Em meio à onda de calor no verão, medição de temperatura no Rio encontra percalços; entenda


Com apenas 31 estações meteorológicas no estado — sendo 11 convencionais e 20 automáticas — a medição de temperatura no Rio encontra diversos percalços. Um deles é a dificuldade de se fazer a medição em lugares em que os dados precisam ser coletados por algum meteorologista especializado, por exemplo.

Além disso, a eliminação de estações onde se espera que se bata recordes de temperatura durante o verão, como em Bangu e em Santa Cruz, na Zona Oeste, impossibilita que se tenham dados precisos sobre esses recordes durante as ondas de calor — o que explica, por exemplo, o fato de o recorde de temperatura do verão, 40,2 graus, ter sido registrado em Irajá, Zona Norte da cidade, no último dia 27 de janeiro, pelo Sistema Alerta Rio. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), registrou o recorde como sendo de 37,3 graus, no dia 18 de janeiro, na Vila Militar, Zona Oeste carioca.

— O fato de a gente não divulgar mais Bangu é porque nós não temos estação lá, na antiga fábrica de tecidos, desde que ela foi desativada em 2004 para a construção do shopping. Bangu não deixou de ser quente, não, e nem Santa Cruz, que também perdeu a estação que funcionava dentro da Cedae por falta de pessoal, pois muitos se aposentaram — explica a meteorologista do Inmet Marlene Leal. — Realengo é uma que existe e que não está operando porque a funcionária, por conta da idade, está afastada. A de Teresópolis, que é convencional, só está funcionando porque a pessoa mora no local.

Verão: termômetro digital, diferente dos usados por meteorologistas, marcou 39 graus em Bangu na semana passada
Verão: termômetro digital, diferente dos usados por meteorologistas, marcou 39 graus em Bangu na semana passada Foto: Fabiano Rocha em 28-1-2021 / Agência O Globo

Outros lugares que também apresentam temperaturas bem elevadas, como Méier e Engenho de Dentro, também perderam as suas estações. Assim, somente as que têm medição automática acabam fazendo parte da análise. O Centro do Rio, por exemplo, não possui de nenhum tipo.

De acordo com o Inmet, uma estação técnica ideal precisa seguir as orientações da Organização Meteorológica Mundial (OMM): ser instalada em um local gramado e afastado de obstáculos para se ter um valor mais fiel possível para a instalação do abrigo meteorológico, sempre de cor branca e com venezianas. Além disso, precisa existir uma distância de 15 quilômetros entre cada estação, que daria 84 ao todo.

— A gente está tentando colocar mais estações automáticas, mas, por conta da pandemia, está difícil pela dificuldade de manutenção e da troca de baterias — informou Marlene.

Ainda de acordo com o instituto, a região da Restinga Marambaia, em Mangaratiba, na Região Metropolitana, e a da Vila Militar, estão alternando entre as temperaturas mais altas do verão. Pela Zona Oeste, o clima se torna mais quente por conta dos maciços que criam as chamadas “ilhas de calor” na região. A arborização da Floresta da Tijuca faz com que a temperatura do maciço se reduza na Zona Norte, por exemplo.

— Nós colocamos aviso de onda de calor porque percebemos que a temperatura seria muito maior do que a média esperada para janeiro, de 34 graus, em alguns dias e bem acima disso, chegando a 40,2 no dia 30, na Vila Militar. Já no domingo, foi na Marambaia, com 38,6 graus — disse Marlene.

Essa onda de calor ficou vigente até esta terça-feira. Na quinta, quando o tempo mudará, o Rio também passará por bastante calor de novo, podendo até superar os 40,2 graus. No fim de semana, um canal de umidade da Amazônia que estava sobre a Região Sul vai incidir sobre o sudeste, trazendo nebulosidade, tempo fechado e chuva, com a temperatura caindo para entre 25 e 30 graus.





Fonte: G1