Estudos apontam que encontros românticos saem mais caros para mulheres


A fala do ator Caio Castro de que não gosta da “obrigação” de ter que pagar a conta quando sai com alguém repercutiu nas redes sociais e levantou um debate a respeito da divisão de gastos em um encontro. Mas será que mesmo pagando a conta do restaurante eles gastam mais?

Mulheres precisam desembolsar mais com cuidados pessoais do que homens. Os produtos destinados a mulheres ou meninas são, em média, 12,3% mais caros do que os “normais”, aponta uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Essa diferença de valor é identificada como ‘pink tax’ ou ‘taxa rosa’, em português. Os produtos podem ser exatamente iguais, mas, por terem as mulheres como compradoras, possuem um valor até 100% maior.

E apesar dos homens ganharem, em média, 30% a mais do que as mulheres, estudos apontam que elas gastam aproximadamente metade do seu salário em beleza, enquanto os homens apenas 30%, em média. Ou seja, as mulheres gastam 4x mais em beleza que os homens.

“As mulheres são as maiores contribuintes para a economia e para a indústria da beleza. O Departamento de Assuntos de Consumo dos Estados Unidos, inclusive, fez um levantamento no início deste ano que comprova a situação: em uma comparação de 800 produtos de igual efeito, mas com versões masculinas e femininas, os itens voltados às mulheres custam de 4% a 13% a mais”, afirma a economista Luciana Tamburini.

Para se ter uma ideia, segundo Luciana, um corte de cabelo para mulheres pode variar de R$ 200,00 a R$ 500,00, bem como outros tratamentos que giram em torno de R$ 500,00 à R$ 1.500,00. Um dos serviços mais requisitados e considerado mais importante, porém, é a depilação – em média, R$ 300,00 por mês.

“Outro dado interessante é que, entre as mulheres que participaram do estudo, 82% responderam que compram uma roupa nova para cada encontro que venham a ter. ‘Os homens estão cada vez mais exigentes’”, explica a economista. 

Silvia Rodrigues, de 62 anos, é dona de um salão de beleza no bairro Trindade, em São Gonçalo, há 4 anos, mas já atua como cabeleireira há 15 anos. Segundo a profissional, mesmo com a crise econômica, muitas mulheres não deixam de separar uma quantia para gastar no salão.

“Um homem deve gastar, em média, R$ 70,00 para fazer o básico no salão, como barba e cabelo, enquanto as mulheres podem acabar gastando R$ 350,00 em uma única ida, com coisas cotidianas como cabelo, unha, sobrancelha e depilação simples”, diz a cabeleireira.

Silvia relata que tem clientes semanais, quinzenais e até mensais, o que confirma a preocupação das mulheres com a aparência. No seu salão, elas costumam procurar mais os serviços de unha, escova progressiva, luzes no cabelo e depilação.

“Aqui a gente faz um pouco de tudo, desde o cabelo estilo morena iluminada até a colocação de cílios, unha de acrigel ou de fibra”, conta a dona do salão localizado na Rua Juazeiro, 375, em Trindade (SG).

Cleide Pereira, de 43 anos, é cliente do salão e diz que não deixa de cuidar das unhas, afinal trabalha com o público e precisa estar com a imagem “arrumada” sempre.

“Eu faço normalmente por causa do meu trabalho, mas quando eu vou sair com meu marido também costumo procurar o salão e pedir um socorro de última hora. A gente que é mulher não tem como sair sem o cabelo estar arrumado ou sem a unha feita”, relata a operadora de caixa.

Os serviços que Cleide mais procura são unha e escova progressiva, com uma frequência de quinze em quinze dias ou em uma semana sim e outra não.

Clientes como Cleide ajudam a ilustrar a importância que os salões têm para a economia do país. O mercado de beleza e cuidados pessoais do Brasil é o 4º maior do mundo, ficando atrás apenas de EUA, China e Japão.

Apenas em 2021, esse mercado movimentou no Brasil mais de 23 bilhões de dólares, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Ou seja, é um dos setores que mais movimentam dinheiro no Brasil, conclui a economista Luciana Tamburini.

Fonte: O São Gonçalo