14h, haverá a roda de poesia “Vozes negras”, com Nice Neve Buta e Nei Santos, da Academia de Letras e Artes de São João de Meriti. Às 19h, Flidamcine e a palestra “Yansã enlouqueceu Freud em seu divã”, com Ivan Poli.

19 de novembro: Além das mesas, a partir das 10h, haverá a exposição Acervo do Grupo Mulheres de Yepondá e do Grupo Mulheres Que Cantam e Rezam. Às 18h30, Flidamcine. Às 19h, roda de poesia.

20 de novembro: Mesas, Flidamcine e oficinas, sempre das 10h às 20h.

21 de novembro: Encontro ancestral no Terreiro Kwe Seja Wurakina, na Rua Grinaldina Moreira 663, a partir das 10h. Haverá inscrições.





Fonte: G1