O taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, de 58 anos — que morreu na terça-feira, vítima de problemas no coração — recebeu uma homenagem na Praia de Copacabana na manhã desta quarta-feira. Em junho de 2020, ele ficou conhecido em todo o Brasil ao recolocar, indignado, as cruzes fincadas na areia de Copacabana pela Ong Rio de Paz para homenagear as vítimas da Covid-19 que haviam sido derrubadas momentos antes por um morador do bairro. Familiares e amigos reproduziram a cena de fincar as cruzes.
Na homenagem desta manhã, promovida pela Ong Rio de Paz, os amigos e familiares fincaram as cruzes na areia da praia de Copacabana como homenagem à atitude de Márcio há dois anos. Em 2020, a indignação de Márcio Antônio tinha uma razão: Hugo, 25 anos, seu filho, vítima da pandemia. A cena emocionou o país e Márcio chegou a comparecer na CPI da Covid, do Senado Federal, onde deu seu testemunho de pai.
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— Essa cena de Márcio (em 2020) é a síntese do que nós estamos vivenciando no Brasil. Atrás segurando uma bandeira do Brasil em nome da pátria a expressão da intolerância, da truculência e do espírito antidemocrático. E a frente o brasileiro trabalhador, humilde, que havia acabado de enterrar um filho vítima da pandemia lutando pela preservação do direito a liberdade de expressão e o direito à vida. O homem que exigiu do poder público o combate eficaz da pandemia — destacou Antônio Carlos Costa, fundador da Ong Rio de Paz.
Thiago Dutra, 32 anos, filho de Márcio Antônio prestou sua homenagem e reforçou que o legado do pai sempre foi de amor e paz.
— Ele não quer que as pessoas escolham um lado, ele quer que as pessoas possam cuidar uma das outras, se amarem mais. Aquela imagem só reflete a falta de empatia dessas pessoas que passaram pelo local e viram uma manifestação para as pessoas que perderam seus parentes. A gente sabe que hoje em dia nosso país está caótico nessa questão, mas graças a Deus deu certo e ele mostrou a sementinha do amor no coração de cada um aqui na terra — falou Thiago.
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As amigas de Márcio Antônio, Leda Francisco e Rita de Cássia, também participaram do ato. Leda contou que além de vizinha do taxista, também dançavam juntos. Os dois faziam aulas de dança de salão e tinham hábito de caminhar juntos pela orla.
— Márcio não tem definição porque ele é uma pessoa tão sensata, contente da vida, politizado, guerreiro, lutador, carinhoso. Dá para fazer uma lista de mil palavras pra poder falar dele — contou Leda.
Hugo Dutra do Nascimento Silva, filho de Márcio Antônio morreu no dia 18 de abril de 2020. Ele foi uma das vítimas da Covid-19 no Rio de Janeiro. Tinha só 25 anos, era pai do pequeno Arthur, então com 5 anos, e filho do meio do taxista. Jovem e saudável, ficou internado por 16 dias, mas não resistiu à doença que já levou a vida de 686.371 brasileiros desde março de 2020, de acordo com dados do Ministério da Saúde atualizados nesta segunda-feira (3).
Fonte: Portal G1