Em nova vistoria, duas semanas depois, jaulas do zoológico do Rio estão sem tapumes


Quase duas semanas após uma vistoria surpresa da Comissão de Saúde Animal da Câmara de Vereadores encontrar animais em jaulas cobertas por placas de metal no zoológico do Rio, uma nova vistoria de parlamentares, desta vez anunciada, encontrou um cenário diferente: os tapumes que antes fechavam os recintos de bichos como leão, tigre e urso-pardo foram retirados. Também não havia barulho das máquinas que trabalham nas obras.

Na terça-feira, quase todas as placas metálicas haviam sido retiradas
Na terça-feira, quase todas as placas metálicas haviam sido retiradas Foto: Márcia Foletto / Extra

A visita dos vereadores da CPI do Zoo, que apura supostas irregularidades na concessão do jardim zoológico, teve como objetivo checar as condições em que estão sendo mantidos os bichos. Para o vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL), membro da CPI e presidente da Comissão de Saúde Animal, a “casa foi arrumada” para a visita dos parlamentares.

Na vistoria do dia 1º, tapumes cobriam grades, transformando jaulas e caixas quase fechadas
Na vistoria do dia 1º, tapumes cobriam grades, transformando jaulas e caixas quase fechadas Foto: Divulgação da Câmara Municipal do Rio / 1º.10.2020

— É claro que o layout que estamos vendo hoje não é o mesmo, a tendência é que a obra seja acelerada e vários pontos sejam entregues, mas esse ambiente de hoje não traduz o que encontramos em novembro do ano passado e em 1º de outubro deste ano, quando viemos de surpresa. Hoje (ontem) está muito silencioso, com poucos funcionários e equipamentos — afirmou o parlamentar: — As visitas surpresas pegam a “casa” como ela é, e não o ambiente maquiado tentando se disfarçar para atenuar os danos que causam aos animais. Esta visita foi anunciada pela Câmara com no mínimo duas uma semana de antecedência.

Como o EXTRA mostrou ontem, além de barulho de maquinário de obras e poeira, a vistoria do último dia 1º do vereador Dr. Marcos Paulo, encontrou animais como leão, tigre e ursos em recintos cercados por tapumes. Ontem, na nova visita ao zoológico, a maior parte das estruturas havia sido retirada. Só foram mantidas na área onde fica um casal de ursos-pardos. Segundo a direção do BioParque — novo nome do zoológico —, as estruturas estavam sendo usadas para minimizar o estresse dos animais com as obras, mas as intervenções no local já foram concluídas.

— Os tapumes foram retirados porque naquele pedaço a obra encerrou. Eram obras de contenção, de retoque de pedras, passavam caminhões, gente, então os animais precisavam ser preservados — justificou o diretor-geral do parque, Manoel de Paula.

De acordo com técnicos do BioParque, o maquinário utilizado nas obras funciona em períodos do dia que não coincidem com os momentos de alimentação dos animais, e os ruídos emitidos não ultrapassam 50 decibéis. Por conta das denúncias de irregularidades, a empresa entregou à comissão cerca de duas mil páginas de documentos relativos à obra e ao manejo dos bichos.

— Vamos analisar os documentos, emitir um parecer e convocar representantes da Fundação RioZoo e da concessionária para prestar esclarecimentos sobre o atraso nas obras e as condições dos animais — afirmou o vereador Luiz Carlos Ramos Filho (PMN), membro da CPI e presidente da Comissão de Direitos dos Animais.

Fim das obras até 15 de dezembro

No início deste ano, o Grupo Cataratas, que administra o zoo, informou que a inauguração do BioParque era prevista para julho, mas as obras, iniciadas em 2018, ficaram suspensas entre março e setembro por conta da pandemia. Agora, devem ser concluídas até 15 de dezembro. A partir daí, começará um período de adaptação para os animais, que serão introduzidos nos novos recintos.

— A previsão é 15 de dezembro para terminar todas as instalações. Então, vamos transferir os animais daquelas pequenas gaiolas, espaços em que estavam adaptados, para recintos maiores. A área técnica vai dizer quando poderemos reabrir ao público — diz Manoel de Paula, diretor-geral do parque.

Cerca de 80% da obra já estão concluídos. Há cerca de um mês, o viveiro de aves já tem espécies como araras azuis, vermelhas e canindés, assim como tucanos-de-papo-branco. O de répteis também está pronto.

As áreas dos felinos e dos ursos estão sendo finalizadas. O “Aventura Selvagem”, que vai receber representantes da fauna africana, ainda está em obras.





Fonte: G1