entenda como estão as investigações sobre os casos registrados no Rio


Registrados em diversos pontos do Brasil, os casos de “vacina de vento”, quando o imunizante contra a Covid-19 acaba não sendo aplicado de fato nos pacientes, representam mais um receio para as famílias em meio à pandemia. Até o momento, só no estado do Rio, são pelo menos quatro ocorrências do gênero sendo investigadas pela Polícia Civil, por conselhos de classe ou pelas prefeituras. Veja, abaixo, os detalhes sobre cada uma dessas situações.

Fachada do centro de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana
Fachada do centro de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana Foto: Marcos Nunes/Agência O Globo

TÉCNICA AFASTADA EM COPACABANA

O caso mais recente veio à tona nesta quinta-feira, mas aconteceu no dia 27 de janeiro, em Copacabana. A técnica de enfermagem Adenilde Lourenço da Silva, do Centro de Saúde João Barros Barreto, acabou afastada pela Secretaria municipal de Saúde (SMS) depois que a filha de uma idosa vacinada constatou, no vídeo feito durante o recebimento da dose, que a seringa estava vazia ou com uma quantidade mínima de líquido. Diante da dúvida, a SMS anunciou que a paciente teve o imunizante reaplicado e abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.

Adenilde chega à delegacia para depor
Adenilde chega à delegacia para depor Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Civil também investiga o caso, em um inquérito no qual a profissional responde por possível peculato – tipo de crime no qual um funcionário público se apropria ou extravia bens graças à funcão exercida, com pena que pode variar de 2 a 12 anos de prisão. A técnica de enfermagem prestou depoimento nesta quinta-feira e responsabilizou uma residente pelo caso.

MULHER INDICIADA POR CASO EM NITERÓI

Outro caso, ocorrido na última segunda-feira, resultou no primeiro indiciamento no país por conta de “vacinas de vento”. Encaminhada nesta quinta-feira ao Judiciário, a investigação da 76ª DP (Niterói) enquadrou a técnica de enfermagem Rozemary Gomes Pita, de 42 anos, que trabalhava em um posto drive-thru no Gragoatá, pelo crime de peculato e também no de infração de medida sanitária, este último com pena máxima de 1 ano de prisão. Assim como no flagrante em Copacabana, uma pessoa filmou a suposta aplicação da vacina em um idoso de 90 anos e, com as imagens, constatou a irregularidade.

Idoso de 90 anos recebeu uma agulhada sem imunizante em Niterói
Idoso de 90 anos recebeu uma agulhada sem imunizante em Niterói Foto: Reprodução

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A profissional chegou a alegar que cometeu um erro por conta do cansaço. Para a polícia, porém, ela agiu intencionalmente. “Como uma profissional experiente vai justificar o motivo de não ter apertado o êmbolo de uma seringa na hora da aplicar a vacina?”, pergunta o delegado Luiz Henrique Marques Pereira, titular da 76ª DP. “É provável que esse material seria desviado, talvez até aplicado em outra pessoa, algo realmente muito grave”, completa o policial. A profissional foi afastada pela Secretaria de Saúde de Niterói assim que o caso veio a público. O Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren-RJ) também apura o ocorrido.

Injeção aplicada em idosa estava vazia
Injeção aplicada em idosa estava vazia Foto: Reprodução/TV Globo

EM PETRÓPOLIS, FUNCIONÁRIA ‘ORIENTADA A NÃO FALAR’

Na sexta-feira da semana passada, dia 12 de fevereiro, foi Petrópolis, na Região Serrana, que ganhou as manchetes por conta de uma denúncia do gênero. Um vídeo, que viralizou nas redes sociais, mostrou uma idosa de 94 anos recebendo uma dose de ar, sem que o imunizante estivesse no êmbulo. Ouvida pela prefeitura, a técnica de enfermagem responsável pela aplicação garantiu que “não percebeu o problema” e assegurou que o ato “não foi intencional, mas sim um “problema com a seringa”. Localizada por “O Globo” em uma cidade próxima de Petrópolis, dois dias depois do ocorrido, a profissional disse ter sido orientada a não falar sobre o caso.





Fonte: G1